segunda-feira, 20 de agosto de 2018

S. BERNARDO, o Doutor melífluo



“«O doutor melífluo», último dos padres, mas certamente não inferior aos primeiros, distinguiu-se por tais dotes de mente e de espírito, enriquecidos por Deus com dons celestes…”
(Pio XII, Carta Encíclica “Doctor Mellifluus”, 24 de Maio de 1953)


Bernardo de Fontaines, mais tarde conhecido pelo nome do primeiro mosteiro que fundou, Bernardo de Claraval, teria nascido por volta de 1090, de família nobre, de cuja infância e primeira juventude nada conhecemos, deveria ter tido uma formação fora do comum para a sua época. Essa formação nota-se em todos os inúmeros escritos que vão de simples, mas não insignificantes, cartas aos Tratados e às negociações que teve de liderar entre os grandes do seu tempo. Imperadores, Reis e Senhores feudais e papas ou Bispos não dispensavam o seu conselho avisado. Até os templários acabados de nascer lhe pedem conselho e a eles dedica um opúsculo “De laude novæ militiæ”. S. Bernardo, é o Doutor Egrégio e Doutor Melífluo como, seguindo a tradição antiga lhe chamou o Papa Pio XII, na Carta Encíclica que lhe dedicou em 1953. Grande mariólogo e um dos maiores cantores da “Piedosa, doce e sempre Virgem Maria” como teria terminado, certo dia, o canto da Salve Rainha À Santíssima Virgem S. Bernardo dedicou as mais belas páginas escritas sobre Nossa Senhora.

Bernardo foi polemista emérito, artista sensível à simplicidade e sobriedade transparente à Beleza, talvez, mesmo, poeta, teólogo, mariólogo, diplomata e conselheiro.

Como monge cisterciense, era um fiel e exigente cumpridor da Regra de S. Bento.

A estátua que está na cripta de S. Bento da Porta Aberta é de uma grande beleza, do ponto de vista representativo. O autor da estátua de mármore branco é de Silva Nogueira e é de 1998. Este escultor, teve a feliz imaginação de colocar uma tira sobre o hábito por onde sobem abelhas, numa alusão muito feliz ao facto de S. Bernardo ser conhecido como o Doutor Melífluo, ou seja, que escorre mel, doçura da sua doutrina e da sua vida.

S. Bernardo, ao escrever um livrinho famoso, “DE LAUDE NOVÆ MILITIÆ”, veio dar o cunho cristão às Ordens de Cavalaria. O Fundador da Militia Sanctæ Mariæ – cavaleiros de Nossa Senhora, inspirou-se em S. Benardo e neste trabalho, nomeadamente, para escrever a Regra que deixou a esta instituição cavaleiresca moderna. Por isso, esta imagem deve ser muito querida pelos freires da MSM, pois representa um dos grandes inspiradores para Dom Gérard Lafond, Fundador da MSM.

De facto, esta imagem, de grande qualidade, é bem representativa do grande santo que foi S. Bernardo, até na escolha do material, o mármore branco puro, como pura foi a vida de Bernardo de Claraval.

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Carlos Aguiar Gomes
(Mestre e primeiro servidor da MSM – miles- pauper et peccator )
Braga, Novembro de 2017


Aniversários de Humanae vitae - 1968 e Credo do Povo de Deus - 1978


Humanae vitae – 1968 – 50º aniversário.
Credo do Povo de Deus- 1978 – 40º aniversário.


Na sua última homilia pública, Paulo VI, 29 de Junho de 1978, um mês e pouco antes de falecer (6 de Agosto de 1978), o Papa fez uma síntese dos seus principais documentos. Dedica umas passagens significativas à Encíclica «Humanae vitae» e ao «Credo do Povo de Deus». Muito se tem escrito sobre o primeiro documento. Sobretudo contestando-o. E muito. Não o aceitando com forte veemência. Ou ignorando-o totalmente. Em largos sectores da Igreja estalou uma verdadeira rebelião.

Quanto a esta Encíclica, o Papa Montini, Beato Paulo VI, escreveu na referida homilia:

«Mas a defesa da vida humana deve começar na raiz da existência humana. Foi um ensinamento do Concílio grave e claro que, na Constituição pastoral Gaudium et Spes, ensinava que a vida, desde a concepção, deve ser salvaguardada com um cuidado extremo; o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis (G.S. 51)Nós não fizemos mais do que recolher este ensinamento quando, há dez anos, publicámos a encíclica Humanae vitae (25 de Julho de 1968): inspirada pelo ensinamento bíblico e evangélico intangível, que confronta as prescrições da lei natural e os imperativos - que ninguém pode suprimir - da consciência concernente ao respeito da vida, cuja transmissão foi confiada à paternidade e à maternidade responsáveis, este documento tornou-se hoje de uma actualidade nova e mais urgente por causa dos atentados levados a cabo por legislações públicas à santidade indissolúvel do elo matrimonial e ao respeito intangível devido à vida humana desde o seio materno.»

Esta Encíclica, que anda esquecida, intencionalmente esquecida, merecia uma celebração digna e uma divulgação didáctica urgente. Sinal destes tempos confusos e relativistas. Hedonista, e muito, também.

Sobre o CREDO DO POVO DE DEUS, aqui deixo registadas algumas passagens a ele referentes do Beato Paulo VI: «… bem sabemos que perturbações em relação à fé agitam hoje certos grupos de homens. (…) Mais ainda: vemos que até alguns católicos se deixam dominar por uma espécie de sede de mudança e novidades…» (cf nº 4).

Hoje, estas palavras do Papa Paulo VI seriam dirigidas a um leque muito mais alargado de cristãos que põem em dúvida as verdades da Fé, enunciadas e explicadas no referido documento. Volte-se, rapidamente, à leitura e vivência do «CREDO DO POVO DE DEUS», tão bem enunciado por Paulo VI. Na sua última homilia pública (29 de Junho de 1978), o Papa faz como que um balanço do seu pontificado. E, a propósito do «CREDO DO POVO DE DEUS», disse: «… não queremos esquecer a nossa Profissão de Fé que, há exactamente dez anos, 30 de Junho de 1968, pronunciámos solenemente comprometendo toda a Igreja e em seu nome, como Credo do Povo de Deus, para lembrar, para reafirmar, para confirmar os pontos principais da fé da Igreja, proclamada pelos mais importantes Concílios ecuménicos, num momento em que experiências doutrinais fáceis erigidas em teorias pareciam abalar a certeza de numerosos padres e fiéis reclamando um regresso às fontes…».

Como são actuais estas sábias palavras de Paulo VI! Temos a obrigação de voltar a elas. Meditá-las. Só assim não nos deixaremos enganar e levar por modas que, se não são verdadeiras heresias, andam por lá muito perto. Como escreveu, então, este Papa, dirigindo-se a todos os que então confundiam os cristãos e se confundiam: «… Advertimo-los paternalmente: que se abstenham de continuar a perturbar a Igreja; o momento da verdade chegou e é preciso que cada um conheça as suas próprias responsabilidades face às decisões que devem salvaguardar a fé, tesouro comum que Cristo, que é a Petra, isto é, a Rocha, confiada a Pedro, Vicarius Petrae, Vigário daquele que é a Rocha, como lhe chama S. Boaventura…».

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Carlos Aguiar Gomes
(O autor também não acata o chamado AO)

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