segunda-feira, 30 de outubro de 2017

O NOSSO FUNDADOR - Dom Gérard Lafond OSB







O nosso Fundador, Dom Gérard Lafond OSB, Abade Emérito de S. Paul de Wisques, faleceu há 7 anos, em 31 de Outubro de 2010. Recordá-lo é ter presente a sua herança , que para nós é, sobretudo, mas não só, a Regra que nos legou. Esta, profundamente mariana, tem muito presente a inspiração beneditino-bernardiana, com características modernas do ideal cavaleiresco.
Dom Lafond, como era conhecido, nasceu em 30 de Setembro de 1926, tendo feito os seus estudos secundários no Liceu de Rouen. Fortemente imbuído de um espírito militante, com um grupo de jovens como ele, inspiram-se face a uma Europa destruída pela II Guerra Mundial, no ideal da Cavalaria medieval, adaptada aos novos tempos emergentes do pós-guerra. Assim, decidem procurar apoio e orientação no Mosteiro de S. Wandrille (Normandia) onde era Dom Abade, Dom Gontard. Este ouve-os e anima-os a seguir o seu ideal, que deveriam amadurecer e consolidar, garantindo-lhes, desde logo, todo apoio de que precisassem. Pouco tempo depois regressam a S. Wandrille, decididos a seguir uma nova via de apostolado laical. Como prometido, Dom Gontard acolhe-os e aceita-os como filhos espirituais de S. Bento no seu mosteiro normando. Nasce, assim, à sombra de um mosteiro beneditino, pela mão de um beneditino e fortemente imbuída do espírito da Regra do Santo Pai e Padroeiro da Europa, a Militia Sanctae Mariae, que depois, no XV Capítulo Geral, que decorreu em Chartres (França), em 12 de Agosto de 1972 adoptou a designação que se mantém: Militia Sanctae Mariae – cavaleiros de Nossa Senhora.
Entretanto, Gérard Lafond, um jovem universitário, em 20 de Julho de 1948, entra como noviço no mosteiro de S. Wandrille onde, em 25 de Março de 1950 faz a sua profissão monástica e em 25 de Julho de 1955, é ordenado sacerdote. Dadas as suas altas capacidades intelectuais, o agora monge beneditino, faz os seus estudos superiores. Primeiro no Instituto Católico de Paris onde faz o seu Mestrado em Teologia. Depois, vai para Roma, para o Instituto Bíblico para fazer o Mestrado em Sagrada Escritura (1965). Com esta magnífica formação superior, Dom Lafond volta ao seu mosteiro e aí, de 1965 a 1985 é professor de Sagrada Escritura aos jovens monges e assume as funções monásticas de Bibliotecário. Neste período de tempo, ocupa-se com autorização do seu Abade da MSM e da formação bíblica para leigos que frequentam S. Wandrille. Em Dezembro de 1985 é nomeado Prior Administrador do mosteiro de S. Paul de Wisques até que em 1988 é eleito 4º Dom Abade deste mosteiro, serviço que vai desempenhar até 3 de Fevereiro do ano 2005, ano em que resigna do serviço abacial, mas não do seu serviço à Igreja. Como Dom Abade Emérito funda e dirige um grupo de intelectuais de várias formações académicas e científicas, em estreita colaboração com o Conselho Pontifício para a Cultura. É o “Novo Olhar”, grupo de “buscadores de sentido” e de “buscadores de Deus”. Deste grupo sai a sua última obra, que já não vê pois a edição de “Pour un Nouveau Regard” chegou ao seu mosteiro no dia seguinte ao da sua morte, 31 de Outubro de 2010. Esta é uma obra de um grande intelectual sempre preocupado e ocupado em “alargar cá em baixo as fronteiras do Reino de Deus” ou como disse numa entrevista, a propósito deste projecto: “Ao olhar fragmentado sobre um mundo fragmentado deveria substituir-se um olhar unificado sobre um mundo em comunhão.” (1 de Março de 1997).
Dom Gérard Lafond foi um autor muito prolífico. Escreveu muitas cartas, textos de opinião/formação para os freires da MSM, alguns deles compilados no livro “Cavalaria de Ontem e de Hoje” ou “Princípios para uma Nova Cavalaria”. Sempre que era autorizado pelo seu Abade de S. Wandrille, participava nos Capítulos anuais da MSM para com a sua presença construtiva orientar os seus filhos espirituais e amigos.
Em 1995 entregou-nos o que se pode chamar de “Testamento Espiritual” ou “Mensagem de Chartres” em que procurou fazer uma avaliação desta sua filha, a MSM, e indicar-lhe caminhos de renovação na fidelidade absoluta à Igreja e atenta aos novos sinais do mundo.
A presença de Dom Lafond era um estímulo muito forte pelo seu pensamento, pela sua devoção ardente a Nossa Senhora (em 1982 fez a consagração ao Imaculado Coração de Maria da sua MSM, texto que foi lido na Catedral de Chartres em 15 de Agosto e, posteriormente, e a seu pedido, entregue no santuário de Fátima), pela tenaz fidelidade ao Papa, à Liturgia bem celebrada (aceitou de coração aberto o Novo Ordo Missae, contra a opinião de alguns membros da MSM mais conservadores, o que trouxe o afastamento destes) e sempre preocupado pela necessidade de se estar atento e interventivo aos sinais dos tempos.
Em 31 de Outubro de 2010 deixou-nos, mas a sua presença ficou entre nós, sobretudo para os que tiveram a graça de ter convivido com ele e escutado o seu pensamento.
Em 11 de Agosto de 1979, em Chartres, escreveu o Prefácio à edição portuguesa da Regra que a MSM segue, apoiada nas Constituições que aprovou.
Dom Gérad Lafond partiu ficando e ficou partindo. Paz à sua alma. Eterna gratidão dos seus “filhos espirituais”.

Braga, 30 de Outubro de 2017
O Mestre e primeiro servidor da MSM
Carlos Aguiar Gomes
(Miles – pauper et peccator)

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... aqui e agora: Dom Lafond, fundador da Militia Sanctae Mariae mor...: Dom Lafond, OSB, fundador da Militia Sanctae Mariae , morreu há 7 anos (31 de Outubro de 2010). Deixou-nos a nossa Militia Sanctae Mariae ...

Dom Lafond, fundador da Militia Sanctae Mariae morreu há 7 anos

Dom Lafond, OSB, fundador da Militia Sanctae Mariae, morreu há 7 anos (31 de Outubro de 2010).

Deixou-nos a nossa Militia Sanctae Mariae: mariana, cavaleiresca e filiada na tradição de S. Bento e de S. Bernardo.

Rezemos por Dom Lafond e agradeçamos a Deus, por Nossa Senhora, por no-lo ter dado como Fundador.

www.msm-portugal.org


domingo, 29 de outubro de 2017

Conciliação trabalho/Família


No actual momento da humanidade, particularmente no chamado Ocidente, devem-se expressar, de forma muito esquemática, algumas pistas que devem merecer particular atenção aos cidadãos engajados na “res publica” e aos cristãos de forma muito particular:

1. A situação da Família, como comunidade estruturante da sociedade, atravessa uma das maiores crises de que há memória na história da humanidade. Um verdadeiro tufão varre a Família, perante a indiferença geral face à tempestade, parecendo esta, muito frequentemente, um montão de ruínas;

2. Alguns referentes a propósito (Portugal):

- a taxa de natalidade, desde 1980, não tem cessado de cair. Estamos em mínimos catastróficos (1,36);

- a taxa de divorcialidade é das maiores do mundo (70%);

- a chamada recomposição familiar cavalga a sociedade, num verdadeiro labirinto de relações frequentemente complicadas perante um relativismo incrível (“Agora é assim. E pronto. Temos de ir com os tempos!”);

- a esperança de vida está, e ainda bem, a aumentar. Os velhos são cada vez mais e a durar muito mais tempo (e até um político teve a “lata” de lhes chamar “a peste grisalha”!);

- a imposição legal da equiparação de formas de convivialidade homossexual ao casamento;

- a promoção legislativa da chamadas “barrigas de aluguer”, onde a muitas crianças é negado o direito de um dia virem a saber quem é o seu Pai e, talvez mesmo a sua Mãe;

- a promoção , como lei, da “Teoria do Género” que apaga a importância das diferenças entre homem e mulher que existem para a complementaridade;

- O aumento das doenças degenerativas está em progressão acelerada;

- cada vez mais há idosos mais isolados da sua família que, em número muito significativo, estão mais afastados do(s) filho(s), quando o(s) há;

- a população residente tem caído assustadoramente, prevendo-se que em pouco tempo seremos metade de hoje;

- o consumismo e imediatismo hedonista prevalecem sobre todos os valores;

- desde há décadas que os políticos e os “fazedores de opinião” se têm ocupado na promoção de políticas anti-natalistas e pró-abortivas. Agora, estão ocupados com o “género”, com a “Teoria do Género” bem destruidora da nossa cultura;

- a sociedade, a nível micro e macro, não está a dar respostas atempadas;

- as IPSS estão estranguladas por um Estado que cada vez mais contribui menos e se torna muito exigente sem contrapartidas;

- o capitalismo selvagem e sem rosto é hoje um verdadeiro esclavagista, sem respeito pela vida das famílias;

- e basta olhar à nossa roda para perceber que este elenco está pobre.

… Perante esta radiografia deficiente, que se espera dos decisores políticos, culturais e económicos?

Que, segundo o sagrado princípio da subsidiariedade, sejam capazes de, efectivamente, promoverem, apoiarem e defenderem uma cultura respeitadora da vida e da Família, sobretudo na sua estrutura natural, apoiando sem reservas as IPSS que estão no terreno, em contacto directo com as realidades.

Que as entidades empregadoras respeitem, sem reservas, o direito de os Pais (Pai e Mãe) terem o tempo adequado para os seus velhos, crianças e adolescentes, paguem os justos salários e se abram ao mecenato social que não tem expressão entre nós. Lamentavelmente. Contrariamente ao mecenato ao futebol.

Aqui ficam alguns indicadores para possível reflexão e acção.

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Carlos Aguiar Gomes
(O autor não acata o chamado AO)

Cristãos pelo Ambiente - Arbutus unedo


A Igreja, desde sempre, usa plantas (oliveira, incenso, etc…) como "instrumentos" de muitos sacramentais.

Em S. Bento da Porta Aberta (Rio Caldo - Terras de Bouro), por exemplo, havia, ainda em 1947, a tradição de os peregrinos levarem um pequeno ramo de Medronheiro – Arbutus unedo – no final da grande romaria de Agosto, como sinal da sua participação nas festividades (cf. Doutor Molho de Faria in "S. Bento da Porta Aberta", pág. 188, edição da Irmandade, 1947).

Esta espécie é das raras plantas em que floração e maturação dos frutos é simultânea, podendo ser considerada um símbolo do compromisso dos freires da MSM em abrir-se ao futuro (simbolizado pelas flores) no presente (os frutos que abrem para o futuro contido nas sementes). Além disso, a flor aparece, qual anúncio de Primavera, quando o Outono entra em declínio anunciando Inverno, podendo ser interpretado como um sinal da Esperança em dias cinzentos e frios em que a Evangelização se torna difícil.

Aquele arbusto é uma espécie autóctone, outrora abundante na região e que importa preservar e dar a conhecer pelas suas diversas utilizações.

Considerando a importância da Militia Sanctæ Mariæ – cavaleiros de Santa Maria tem vindo a dar à preservação e valorização da biodiversidade.

A MSM compromete-se a colaborar numa replantação desta espécie da flora.

Além disso, nas cerimónias da MSM irá usar como hissope (com origem na utilização de uma planta e de onde retira o nome) um pequeno ramo de Medronheiro nas aspersões de água benta.



segunda-feira, 23 de outubro de 2017

Holy Wins



Longe de ser uma festa triste a celebração dupla de Todos os Santos e dos fiéis defuntos é marcada por um tom alegre a ser entendido à luz do acontecimento da Páscoa.

A tradição popular não faz, porém, alarde desta alegria. Se a ocasião propicia o reencontro da família, muitas vezes, a verdade é que a comemoração dos fiéis defuntos começa no dia 1 de Novembro, com a ida ao cemitério e às vezes poderá não ser "o dia" da família dos Santos e Felizes.

Seria importante a distinção das duas celebrações para melhor se compreender o significado de cada uma.

Ah! Esperemos que os fiéis sejam capazes de contrapor um “Holy Wins” (a Santidade ganha) ao “Halloween” cada vez mais popular, lembrando aquilo que Deus quer para cada um.


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Pe Paulo Emanuel Martins Dias

sábado, 21 de outubro de 2017

Perseguidos, torturados e mortos

É pouco ou nada divulgado! São muitas as razões sem razão para alimentar preconceitos e egoísmos pessoais, de grupo ou de país contra eles. Mas eles, humildes e humilhados, continuam a sofrer e vivem constantemente atribulados. São espoliados, presos e torturados, e, se porventura não forem mortos, lá permanecem dolorosamente fortes e firmes nas suas convicções, sem apontarem o dedo a tanta indiferença e dureza de coração, mas pedindo ajuda, incluindo a oração. A solidariedade para com estes nossos irmãos, porém, ou é pouca, ou não existe, e a fraternidade não se faz sentir. Mas é por Cristo que eles se deixam sofrer e matar e nos dão um testemunho silencioso, mesmo que à distância, de fidelidade corajosa, de coerência cristã, de seguimento sincero e quotidiano.

O mais recente relatório da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre (AIS) sobre a perseguição aos Cristãos no mundo dá-nos a entender que nunca na História se verificou uma perseguição tão violenta contra um grupo religioso como nos tempos atuais. Esse grupo é o dos cristãos.

Num comunicado, para divulgação, do Departamento de Comunicação da Fundação AIS se nos dá conta que o relatório Intitulado “Perseguidos e Esquecidos?” demonstra que nos treze países analisados, a situação dos Cristãos deteriorou-se, o que significa que, “em muitos lugares, é a própria sobrevivência do Cristianismo que está em causa.

No Iraque, por exemplo, “o êxodo dos Cristãos é tão grave que uma das Igrejas mais antigas do mundo está em vias de desaparecer no prazo de três anos”. E o mesmo se passa na Síria. A derrota do Daesh, os jihadistas do autoproclamado Estado Islâmico e de outros grupos que atuam no Médio Oriente, “constitui a última esperança” para os Cristãos “ameaçados de extinção”. Mas esta ameaça alastrou a outras paragens, a outros países, a outros protagonistas. No entanto, sempre com o mesmo denominador comum: o ataque deliberado contra as comunidades cristãs. Se no Médio Oriente a violência é exercida normalmente por grupos jihadistas, há casos em que os ataques contra a comunidade cristã são realizados pelo próprio Estado. Na China e na Coreia do Norte, por exemplo, a perseguição tem o próprio cunho do Estado. A situação vivida na Coreia do Norte, o regime mais hermético do mundo, é mesmo alarmante, havendo relatos em que se descrevem “atrocidades inimagináveis” sofridas pelos Cristãos em campos de concentração. São relatos de trabalhos forçados, tortura, perseguição, fome, violação, aborto forçado, violência sexual e morte extrajudicial.
Também em África há cada vez mais sinais de um extremismo religioso que afeta as comunidades cristãs. É o caso da Nigéria, onde o grupo terrorista Boko Haram, afiliado no autoproclamado Estado Islâmico, tem gerado uma onda de violência imensa, provocando mais de 1,8 milhões de refugiados ou deslocados.

O relatório “Perseguidos e Esquecidos?”, que compreende o período entre Agosto de 2015 e Julho de 2017, refere, como exemplo, a situação na Diocese de Kafanchan, na Nigéria, que nos últimos cinco anos sofreu duramente o terror deste grupo islamita com o assassinato de 988 pessoas e a destruição de 71 aldeias – na sua maioria cristãs –, assim como mais de 20 igrejas”.
No contexto do encerramento do centenário das Aparições da Senhora, em Fátima, a Fundação AIS, para além de outras iniciativas, através dos seus vinte e três secretariados internacionais procurou mobilizar as crianças de todo o mundo, incluindo as portuguesas, para um momento de oração pela paz, perseguindo, assim, o dito de São Pio de Pietrelcina: “Quando um milhão de crianças rezar o Rosário, o mundo mudará”. Já no ano passado, crianças de 69 países haviam participado em iniciativa semelhante de oração pela paz. De facto, Deus escolheu três crianças de entre o povo simples e pobre - de sete, nove e dez anos -, para divulgar este plano de paz para a humanidade. As crianças entenderam a mensagem da Senhora e jamais deixaram de rezar o terço “todos os dias”, “para obter a paz do mundo e o fim da guerra”. Trata-se de percorrer, diariamente, com Maria, os caminhos de Jesus, sem sentimentalismos estéreis ou vã credulidade, mas com fé viva e em fidelidade ao Evangelho que é oferecido aos humildes e contritos de coração e escondido aos soberbos.

Este ano, de novo, todos os cristãos de boa vontade foram convidados para este momento de oração que aconteceu no passado dia 18 de outubro, mobilizando, sem proselitismos, as crianças onde quer que elas se encontrassem, fosse nas escolas, infantários, hospitais, orfanatos, paróquias, movimentos… ou, claro, nas suas próprias casas, em família.

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Antonino Dias , Bispo de Portalegre- Castelo Branco
20-10-2017

O que é o Dia de Todos-os-Santos

O que é o Dia de Todos-os-Santos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre

A festa do dia de Todos-os-Santos é celebrada em honra de todos os santos e mártires, conhecidos ou não. A Igreja Católica celebra a Festum omnium sanctorum a 1 de Novembro seguido do dia dos fiéis defuntos a 2 de Novembro. A Igreja Ortodoxa celebra esta festividade no primeiro domingo depois do Pentecostes, fechando a época litúrgica da Páscoa.

História


O dia de Todos-os-Santos foi instituído com o objectivo de suprir quaisquer faltas dos fiéis em recordar os santos nas celebrações das festas ao longo do ano. Esta tradição de recordar (fazer memória) os santos está na origem da composição do calendário litúrgico, em que constavam inicialmente as datas de aniversário da morte dos cristãos martirizados como testemunho pela sua fé, realizando-se nelas orações, missas e vigílias, habitualmente no mesmo local ou nas imediações de onde foram mortos, como acontecia em redor do Coliseu de Roma. Posteriormente tornou-se habitual erigirem-se igrejas e basílicas dedicadas em sua memória nesses mesmos locais.

O desenvolvimento da celebração conjunta de vários mártires, no mesmo dia e lugar, deveu-se ao facto frequente do martírio de grupos inteiros de cristãos e também devido ao intercâmbio e partilha das festividades entre as dioceses/paróquias por onde tinham passado e se tornaram conhecidos. A partir da perseguição de Diocleciano o número de mártires era tão grande que se tornou impossível designar um dia do ano separado para cada um. O primeiro registo (Século IV) de um dia comum para a celebração de todos eles aconteceu em Antioquia, no domingo seguinte ao de Pentecostes, tradição que se mantém nas igrejas orientais.

Com o avançar do tempo, mais homens e mulheres se sucederam como exemplos de santidade e foram com estas honras reconhecidos e divulgados por todo o mundo. Inicialmente apenas mártires (com a inclusão de São João Baptista), depressa se deu grande relevo a cristãos considerados heróicos nas suas virtudes, apesar de não terem sido mortos. O sentido do martírio que os cristãos respeitam alarga-se ao da entrega de toda a vida a Deus e assim a designação "todos os santos" visa celebrar conjuntamente todos os cristãos que se encontram na glória de Deus, tenham ou não sido canonizados (processo regularizado, iniciado no Século V, para o apuramento da heroicidade de vida cristã de alguém aclamado pelo povo e através do qual pode ser chamado universalmente de beato ou santo, e pelo qual se institui um dia e o tipo e lugar para as celebrações, normalmente com referência especial na missa).


Intenção catequética da festividade


Segundo o ensinamento da Igreja, a intenção catequética desta celebração que tem lugar em todo o mundo, ressalta o chamamento de Cristo a cada pessoa para o seguir e ser santo, à imagem de Deus, a imagem em que foi originalmente criada e para a qual deve continuar a caminhar em amor. Isto não só faz ver que existem santos vivos (não apenas os do passado) e que cada pessoa o pode ser, mas sobretudo faz entender que são inúmeros os potenciais santos que não são conhecidos, mas que da mesma forma que os canonizados igualmente vêem Deus face a face, têm plena felicidade e intercedem por nós. O Papa João Paulo II foi um grande impulsionador da "vocação universal à santidade", tema renovado com grande ênfase no Segundo Concílio do Vaticano.

Nesta celebração, o povo católico é conduzido à contemplação do que, por exemplo, dizia o Cardeal John Henry Newman (Venerável ainda não canonizado): não somos simplesmente pessoas imperfeitas em necessidade de melhoramentos, mas sim rebeldes pecadores que devem render-se, aceitando a vida com Deus, e realizar isso é a santidade aos olhos de Deus.


Citações do Catecismo da Igreja Católica


957. A comunhão com os santos. «Não é só por causa do seu exemplo que veneramos a memória dos bem-aventurados, mas ainda mais para que a união de toda a Igreja no Espírito aumente com o exercício da caridade fraterna. Pois, assim como a comunhão cristã entre os cristãos ainda peregrinos nos aproxima mais de Cristo, assim também a comunhão com os santos nos une a Cristo, de quem procedem, como de fonte e Cabeça, toda a graça e a própria vida do Povo de Deus» [1].

«A Cristo, nós O adoramos, porque Ele é o Filho de Deus; quanto aos mártires, nós os amamos como a discípulos e imitadores do Senhor; e isso é justo, por causa da sua devoção incomparável para com o seu Rei e Mestre. Assim nós possamos também ser seus companheiros e condiscípulos!». Martyrum sancti Polycarpi 17, 3: SC 10bis, 232 (FUNK 1, 336).

1173. Quando a Igreja, no ciclo anual, faz memória dos mártires e dos outros santos, «proclama o mistério pascal» realizado naqueles homens e mulheres que «sofreram com Cristo e com Ele foram glorificados, propõe aos fiéis os seus exemplos, que a todos atraem ao Pai por Cristo, e implora, pelos seus méritos, os benefícios de Deus» [2].

2013. «Os cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade» [3]. Todos são chamados à santidade: «Sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito» (Mt 5, 48):

«Para alcançar esta perfeição, empreguem os fiéis as forças recebidas segundo a medida em que Cristo as dá, a fim de que [...] obedecendo em tudo à vontade do Pai, se consagrem com toda a alma à glória do Senhor e ao serviço do próximo. Assim crescerá em frutos abundantes a santidade do povo de Deus, como patentemente se manifesta na história da Igreja, com a vida de tantos santos» [4].

Notas
1. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 50: AAS 57 (1965) 56.
2. II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 104: AAS 56 (1964) 126; cf. Ibid., 108: AAS 56 (1964) 126 e Ibid., 111: AAS 56 (1964) 127.
3. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 40: AAS 57 (1965) 45.
4. II Concílio do Vaticano, Const. dogm. Lumen Gentium, 40: AAS 57 (1965) 45.

portal Cristo Jovem 2006


segunda-feira, 16 de outubro de 2017

INCÊNDIOS E BEM COMUM


Há rotinas que se tornam insuportáveis. Revoltam, mesmo.

A vaga de incêndios pavorosos que têm assolado o nosso país e as “tretas” dos políticos, sempre a mesma lenga-lenga, estão nesta situação: repetição de estudos, de projectos de gestão florestal e etc, etc. Pessoalmente já não suporto ouvir estes tipos nem, muito menos, este tipo de conversa fiada.

Todos os anos, Portugal é flagelado por incêndios sem paternidade! Será por procriação medicamente assistida em que se nega às crianças saber o nome do pai? Parece-me uma situação igual: há os incêndios mas… ignora-se a paternidade: incendiários, florestas selvagens e sem qualquer tipo de controlo nem ordenamento … Uma tristeza. Um crime. Morrem pessoas. Destrói-se a floresta. Aumenta-se a pegada de carbono. Arrasa-se a biodiversidade, acelera-se a erosão dos solos, inquinam-se as bacias hidrográficas e as albufeiras e contaminam-se os lençóis freáticos.

Entretanto, todos os anos, as matas não são limpas como a lei prevê com a desculpa tolerada de que custa muito dinheiro limpá-las, pois muitas destas propriedades florestais são de reduzida dimensão e não rendem para ser limpas, mas podem matar pessoas.

Sou adepto do direito à propriedade privada mas entendo e defendo que o BEM COMUM sobreleva o BEM PARTICULAR como defende a Doutrina Social da Igreja e está muito bem explicitado no pouco conhecido e estudado Compêndio da Doutrina Social da Igreja.

Assim, e sendo coerente com o meu pensamento, entendo e defendo que, por exemplo, se as matas não são limpas como devem, todos os anos, ou se aplicam coimas pesadas aos proprietários e a autarquia assume essa tarefa e despesa remetendo aos proprietários a factura do que despendeu por desinteresse dos donos, os primeiros responsáveis, para pagamento com carácter de urgência ou, na impossibilidade real de as não poderem limpar que sejam expropriadas para venda subsequente e se possa, assim, diminuir os minifúndios e tornar rentável e menos perigosa a floresta.

Esquecemos que a floresta pode ser uma fonte de rendimento (sem eucaliptos!), utilizando o plantio de espécies autóctones; pode ser uma mais valia no turismo (corremos o risco sério de espantarmos os turistas que procuram o campo por causa da nossa estupidez crónica relativamente às matas); será uma fonte de renovação da qualidade do ar; será um valor muito grande do ponto de vista cinegético; será uma forma barata de preservarmos a biodiversidade, será a forma mais fácil de impedirmos a erosão dos solos…

Volto ao meu ponto de vista: o BEM COMUM tem de prevalecer sobre o BEM PARTICULAR. O caso destes incêndios dá-me razão!

Também não podemos tolerar, de todo, que se abra a “época dos incêndios” como quem abre a época balnear ou das vindimas! Não pode haver “época de incêndios”, pois todo o ano deve ser ano de prevenção dos mesmos. E todo o ano TODOS temos de estar vigilantes e de sermos “guardiões da floresta”, da nossa floresta.

Estes incêndios tornam-me um revoltado contra a incúria e o desleixo a que estão votadas as florestas e da brandura com que são tratados os criminosos incendiários, onde se encontram sempre atenuantes sem respeito para quem morre. Para quem dá tudo para salvar a floresta.

Se estivesse num comício político (não corro esse risco!) terminaria assim: Vivam os Bombeiros!

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Carlos Aguiar Gomes

(O autor não acata o chamado AO)

sábado, 14 de outubro de 2017

DISCURSO DO PAPA FRANCISCO AOS PARTICIPANTES NA ASSEMBLEIA GERAL DOS MEMBROS DA PONTIFÍCIA ACADEMIA PARA A VIDA



DISCURSO DO PAPA FRANCISCO
AOS PARTICIPANTES NA ASSEMBLEIA GERAL 
DOS MEMBROS DA PONTIFÍCIA ACADEMIA PARA A VIDA




(...) A bênção divina da origem e a promessa de um destino eterno, que constituem o fundamento da dignidade de cada vida, são de todos e para todos. Os homens, as mulheres e as crianças da terra — são eles que formam os povos — constituem a vida do mundo que Deus ama e deseja salvar, sem excluir ninguém. (...)


Ler na integra: https://w2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2017/october/documents/papa-francesco_20171005_assemblea-pav.html

Magnificat (ton royal)

… Isto é “a" fim do Mundo



Quando era criança, na minha terra, ouvia, com frequência esta expressão que escolhi para título deste artigo, quando algo fugia do normal e atropelava as regras da moral (nesse tempo ainda havia esta noção!) ou do normal funcionamento da natureza. Ouvi e retive esta frase – súmula dos simples mas não "burros". De facto, ela simboliza, em última análise, um ataque e ofensa à normalidade coerente com a moral e as regras de funcionamento da natureza.

A Biologia ensina-nos que o Homo sapiens, o ser humano, é gonocórico ou seja, nesta espécie animal, em nós, os humanos
, os gâmetas masculinos ou femininos são produzidos por indivíduos diferentes e, por isso, distinguem-se do ponto de vista morfofisiológico, hormonal, cromossómico, etc. Há um ELE e uma ELA. Desde a concepção. Formam um par binário e complementar. É da sua natureza. Complementares. E não há outra alternativa a esta dualidade. Porém, a nossa sociedade está a ser atravessada por uma corrente ideológica que ganhou foros de invasora e predadora da própria natureza humana. Persecutória de quem a não defende, apesar de as verdadeiras Ciências, como a Biologia, o confirmarem. A espécie humana não tem o neutro: nem homem nem mulher. Não há nela cinzento. Ele e Ela só.

Para destruir esta dualidade natural, introduziram a diferença entre sexo e género, como nada tendo a ver um com o outro. Assim, apresentam-nos, agora, um cardápio tão rico de géneros em que será difícil cada um de nós não se inscrever, independentemente da nossa morfologia, património genético, manifestações secundárias da nossa sexualidade, etc

Tudo se resume e é administrado, agora, pela chamada “ autodeterminação “. Se alguém decide que é homem, sendo mulher, autodeterminou-se e deixou de ser mulher para ser homem. E a lei tem de contemplar esta “ autodeterminação “ soberana. Ai de quem diga o contrário!

Mas a situação complica-se, com a catalogação do género. Já vamos em … 56 diferentes. Deixa de haver homem e mulher para haver 56 tipos diferentes! Fui procurar saber pormenores que aqui deixo e que encontrei em busca na Google, na entrada "Tipos de Género":

  1. Agénero, quem não se identifica com nenhum género;
  2. Andrógino, uma espécie de terceiro sexo. Nem só homem mas também não só mulher;
  3. Bigénero, alguém que se identifica simultaneamente como homem e mulher;
  4. Mulher cis ou Mulher cisgénero, que se apresenta como mulher que é;
  5. Homem cis ou homem cisgénero, que se apresenta como homem que é;
  6. Duplo espírito, os que apresentam características masculinas e femininas (será o caso de mulheres barbudas e de homens de face glabra?);
  7. Genderqueer, quem quer ficar fora de qualquer classificação, nem mulher nem homem;
  8. Género fluido, quem varia consoante o seu humor de um para outro e vice-versa;
  9. Homem para mulher, nasceu “ aprisionado” num corpo masculino mas vive como uma mulher;
  10. Mulher para homem, nasceu “ aprisionado” num corpo feminino mas vive como homem;
  11. Género em dúvida, quem não descortina onde se “ encaixa”;
  12. … 56.
Por isso, e por causa desta variabilidade, e por enquanto, é moda, os discursos e conversas do «politicamente correcto» massacrarem-nos com atropelos à língua portuguesa e ao bom senso deste tipo corrente de linguagem. Um exemplo: Caros (caras) amigos (amigas): Estamos aqui reunidos (reunidas) para saber qual dos eleitores, das eleitoras está disponível para ser o (a) próximo (a) presidente (presidenta) desta assembleia. Os (as) candidatos (as) que se apresentem para vermos quem é o (a) mais votado (a)

Depois vai mudar o nome de Cartão de Cidadão, por não dizer explicitamente cidadã! No Registo civil, o (a) progenitor A ou o B não pode declarar se o ser acabado de nascer é masculino ou feminino, pois, a partir dos 16 anos irá escolher onde se vai meter na lista que, como disse acima, já vai em 56 tipos diferentes (por agora!), pois, caso contrário, porá os progenitores A e B em tribunal pois forçou/ forçaram a pobre criancinha a ter um género que ele não quer, apesar de, por exemplo, de ter a sua “pilinha” bem formada, no sítio, visível, de começar a ter barba e pelos diversos e a voz a mudar de afinação! Na escola, os professores terão que ter muito cuidado com a língua! Sempre será melhor tratar os (as) alunos (alunas) pelo número despersonalizante e despersonalizador. Que problemas irão ter os Padres católicos no Baptismo, nos Seminários…

E ainda por cima, ninguém traz letreiro a dizer como deve ser tratado(a)…Como «politesse oblige», proponho que passe a ser obrigatório um letreiro na testa para não se ofender ninguém., dizendo : “SOU … Cuidado como se dirige a mim”

… E não aborreço mais os meus leitores.

… isto é a “fim” do mundo!


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Carlos Aguiar Gomes, homem cisgénero, uma por... Homem e chega!

(O autor também não acata o chamado AO)

Algumas regras de respeito a observar no interior das igrejas

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