Eu também não aceito, de modo algum, a ditadura venha ela por
decreto ou por revolução, e tenho a experiência de ter vivido num regime
autoritário que não era do meu gosto.
… Muito menos quando as minorias impõem, por voto favorável de “
idiotas úteis” que morrem de medo de “ perder o comboio” do “ politicamente
correcto”.
Manuel Alegre, que ninguém pode acusar de defensor de regimes
autoritários, foi claro e frontal nesta sua carta em defesa da liberdade
ameaçada. A ameaça da chegada de uma nova modalidade de “ democracia”: a
democracia do gosto, imposta por grupúsculos que querem apagar a memória de Portugal
e o gosto de um povo que ama touradas e a caça. Não somos um povo de “ vegans”
ou de “ animalistas” mas compreendemos que haja quem não coma nada de animal.
Porém, não podemos admitir que nos imponham o seu gosto.
Não sou nem nunca fui caçador, mas admito que haja pessoas que o
são por desporto. Aliás, se a caça for bem gerida, a economia, o turismo e,
até, a ecologia agradecem. E a carne de caça é muito boa! Assiste-me o direito
de comer perdiz, lebre ou javali!
Gosto de ver uma boa tourada, sobretudo as “ pegas”. Gosto e não
admito que alguém venha interferir no meu gosto. Era o que faltava! Aliás,
nunca interferi nem tenciono interferir no gosto dos que não gostam de
touradas. Posso dizer-lhes que não as vejam se o espectáculo os incomoda ( eu
também não oiço ou frequento concertos de jazz porque … não gosto, mas nunca
poderia opor-me – era o que faltava – a que se proibisse esse género musical).
Manuel Alegre tem todo o direito a declarar a sua indignação
contra a política cultural do gosto. Em regime de
liberdade, como diz o nosso povo, “ o gosto é com cada um”.
Como podem partidos políticos democráticos querer impor directa
ou indirectamente a “ política do gosto”? Esta atitude tirânica, abre a porta
para novas medidas repressoras baseadas no gosto, ou em paradigmas estéticos ou
afectivos de minorias ou de … maiorias!
… E já agora, já estarão estes cérebros a pensar abolir o nosso
“ Arroz pica no chão” ou as “ Papas de sarrabulho” ou o queridíssimo “ Leitão
da Bairrada” ou … ?
Cuidado, a polícia do gosto anda por aí! Cuidado,
caros concidadãos.
Carlos Aguiar Gomes
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