sábado, 24 de março de 2018

A OPÇÃO BENEDITINA

Pelo final do século V, o Império Romano estava em ruínas. Enfraquecida desde dentro pela corrupção, pela opulência, pela luxúria e pelo comodismo, a cidade de Roma foi, durante boa parte do século, violentamente invadida por povos estrangeiros.

O Império foi à falência, tanto moral quanto financeiramente, e, por volta do ano 500, Bento — um jovem nobre da cidade de Núrsia — decidiu que a melhor coisa que poderia fazer era subir para as montanhas e tornar-se eremita. Primeiro, ele foi a Subiaco e viveu em uma caverna, onde foi orientado por um monge mais velho. Finalmente, mudou-se para o sul, em Monte Cassino, onde estabeleceu pequenas comunidades de homens e mulheres que pudessem seguir uma vida simples e digna de trabalho, estudo e oração.

G. K. Chesterton diz que cada século é salvo pelo santo que lhe é mais contrário. A simplicidade monástica de São Bento era justamente a resposta de que a corrupção e a opulência do decadente Império Romano precisavam. Ele respondeu à luxúria com a pureza, à avareza com a simplicidade, à ignorância com a sabedoria, à decadência com a diligência e ao cinismo com a fé. Suas comunidades nas montanhas se tornaram faróis em uma época de trevas e um refúgio para as tempestades que estavam prestes a cair.

Vale a pena lembrar o exemplo de Bento hoje, quando muitos veem aproximar-se as mesmas tempestades do que parece ser a derrocada da civilização ocidental. Quando consideramos o fim que levou a Roma pagã, os paralelos são sensivelmente similares.

Também a nossa cultura está enfraquecida desde dentro por incríveis opulência, luxúria e sensualidade. Como os antigos romanos, a nossa sociedade mata os seus filhos que ainda não nasceram em um nível alarmante e também investe grandes montantes em máquinas militares para dominar o mundo. Nossos ricos “patrícios” reinam de seus templos de poder sem nenhuma preocupação com o povo, enquanto os “plebeus” comuns rangem os dentes com descontentamento cada vez maior. Também nós nos sentimos ameaçados por bárbaros desconhecidos que vêm do outro lado do mundo e também nós nos preocupamos em defender-nos das hordas que cruzam as nossas fronteiras.

Por que Bento escolheu simplesmente retirar-se? Acredito que ele o fez porque percebeu que a civilização romana não tinha salvação, ela já tinha chegado ao fim de sua vida útil. O primeiro capítulo da Epístola de São Paulo aos Romanos explica como Deus entrega as pessoas aos seus desejos pecaminosos e, por isso, as suas mentes ficam obscurecidas. Elas se tornam viciadas e cegas pelo pecado e são incapazes de pensar retamente. Bento subiu para as montanhas porque percebeu que com os romanos não havia diálogo. Não havia argumento possível porque os seus corações e mentes estavam obscurecidos. Eles tinham perdido a capacidade de raciocinar e a habilidade de escutar e amar a verdade.

Essa é cada vez mais a situação do mundo de hoje. Já há muito tempo que a nossa civilização virou as costas para a verdade, para a beleza e a para a bondade da fé cristã; que temos nos sujeitado ao comodismo, entregando-nos a grandes pecados de luxúria, crueldade e assassinato. Como sociedade, nós destruímos o matrimónio, abusamos de nossas crianças, matamo-nos uns aos outros, travamos guerras e roubamos dos mais pobres. Nossos corações e mentes estão agora obscurecidos. Atingidos pelo cancro intelectual do relativismo, não somos capazes nem de ouvir a razão nem de produzir argumentos. Fomos abandonados ao turbilhão de nossas emoções, agitados pela raiva, pelo ódio irracional e pela frustração demoníaca.

O que podemos fazer? Como católicos, nós viveremos cada vez mais a “opção beneditina”. Há quem pense que terminaremos nos escondendo em nossos próprios enclaves, como sobreviventes de um holocausto nuclear, mais ou menos como uma volta às catacumbas. Eu não seria tão pessimista. Acredito que a “opção beneditina” pode ser simplesmente uma percepção de que precisamos retornar à essência da nossa fé e vivê-la em nossas comunidades paroquiais já existentes. Nossas paróquias podem tornar-se refúgios de paz, centros de cultura, educação e razão. Elas podem tornar-se lugares onde a oração, o trabalho e o estudo são valorizados.

Sem formar novas comunidades monásticas, nossas famílias e paróquias podem transformar-se em “mosteiros domésticos”, onde nós viveremos com simplicidade e cultivaremos com consciência a nossa fé, refugiando-nos do dilúvio que devasta a nossa sociedade.

Para tanto, nós precisaremos reavaliar a nossa relação com a cultura que nos rodeia. Precisaremos simplificar as nossas vidas. Será que realmente precisamos de todas essas coisas materiais que nos puxam para baixo e nos atolam nas dívidas e no estresse? Será que realmente precisamos correr tão freneticamente, com tanta pressa, o tempo todo? Temos realmente que nos conformar com a sociedade agitada, vaidosa e avarenta em que vivemos? Realmente precisamos de todo esse entretenimento e distração que nos leva à destruição? Acho que não.

Contra tudo isso, a “opção beneditina” colocará o nosso foco nos votos que estão no coração da Regra de São Bento: estabilidade, obediência e conversão de vida. A estabilidade nos ajudará a desenvolver raízes profundas em nossa fé, em nossas famílias e em nossa Igreja. Encontraremos aí a nossa segurança, e não em nosso trabalho, em nosso dinheiro ou em nossas realizações. A obediência significa que procuraremos submeter-nos constantemente às Sagradas Escrituras, aos ensinamentos da Igreja, a Deus e uns aos outros. A conversão de vida significa que tudo o que fizermos e dissermos, e toda decisão que tomarmos, será determinada por nosso desejo de sermos completamente transformados na imagem de Cristo. Ou, como São Bento põe em sua regra, “Nada antepor a Cristo”.

As simples e humildes comunidades beneditinas tornaram-se na fundação da maior civilização que o mundo já viu. Durante mil anos, a Europa cristã esteve enraízada na singela intuição de São Bento de Núrsia. Se os católicos fizerem essa opção, ainda podemos forjar uma fundação forte e vigorosa para o futuro da nossa sociedade.

in National Catholic Register

sexta-feira, 23 de março de 2018

Jérôme Lejeune, um homem, um cientista, um cristão


UM HOMEM – UM CIENTISTA – UM CRISTÃO

O Professor Jérôme Lejeune

“O Professor Lejeune deixou o testemunho verdadeiramente brilhante da sua vida como homem e como cristão”
(S. João Paulo II)




Na manhã de Páscoa do ano de 1994, dia 3 de Abril, vítima de um cancro nos pulmões, falecia, aos 67 anos, o Professor Jérôme Lejeune, um Homem com um percurso humano e cristão que o tornou uma referência. De tal modo a sua vida de cristão foi coerente e cientista brilhante, que o Papa da Família e da Vida lhe solicita em 1993 que elabore os estatutos da Academia Pontifícia para a Vida, criada em 11 de Fevereiro de 1994 e que o mesmo Papa nomeia primeiro Presidente em 26 do mesmo mês e ano.

Porquê esta admiração de S. João Paulo II por este geneticista francês, nascido em 13 de Junho de 1926?

O Professor Lejeune, Doutor em medicina, aos 25 anos, especializa-se em Genética e, neste âmbito, centrou-se nas chamadas pessoas mongoloides. A 22 de Maio de 1958 faz a descoberta, pioneira, da relação entre erro genético e doença. Descobre que as pessoas que eram objecto do seu estudo tinham um erro no par de cromossomas autossómicos 21. Possuíam mais um cromossoma. Aqui residia a causa do Síndrome de Down, da trissomia 21, ou, como se dizia, das pessoas mongoloides. Por esta descoberta recebeu o cobiçado Prémio Kennedy, em 1963. Foi feito científico que lhe teria valido o Prémio Nobel, se em 1989, em Maryville, nos EUA, não tivesse defendido a humanidade dos embriões humanos congelados, num processo de disputa entre um casal que se tinha divorciado. Apesar das suas inúmeras condecorações e distinções académicas mais invejáveis, Lejeune, até à sua morte, sempre foi coerente entre a sua consciência e a sua altíssima formação académica. Lejeune nunca deixou de defender os mais frágeis entre os frágeis e entre estes os nascituros atingidos pela trissomia 21. Os seus projectos de investigação dirigiam-se para

O Professor Lejeune foi casado com uma jovem dinamarquesa, Birthe Bringsted, com quem teve 5 filhos. Fez da sua vida um processo de entrosamento entre a Fé vivida e a mais alta carreira de Docente universitário e investigador do mais alto gabarito.

Em 22 de Agosto de 1997, aquando das Jornadas Mundiais da Juventude, em Paris, o Papa S. João Paulo II, fora do programa previsto, foi rezar junto ao túmulo de Lejeune, em Châlon-Saint –Mars, ao seu “irmão Jérôme” como lhe chamou.

Nascido a 13 de Junho de 1926, perto de Paris (Montrouge), Lejeune tem hoje o seu processo de Beatificação em curso. A cerimónia de encerramento do processo diocesano decorreu na Catedral de Notre Dame, sob a presidência de Mons. Eric de Moulins-Beaufort, em representação do Cardeal Arcebispo de Paris, Mons. André Vingt-Trois, cerimónia que encheu completamente a Catedral. Era o dia 11 de Abril de 2012, 4 anos após a abertura do processo na Arquidiocese de Paris, em 28 de Junho de 2007.

O Professor Jérôme Lejeune é, nestes tempos bem difíceis para a Vida Humana e seus direitos da concepção à morte natural, um exemplo a seguir e a imitar. A sua vida foi toda um hino da Ciência à Vida!

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Carlos Aguiar Gomes
(O autor não acata o chamado AO)

quarta-feira, 21 de março de 2018

21/03 - Dia Mundial da Trissomia 21



Aquilo que deveria ser a grande notícia não o foi! Os media silenciaram-se e silenciaram um grande acontecimento promovido pela ONU.

O Comité dos Direitos Humanos da ONU quis assinalar o DIA MUNDIAL DA TRISSOMIA 21 com umas jornadas subordinadas ao tema: “Pessoas portadoras de trissomia 21: como melhor combater as discriminações e favorecer a inclusão”, no Palácio das Nações, em Genebra (Suíça) no passado dia 15.

O DIA INTERNACIONAL DA TRISSOMIA 21 assinala-se em todo o mundo desde o dia 21 de Março de 2006, 21 do 3. Esta data não foi escolhida “porque sim!”, mas para sublinhar o “erro” cromossómico do par autossómico 21 que tem mais um cromossoma e que explica o Síndrome de Down em algumas pessoas.

A descoberta deste “acidente” cromossómico, deve-se um grande geneticista, Jérôme Lejeune que ocorreu em 22 de Maio de 1958, já declarado “Servo de Deus” e cujo processo de Beatificação está em marcha. Como a nossa sociedade eugenista ou, se se quiser ser mais cruel, neo-hitleriana quanto à luta feroz a favor da “pureza da raça”, sem usar esta designação, mas que elimina os diferentes sem dó nem piedade (calcula-se que nos países “civilizados” 90% dos nascituros portadores deste acidente genético são mortos por aborto!), fazer uma reflexão sobre a inclusão destas pessoas é um acto corajoso e altamente meritório na defesa dos mais frágeis. Há muito a fazer por estes seres humanos que são assassinados sem dó nem piedade antes de nascerem. Onde está a defesa dos “Direitos Humanos” quando, a coberto da lei, se matam bebés indefesos só por serem diferentes?

As doentes democracias ocidentais, como Portugal, investem muito mais na matança destes inocentes, pessoas humanas, contudo, do que na sua inclusão e no apoio às sua famílias!

Neste colóquio, promovido pela ONU a que me referi, um portador de trissomia 21 afirmou:


“Bom dia, chamo-me John Franklin Stephens. SOU UM HOMEM PORTADOR DE TRISSOMIA 21 E A MINHA VIDA VALE A PENA SER VIVIDA. Não nos inquieteis, sou muito tolerante, muito aberto. Não vos desprezarei por que tenho um cromossoma mais do que vós. Considerai-me um homem, não com uma anomalia congénita ou com um síndrome. Não preciso de ser suprimido. Não preciso de ser cuidado. Tenho necessidade de ser amado, valorizado, educado e, por vezes, ajudado. Aprendi a bater-me pelo direito a ser tratado como qualquer outra pessoa. Uma vida com trissomia 21 pode ser tão bela como outra qualquer” … “Penso, sinceramente, que um mundo sem pessoas como eu seria um mundo mais pobre, frio e triste.” “Decidamos a partir de hoje a incluir e não a excluir; educar, não isolar; celebrar e não suprimir!”.

Como dizia nesse encontro uma portadora da trissomia 21, referindo-se ao número colossal de crianças abortadas por serem portadoras de mais um cromossoma: … “O ventre de uma mãe tornou-se o lugar mais perigoso para um bebé portador de trissomia 21”.

Quando o eugenismo impera, em sociedades ditas inclusivas, onde estão os Direitos Humanos dos frágeis que os exclui matando-os?

Há que rever a nossa postura face à ditadura do pensamento racista e eugénico que não tolera o diferente e darmos mais atenção a quem damos o nosso voto nas eleições.

(N.B. – dados recolhidas no sítio da Fondation Jérôme Lejeune, que participou nesta jornada promovida pela ONU).

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Carlos Aguiar Gomes
(O autor não segue o chamado AO)

quinta-feira, 15 de março de 2018

REFLEXÃO PARA O DIA DO PAI


Nem todos os países celebram o DIA DO PAI na mesma  data. Entre nós, em Portugal, o DIA DO PAI, é comemorado no dia 19 de Março, dia de S. José.
Na actuais circunstâncias sócio-culturais, não quero, não devo nem posso deixar de assinalar e sublinhar a importância desta efeméride. Porque sou Pai. Porque sou cidadão interventivo na res publica. Porque estou atento e me preocupa o desmoronamento da nossa identidade cultural e espiritual.
Assistimos, tantas vezes calados e indiferentes, a uma campanha sistemática para “rasurar” do nosso quotidiano o sentido da palavra PAI e, até mesmo, a própria palavra como “discriminatória” e sexista. O mesmo sucede com a palavra Mãe! Já são incontáveis, entre nós, as tentativas de não se celebrar os Dias do Pai e da Mãe!... E, como vamos tento pão e circo…
Para a corrente ideológica dominante, ditatorial, urge apagar estas designações que “ofendem” (!) a variedade de géneros e a sua identidade.
Assistimos, cada dia mais correntemente, a uma chamada “escrita e linguagem inclusivas”, imposta nos sistemas de ensino e nos “media” e que nos obrigam a banir toda a linguagem “machista” e sexista tal como Pai ou Mãe! Estão a impor-nos uma nova gramática que anula o masculino e o feminino, logo Pai e Mãe, substituídos por um idiota “Progenitor 1 ou A” e “Progenitor 2 ou B”.
Com o recurso aos chamados “bancos de esperma”, de dadores anónimos, logo se impede/dificulta a possibilidade de as crianças saberem quem é o seu Pai. Trata-se de um verdadeiro atentado indigno contra o direito fundamental de cada um saber quem é o seu Pai, um indivíduo do sexo masculino e que, começa por dar espermatozoides, dos quais será eleito um, e que transforma aquele em Pai. É assim que cada Pai começa a sua função na paternidade. Digo, começa e é aí, precisamente que se inicia a função da paternidade e que a morte nunca conseguirá apagar.
Assim, face a este ataque cerrado a um conceito natural da biologia para não falar da antropologia familiar, que se impõe celebrar o DIA DO PAI, que, como se disse se inicia na fecundação de um óvulo por um espermatozoide e continua(rá) pela vida fora tanto em si como na relação com o outro que , assim inicia a sua vida, e na relação com a Mãe que não a dona do filho nem uma indiferente e simples “barriga de aluguer” ou “portadora” de uma vida que espera nascer e a que tal em esse direito. O Pai não é um mero fornecedor de espermatozoides nem a Mãe um simples “tubo de ensaio”.
Ser Pai é um privilégio natural que tem de se saber assumir com toda a responsabilidade. Sempre e em todas as circunstâncias da vida e que se prolongam para lá da morte. É-se Pai para sempre. Nenhum Pai se pode e deve demitir das responsabilidades inerentes. De todas as responsabilidades. Igualmente, nenhum Pai pode ser “demitido” pelo livre arbítrio dos filhos.
Neste DIA DO PAI chama-se a atenção da sociedade para esta grave situação sócio-antrológica das campanhas mais ou menos declaradas, algumas bem descaradas, contra a paternidade (o mesmo se passa com a maternidade) e a que temos de nos saber opor energicamente e determinação contra a ditadura do pensamento único e desnaturado que nos estão a impor de forma ditatorial.
Celebremos o DIA DO PAI, com alegria e com e na gratidão. Lembremos os que já partiram. Rezemos pelos pais que não sabem ser pais.
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Carlos Aguiar Gomes(O autor não acata o chamado AO)  

quinta-feira, 8 de março de 2018

DECLARAÇÃO MUNDIAL DAS MÃES, Uma reflexão com urgência



Queridas Mães
… e Ex.mos Senhores

Expresso-me desta forma porque é, muito particularmente, às mãe, que me quero hoje dirigir. Mas, como todas nós, somos apenas uma pequena parte da sociedade e todos os temas que nos dizem respeito abrangem e tomam enfase na participação da globalidade dessa sociedade em que estamos integradas, daí o seu interesse para todos os presentes.


Não sou, nem quero ser “feminista” nem aceito a “igualdade de género” mas, é conscientemente que me apresento aqui, hoje e agora, exibindo, desde a ponta do pé até aos meus cabelos, todo o colorido da minha sexualidade feminina que muito se honra de o ser e não admite, nem para si nem para os seus pares, a menor descriminação, no trabalho, na sociedade ou na Família.



A dignidade dum ser humano é intocável e igual para todos. E, todos parecemos poucos para pugnar e, digo mais, exigir, o Respeito dessa Dignidade. Citando o Papa Francisco (homilia de 14 de Junho de 2015) passo a ler: “Homem e Mulher são imagem e semelhança de Deus. Isto diz-nos que não só o homem é imagem de Deus, não só a mulher é imagem de Deus, mas também homem e mulher, como casal, são imagem de Deus. A diferença entre homem e mulher não é por oposição, por subordinação, mas sim pela comunhão e procriação, sempre à imagem e semelhança de Deus”.


Esta igualdade na dignidade foi o ponto de partida para a criação do “dia da Mulher”, celebrado pela primeira vez a 28 de Fevereiro de 1909 nos EUA. Em 1910, ocorreu a primeira conferência internacional de mulheres em Copenhague, dirigida pela Internacional Socialista. Na década de 1970, foi designado pela ONU o ano de 1975 como “Ano Internacional a Mulher” e o dia 8 de Março adotado como “Dia Internacional da Mulher”.


É pois, no âmbito desta data que nos reunimos hoje aqui a convite da Milita Sanctæ Mariæ – “Instituto Familiaris Consortio”, para comentar a “Declaração Mundial de Mães” da responsabilidade da “WOMEN OF THE WORLD”.



Gostaria, ainda, de salientar a importância que o tema “MÃE” reveste numa época de hecatombe linguística, de usos e costumes, em que são correntes as designações de “progenitor A ou B, 1 ou 2” a substituir a designação de Pai ou Mãe ou, ainda, o caso dos filhos e seus descendente, serem privados do direito de saber quais as suas origens genéticas e sociais, vítimas do fenómeno de tantas “barrigas de aluguer”, de mães portadoras de filhos que não vão conhecer nem criar.



E vão-me permitir que volte a citar um Papa que a todos nos foi muito querido: S. João Paulo II na sua Carta Apostólica sobre “A Dignidade da Mulher”:



“Se a dignidade da mulher testemunha o amor que ela recebe para, por sua vez, amar, o paradigma bíblico da «mulher» parece desvendar também a ordem do amor que constitui a vocação da mesma mulher. Trata-se aqui da vocação no seu sentido fundamental, pode-se dizer universal, que depois se concretiza e se exprime nas múltiplas “vocações” da mulher na Igreja e no mundo.”



“A força moral da mulher, a sua força espiritual une-se à consciência de que Deus lhe confia de uma maneira especial o homem, o ser humano. Naturalmente, Deus confia todo o homem a todos e a cada um. Todavia, este acto de confiar refere-se de um modo especial à mulher - precisamente pelo facto da sua feminilidade - e decide particularmente da sua vocação.”



“A mulher é forte pela consciência dessa missão, forte pelo facto de que Deus “lhe confia o homem”… esta consciência e vocação fundamental falam à mulher da dignidade que ela recebe de Deus e que a tornam forte consolidando a sua vocação. Deste modo, a “mulher perfeita” (cf. Prov 31, 10) torna-se um amparo insubstituível e uma fonte de força espiritual para os outros, que compreendem as grandes energias do seu espírito. A estas “mulheres perfeitas” muito devem as suas famílias e, por vezes, inteiras nações.”



Mas, sem me querer alongar demasiado em considerações passo a ler os objectivos da ONG “Women of the World Global Platform”, isto é “a voz das mulheres que falam como mulheres”:



- Trata-se de uma iniciativa promovida por organizações Espanholas de profissionais de ética em colaboração com “Women Attitude” e “Femina Europa” e apoiada por grande grupo de organizações mundiais para se tornarem a “voz das mulheres que falam como mulheres”. As instituições que apoiam esta ONG têm o objectivo comum de fazer ouvir a nível, local, nacional, mundial e político a Voz das Mulheres, seus anseios, necessidades, objectivos e exigências, capazes de fazerem mudar, a vários níveis as políticas em relação à Mulher.



Usando as expressões dos seus objectivos passo a ler os 4 pontos seguintes:



1. “Nós queremos quebrar a ultrapassada moda do feminismo radical e da teoria do género a que a mesma nos conduz”.

2. “Não aceitamos mais que as instituições de nível internacional desenvolvam políticas que ignorem, lutem ou suprimam o valor e a dignidade da identidade feminina, da maternidade ou o valor prioritário da dedicação à família.”

3. “Estamos a reganhar para a sua total identidade em complementaridade com o homem, o seu papel como mulheres na sua própria família, na sociedade e no mercado de trabalho e fazer voltar a dar à maternidade o seu valor e dignidade.”

4. “As nossas razões e objectivos já foram traduzidos em mais de 11 línguas e apoiados por 147 ONG de 47 países de diferentes culturas: Albânia, Angola, Argélia, Arménia, Bélgica, Belice, Botswana, Camarões, Rep. Checa, China, Chipre, Espanha, Portugal, Síria…”



Penso que estes objectivos nos fazem sentir que não estamos sozinhas num Ocidente que teima em matar a sua história e a sua cultura, numa corrida vertiginosa rumo a uma hecatombe familiar, social e política.



Cabe-me, agora, passar a ler a “DECLARAÇÃO MUNDIAL DE MÃES” fazendo, no fim de cada ponto um pequeno comentário.



DECLARAÇÃO MUNDIAL DE MÃES

«As mulheres desempenham uma função decisiva na família. A família é o núcleo básico da sociedade e como tal fortalecer-se (…) As mulheres dão um grande contributo ao bem-estar da família e ao desenvolvimento da sociedade, cuja importância, todavia não se reconhece nem se considera plenamente». (Plataforma de Pequim, 1995, capítulo II, parágrafo 2).



1. As mães são o coração e o sustento da família e da sociedade. As mães dão aos filhos cuidado, ternura, compreensão e empatia de que a sociedade carece para progredir com humanidade. O facto de dar a vida, sustentar e alimentar os filhos converte as mães, em colaboração com os pais, na força e na sustentação da humanidade. Mães e pais desempenham cada qual um papel fundamental na sociedade.
(Permitam-me que diga que temos que passar ao grau de exigência para que este ponto seja cumprido imediatamente.)

2. A sociedade precisa de famílias estáveis que permitam aos seus filhos crescer felizes e seguros de si próprios. O conjunto da sociedade beneficia quando os filhos crescem num ambiente familiar estável, junto das mães dedicadas à sua criação e educação.
(Temos que exigir aos decisores políticos e económicos que criem condições para o digno” ambiente familiar estável” e em que as Mães são figuras fulcrais.)

3. A maternidade e a dedicação à família é uma das tarefas mais importantes e gratificantes para uma mulher e benéfica para a sociedade. E sem dúvida muito desvalorizado no mundo de hoje. Ao ignorar ou desprezar a maternidade e a dedicação da mulher à família dificulta-se a construção de sociedades sustentáveis.
(Temos que nós, Mulheres e Mães, saber exigir sem cedências o cumprimento integral deste item.)

4. A maternidade e a dedicação à família são um benefício para as próprias mulheres. Dão-lhe plenitude e realização pessoal, fortalecendo a sua identidade feminina. Com isto, proporcionam outras oportunidades de desenvolvimento humano e de aprendizagem de habilidades de liderança, comunicação e de gestão.
(Temos que, nós Mulheres e Mães tomar consciência da nossa importância e exigir o respeito deste ponto 4º)

5. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais (…). Art. 25.2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assim, pois:
1. As mães e os filhos devem ser respeitados e considerados como membros importantes da sociedade.
2. A maternidade e a dedicação à família exigem e merecem reconhecimento social e político.
(Nós, Mulheres e Mães, devemos ser proactivas na luta pelo reconhecimento social e político destes direitos fundamentais acabados de enunciar.)

6. A dedicação exclusiva à família não pode continuar a ser ignorada e, ainda menos, ser considerada uma razão para condenar as mães à morte social.
(Chegou o tempo de dizer “Basta!” a esta descriminação e desvalorização social, cultural e económica do papel das Mães na sociedade,)
«A família é a unidade básica da sociedade» (Plataforma de Pequim, 1995) e a maternidade é o coração da família. Portanto, as mães devem ser respeitadas tanto na política como na sociedade e no lar.»

Permitam-me que termine dizendo o que me vai na alma de Mulher e Mãe: É tempo da sociedade reconhecer o grande valor que cada Mãe é como “Mecenas Social”, promotora de um futuro equilibrado, saudável e sustentável nesta “Casa Comum” que é a Terra.





Luísa Vasconcelos
Braga, 8 de Março de 2018

PEQUENOS LUZEIROS!

                                                                                                                   NÃO DUVIDES! PEQUENOS LUZ...