HOLODOMOR
Um GENOCÍDIO na Europa
No “Diário do Minho” de Sábado, dia 24, vi com agrado/tristeza a
realização de um encontro sobre o genocídio perpetrado pelo regime estalinista
em 1932/33.
Agora vou dizer porque foi com agrado: é um dever moral não deixarmos
calar ou esquecer uma brutalidade cometida contra um povo inteiro, matando-o de
forma miserável pela fome. Este processo, segundo alguns historiadores, começou
já em 1929 com a destruição dos intelectuais ( aconteceu o mesmo em Katyn com
as elites polacas) e da igreja ucraniana. Depois foi a colectivização pela
violência com fuzilamentos e deportações dos camponeses. Seguiu-se o arresto,
pela força, de toda, absolutamente toda,
a produção cerealífera ( sabemos que a Ucrânia era considerada o celeiro da
Europa) e de todas as reservas alimentares dos camponeses. Todas as casas ,
arrecadações e esconderijos foram vasculhados com minúcia militar. Foram
fechadas todas as fronteiras da Ucrânia, os acessos às cidades e às estações dos caminhos - de -
ferro. Foi interdita a “ ucranização” , forçando, assim, o assassínio da
nação e foi o HOLODOMOR que significa “ assassinar pela
fome”. Foi um autêntico genocídio dos camponeses que eram resistentes ao
comunismo e à sovietização do seu país. Teriam sido mortos, sobretudo, pela
fome imposta severamente, mais de sete milhões de ucranianos. E quantos foram
deportados para a Sibéria, para trabalhos forçados, onde morreram, só por terem
sido “ apanhados” com 5 ( cinco) espigas de trigo?
A ONU reconhece este crime
tremendo como “ tragédia nacional para o
povo ucraniano” e o Parlamento Europeu “
reconhece o Holodomor” como um crime inqualificável perpetrado contra o povo
ucraniano e contra a humanidade” e mais de vinte estados reconhecem como autêntico genocídio o HOLODOMOR.
Por isso, foi com agrado que vi que este genocídio foi lembrado em
Braga com o apoio do Município. Um agrado banhado em profunda tristeza.
Tive uma grande tristeza de, ao saber daquela sessão já depois de ela
ter decorrido, não ter tido a oportunidade de dar a minha solidariedade pois
não tive conhecimento de que iria ocorrer. Fiquei triste.
Ia o meu artigo sobre o HOLODOMOR aqui, neste ponto, quando recebi o
convite para estar na igreja da Lapa, em Braga, na cerimónia religiosa
evocativa deste genocídio. Obviamente que aceitei e participei nas cerimónias
que, não as acompanhei com palavras por não saber ucraniano, as acompanhei,
profundamente emocionado com toda a minha alma, alma de português, de europeu (
a Ucrânia é Europa) e, sobremodo, de cristão a quem o sofrimento alheio não
passa indiferente. E transmiti este meu sentimento de comunhão na evocação
destes mártires do século XX. Aquelas
vítimas da malvadez humana, cristãs como eu, com o mesmo baptismo e, por isso,
são meus irmãos em Jesus Cristo.
Foi-me dada a oportunidade de
expressar publicamente no final desta bela cerimónia com cânticos que me
fizeram rezar malgrado, como já o referi, não conhecer a língua em que eram tão
espiritualmente bem cantados, o quanto me sentia em comunhão e comprometi-me a
de que tudo faria, no que estivesse ao meu alcance, para me unir ainda mais às
vítimas da ferocidade que a Ucrânia viveu
durante a ocupação soviética e, de modo particular, nas que fazem parte
do rol imenso que foram massacradas no chamado genocídio do HOLODOMOR.
Paz às suas almas!
… E este meu artigo alterou a sua rota! Deus lá sabe o que me fez!
Carlos Aguiar Gomes
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.