quinta-feira, 8 de março de 2018

DECLARAÇÃO MUNDIAL DAS MÃES, Uma reflexão com urgência



Queridas Mães
… e Ex.mos Senhores

Expresso-me desta forma porque é, muito particularmente, às mãe, que me quero hoje dirigir. Mas, como todas nós, somos apenas uma pequena parte da sociedade e todos os temas que nos dizem respeito abrangem e tomam enfase na participação da globalidade dessa sociedade em que estamos integradas, daí o seu interesse para todos os presentes.


Não sou, nem quero ser “feminista” nem aceito a “igualdade de género” mas, é conscientemente que me apresento aqui, hoje e agora, exibindo, desde a ponta do pé até aos meus cabelos, todo o colorido da minha sexualidade feminina que muito se honra de o ser e não admite, nem para si nem para os seus pares, a menor descriminação, no trabalho, na sociedade ou na Família.



A dignidade dum ser humano é intocável e igual para todos. E, todos parecemos poucos para pugnar e, digo mais, exigir, o Respeito dessa Dignidade. Citando o Papa Francisco (homilia de 14 de Junho de 2015) passo a ler: “Homem e Mulher são imagem e semelhança de Deus. Isto diz-nos que não só o homem é imagem de Deus, não só a mulher é imagem de Deus, mas também homem e mulher, como casal, são imagem de Deus. A diferença entre homem e mulher não é por oposição, por subordinação, mas sim pela comunhão e procriação, sempre à imagem e semelhança de Deus”.


Esta igualdade na dignidade foi o ponto de partida para a criação do “dia da Mulher”, celebrado pela primeira vez a 28 de Fevereiro de 1909 nos EUA. Em 1910, ocorreu a primeira conferência internacional de mulheres em Copenhague, dirigida pela Internacional Socialista. Na década de 1970, foi designado pela ONU o ano de 1975 como “Ano Internacional a Mulher” e o dia 8 de Março adotado como “Dia Internacional da Mulher”.


É pois, no âmbito desta data que nos reunimos hoje aqui a convite da Milita Sanctæ Mariæ – “Instituto Familiaris Consortio”, para comentar a “Declaração Mundial de Mães” da responsabilidade da “WOMEN OF THE WORLD”.



Gostaria, ainda, de salientar a importância que o tema “MÃE” reveste numa época de hecatombe linguística, de usos e costumes, em que são correntes as designações de “progenitor A ou B, 1 ou 2” a substituir a designação de Pai ou Mãe ou, ainda, o caso dos filhos e seus descendente, serem privados do direito de saber quais as suas origens genéticas e sociais, vítimas do fenómeno de tantas “barrigas de aluguer”, de mães portadoras de filhos que não vão conhecer nem criar.



E vão-me permitir que volte a citar um Papa que a todos nos foi muito querido: S. João Paulo II na sua Carta Apostólica sobre “A Dignidade da Mulher”:



“Se a dignidade da mulher testemunha o amor que ela recebe para, por sua vez, amar, o paradigma bíblico da «mulher» parece desvendar também a ordem do amor que constitui a vocação da mesma mulher. Trata-se aqui da vocação no seu sentido fundamental, pode-se dizer universal, que depois se concretiza e se exprime nas múltiplas “vocações” da mulher na Igreja e no mundo.”



“A força moral da mulher, a sua força espiritual une-se à consciência de que Deus lhe confia de uma maneira especial o homem, o ser humano. Naturalmente, Deus confia todo o homem a todos e a cada um. Todavia, este acto de confiar refere-se de um modo especial à mulher - precisamente pelo facto da sua feminilidade - e decide particularmente da sua vocação.”



“A mulher é forte pela consciência dessa missão, forte pelo facto de que Deus “lhe confia o homem”… esta consciência e vocação fundamental falam à mulher da dignidade que ela recebe de Deus e que a tornam forte consolidando a sua vocação. Deste modo, a “mulher perfeita” (cf. Prov 31, 10) torna-se um amparo insubstituível e uma fonte de força espiritual para os outros, que compreendem as grandes energias do seu espírito. A estas “mulheres perfeitas” muito devem as suas famílias e, por vezes, inteiras nações.”



Mas, sem me querer alongar demasiado em considerações passo a ler os objectivos da ONG “Women of the World Global Platform”, isto é “a voz das mulheres que falam como mulheres”:



- Trata-se de uma iniciativa promovida por organizações Espanholas de profissionais de ética em colaboração com “Women Attitude” e “Femina Europa” e apoiada por grande grupo de organizações mundiais para se tornarem a “voz das mulheres que falam como mulheres”. As instituições que apoiam esta ONG têm o objectivo comum de fazer ouvir a nível, local, nacional, mundial e político a Voz das Mulheres, seus anseios, necessidades, objectivos e exigências, capazes de fazerem mudar, a vários níveis as políticas em relação à Mulher.



Usando as expressões dos seus objectivos passo a ler os 4 pontos seguintes:



1. “Nós queremos quebrar a ultrapassada moda do feminismo radical e da teoria do género a que a mesma nos conduz”.

2. “Não aceitamos mais que as instituições de nível internacional desenvolvam políticas que ignorem, lutem ou suprimam o valor e a dignidade da identidade feminina, da maternidade ou o valor prioritário da dedicação à família.”

3. “Estamos a reganhar para a sua total identidade em complementaridade com o homem, o seu papel como mulheres na sua própria família, na sociedade e no mercado de trabalho e fazer voltar a dar à maternidade o seu valor e dignidade.”

4. “As nossas razões e objectivos já foram traduzidos em mais de 11 línguas e apoiados por 147 ONG de 47 países de diferentes culturas: Albânia, Angola, Argélia, Arménia, Bélgica, Belice, Botswana, Camarões, Rep. Checa, China, Chipre, Espanha, Portugal, Síria…”



Penso que estes objectivos nos fazem sentir que não estamos sozinhas num Ocidente que teima em matar a sua história e a sua cultura, numa corrida vertiginosa rumo a uma hecatombe familiar, social e política.



Cabe-me, agora, passar a ler a “DECLARAÇÃO MUNDIAL DE MÃES” fazendo, no fim de cada ponto um pequeno comentário.



DECLARAÇÃO MUNDIAL DE MÃES

«As mulheres desempenham uma função decisiva na família. A família é o núcleo básico da sociedade e como tal fortalecer-se (…) As mulheres dão um grande contributo ao bem-estar da família e ao desenvolvimento da sociedade, cuja importância, todavia não se reconhece nem se considera plenamente». (Plataforma de Pequim, 1995, capítulo II, parágrafo 2).



1. As mães são o coração e o sustento da família e da sociedade. As mães dão aos filhos cuidado, ternura, compreensão e empatia de que a sociedade carece para progredir com humanidade. O facto de dar a vida, sustentar e alimentar os filhos converte as mães, em colaboração com os pais, na força e na sustentação da humanidade. Mães e pais desempenham cada qual um papel fundamental na sociedade.
(Permitam-me que diga que temos que passar ao grau de exigência para que este ponto seja cumprido imediatamente.)

2. A sociedade precisa de famílias estáveis que permitam aos seus filhos crescer felizes e seguros de si próprios. O conjunto da sociedade beneficia quando os filhos crescem num ambiente familiar estável, junto das mães dedicadas à sua criação e educação.
(Temos que exigir aos decisores políticos e económicos que criem condições para o digno” ambiente familiar estável” e em que as Mães são figuras fulcrais.)

3. A maternidade e a dedicação à família é uma das tarefas mais importantes e gratificantes para uma mulher e benéfica para a sociedade. E sem dúvida muito desvalorizado no mundo de hoje. Ao ignorar ou desprezar a maternidade e a dedicação da mulher à família dificulta-se a construção de sociedades sustentáveis.
(Temos que nós, Mulheres e Mães, saber exigir sem cedências o cumprimento integral deste item.)

4. A maternidade e a dedicação à família são um benefício para as próprias mulheres. Dão-lhe plenitude e realização pessoal, fortalecendo a sua identidade feminina. Com isto, proporcionam outras oportunidades de desenvolvimento humano e de aprendizagem de habilidades de liderança, comunicação e de gestão.
(Temos que, nós Mulheres e Mães tomar consciência da nossa importância e exigir o respeito deste ponto 4º)

5. A maternidade e a infância têm direito a cuidados e assistência especiais (…). Art. 25.2 da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Assim, pois:
1. As mães e os filhos devem ser respeitados e considerados como membros importantes da sociedade.
2. A maternidade e a dedicação à família exigem e merecem reconhecimento social e político.
(Nós, Mulheres e Mães, devemos ser proactivas na luta pelo reconhecimento social e político destes direitos fundamentais acabados de enunciar.)

6. A dedicação exclusiva à família não pode continuar a ser ignorada e, ainda menos, ser considerada uma razão para condenar as mães à morte social.
(Chegou o tempo de dizer “Basta!” a esta descriminação e desvalorização social, cultural e económica do papel das Mães na sociedade,)
«A família é a unidade básica da sociedade» (Plataforma de Pequim, 1995) e a maternidade é o coração da família. Portanto, as mães devem ser respeitadas tanto na política como na sociedade e no lar.»

Permitam-me que termine dizendo o que me vai na alma de Mulher e Mãe: É tempo da sociedade reconhecer o grande valor que cada Mãe é como “Mecenas Social”, promotora de um futuro equilibrado, saudável e sustentável nesta “Casa Comum” que é a Terra.





Luísa Vasconcelos
Braga, 8 de Março de 2018

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