Santa Gertrudes
( A festa desta santa monja beneditina celebrou-se a 16 de Novembro. Vamos recordá-la)
Quem visita a Basílica
de S. Bento da Porta Aberta depara, na cripta, com algumas estátuas de santos
de superior qualidade icónica , duas em bronze e 4 de um mármore límpido e
superiormente trabalhado.
Como as outras estátuas de
mármore branco que estão no claustro da cripta da Basílica de S. Bento da Porta
Aberta, são obra do escultor Silva Nogueira e são de 1998. A imagem que
representa Santa Gertrudes tem o mesmo autor. Este conseguiu numa “ linguagem”
depurada e simples, representar de forma belíssima esta beneditina medieval.
Silva Nogueira como nas outras três estátuas da cripta de mármore límpido conseguiu transmitir, de forma simbólica,
aspectos importantes da personalidade e vida de Santa Gertrudes.
Mas, quem foi Santa
Gertrudes?
Recorro ao Papa Bento XVI
para me e nos ajudar a , de forma muito sintética, conhecer esta Mulher a que
se chama « Magna», pela sua vida, exemplo e escritos. Santa Gertrudes é uma
referência maior da espiritualidade medieval e de hoje, apesar de ter nascido
no dia 6 de Janeiro de 1256, festa da Epifania, festa da manifestação de Jesus.
Em 6 de Outubro de 2010, o nosso amado Papa
Bento XVI , falando aos peregrinos reunidos na Praça de S. Pedro, disse:
“ Santa Gertrudes, a
Grande, de quem gostaria de vos falar hoje, leva-nos esta semana ao mosteiro de
Helfta, onde nasceram algumas das obras-primas da literatura religiosa feminina
latino-alemã. É a este mundo que pertence Gertrudes, uma das místicas mais
famosas, única mulher da Alemanha que recebeu o apelativo «Grande», pela
estatura cultural e evangélica: com a sua vida e pensamento, ela incidiu de
modo singular sobre a espiritualidade cristã. É uma mulher extraordinária,
dotada de particulares talentos naturais e de excepcionais dons de graça, de
humildade profundíssima e de zelo ardente pela salvação do próximo, de íntima
comunhão com Deus na contemplação e de prontidão no socorro aos necessitados. como
a própria Gertrudes escreve: «Os estigmas das tuas chagas salubres que me
imprimiste, como se fossem colares preciosos, no coração; e a profunda e
salutar ferida de amor com que me marcaste. Tu inundaste-me com estes dons de
tanta bem-aventurança que, mesmo se eu vivesse mil anos sem qualquer consolação
interna ou externa, a sua recordação seria suficiente para me confortar,
iluminar e encher de gratidão. Quiseste ainda introduzir-me na intimidade inestimável
da tua amizade, abrindo-me de várias formas aquele sacrário nobilíssimo da sua
Divindade, que é o teu Coração divino [...] A este acúmulo de benefícios
acrescentaste outro, concedendo-me como Advogada a Santíssima Virgem Maria, tua
Mãe, e recomendando-me com frequência ao seu carinho, como o mais fiel dos
esposos poderia recomendar à própria mãe a sua dilecta esposa»” .
O papa Bento XVI continuou nesta excelente
catequese:
«Orientada para a
comunhão sem fim, conclui a sua vicissitude terrena no dia 17 de Novembro de
1301, ou 1302, com cerca de 46 anos. No sétimo Exercício, o da preparação para
a morte, Santa Gertrudes escreve: «Ó Jesus, Tu que me és imensamente querido,
está sempre comigo, para que o meu coração permaneça contigo e o teu amor
persevere comigo, sem possibilidade de separação, e o meu trânsito seja
abençoado por ti, de tal modo que o meu espírito, livre dos vínculos da carne,
possa encontrar repouso imediatamente em ti. Amém!» (Esercizi, Milão
2006, p.
148).
Santa Gertrudes
aparece representada com coração sobre o peito nesta estátua da cripta, aliás
uma representação muito frequente desta santa. Porquê? Ele mesma dá a
explicação quando escreveu : « Quiseste ainda introduzir-me na
intimidade inestimável da tua amizade, abrindo-me de várias formas aquele
sacrário nobilíssimo da sua Divindade, que é o teu Coração divino.».
Santa
Gertrudes é, na realidade uma beneditina que deve ser modelo ainda hoje para
nós, os que acreditamos que o coração de
Jesus é “ sacrário nobilíssimo da Sua Divindade” .
Quando
olharmos para esta imagem da cripta, paremos um pouco e pensemos , através da sua representação, o
quanto é valioso contemplar que sobre o peito desta grande mística medieval
está o coração de Jesus!
Carlos
Aguiar Gomes
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