sábado, 21 de outubro de 2017

Perseguidos, torturados e mortos

É pouco ou nada divulgado! São muitas as razões sem razão para alimentar preconceitos e egoísmos pessoais, de grupo ou de país contra eles. Mas eles, humildes e humilhados, continuam a sofrer e vivem constantemente atribulados. São espoliados, presos e torturados, e, se porventura não forem mortos, lá permanecem dolorosamente fortes e firmes nas suas convicções, sem apontarem o dedo a tanta indiferença e dureza de coração, mas pedindo ajuda, incluindo a oração. A solidariedade para com estes nossos irmãos, porém, ou é pouca, ou não existe, e a fraternidade não se faz sentir. Mas é por Cristo que eles se deixam sofrer e matar e nos dão um testemunho silencioso, mesmo que à distância, de fidelidade corajosa, de coerência cristã, de seguimento sincero e quotidiano.

O mais recente relatório da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) sobre a perseguição aos Cristãos no mundo dá-nos a entender que nunca na História se verificou uma perseguição tão violenta contra um grupo religioso como nos tempos atuais. Esse grupo é o dos cristãos.

Num comunicado, para divulgação, do Departamento de Comunicação da Fundação AIS se nos dá conta que o relatório Intitulado “Perseguidos e Esquecidos?” demonstra que nos treze países analisados, a situação dos Cristãos deteriorou-se, o que significa que, “em muitos lugares, é a própria sobrevivência do Cristianismo que está em causa.

No Iraque, por exemplo, “o êxodo dos Cristãos é tão grave que uma das Igrejas mais antigas do mundo está em vias de desaparecer no prazo de três anos”. E o mesmo se passa na Síria. A derrota do Daesh, os jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico e de outros grupos que atuam no Médio Oriente, “constitui a última esperança” para os Cristãos “ameaçados de extinção”. Mas esta ameaça alastrou a outras paragens, a outros países, a outros protagonistas. No entanto, sempre com o mesmo denominador comum: o ataque deliberado contra as comunidades cristãs. Se no Médio Oriente a violência é exercida normalmente por grupos jihadistas, há casos em que os ataques contra a comunidade cristã são realizados pelo próprio Estado. Na China e na Coreia do Norte, por exemplo, a perseguição tem o próprio cunho do Estado. A situação vivida na Coreia do Norte, o regime mais hermético do mundo, é mesmo alarmante, havendo relatos em que se descrevem “atrocidades inimagináveis” sofridas pelos Cristãos em campos de concentração. São relatos de trabalhos forçados, tortura, perseguição, fome, violação, aborto forçado, violência sexual e morte extrajudicial.
Também em África há cada vez mais sinais de um extremismo religioso que afeta as comunidades cristãs. É o caso da Nigéria, onde o grupo terrorista Boko Haram, afiliado no autoproclamado Estado Islâmico, tem gerado uma onda de violência imensa, provocando mais de 1,8 milhões de refugiados ou deslocados.

O relatório “Perseguidos e Esquecidos?”, que compreende o período entre Agosto de 2015 e Julho de 2017, refere, como exemplo, a situação na Diocese de Kafanchan, na Nigéria, que nos últimos cinco anos sofreu duramente o terror deste grupo islamita com o assassinato de 988 pessoas e a destruição de 71 aldeias – na sua maioria cristãs –, assim como mais de 20 igrejas”.
No contexto do encerramento do centenário das Aparições da Senhora, em Fátima, a Fundação AIS, para além de outras iniciativas, através dos seus vinte e três secretariados internacionais procurou mobilizar as crianças de todo o mundo, incluindo as portuguesas, para um momento de oração pela paz, perseguindo, assim, o dito de São Pio de Pietrelcina: “Quando um milhão de crianças rezar o Rosário, o mundo mudará”. Já no ano passado, crianças de 69 países haviam participado em iniciativa semelhante de oração pela paz. De facto, Deus escolheu três crianças de entre o povo simples e pobre - de sete, nove e dez anos -, para divulgar este plano de paz para a humanidade. As crianças entenderam a mensagem da Senhora e jamais deixaram de rezar o terço “todos os dias”, “para obter a paz do mundo e o fim da guerra”. Trata-se de percorrer, diariamente, com Maria, os caminhos de Jesus, sem sentimentalismos estéreis ou vã credulidade, mas com fé viva e em fidelidade ao Evangelho que é oferecido aos humildes e contritos de coração e escondido aos soberbos.

Este ano, de novo, todos os cristãos de boa vontade foram convidados para este momento de oração que aconteceu no passado dia 18 de outubro, mobilizando, sem proselitismos, as crianças onde quer que elas se encontrassem, fosse nas escolas, infantários, hospitais, orfanatos, paróquias, movimentos… ou, claro, nas suas próprias casas, em família.

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Antonino Dias , Bispo de Portalegre- Castelo Branco
20-10-2017

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