quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

O BEM E O BARULHO


"O bem não faz barulho e o barulho não faz bem."

 

 

É célebre este pensamento de S. Francisco de Sales , um santo da transição dos séculos XVI/XVII , padroeiro dos jornalistas, fundador de ordens religiosas e que nos legou várias obras  entre outras ,a  outrora muito lida e meditada “ Introdução à Vida Devota “  que hoje passou de moda, porque a moda hoje é fluida, gasosa e efémera e , a pobre, toda se arrepia quando se lhe põe pela frente escritos imorredoiros, profundos e sérios como os que S. Francisco de Sales nos legou. E é pena.

Mas indo à frase, ao pensamento, que encima este meu pobre escrito. Na realidade , em tempo de ditadura do ruído, do barulho que só nos traz o  mal em catadupa, que esconde o muito de bem e de bom que , apesar de tudo, se vai fazendo pelo mundo. O barulho esconde, tapa e abafa o Bem e o Bem não faz barulho. Esta ideia é magistralmente abordada na extraordinária obra do Cardeal Sarah – “ A Força do Silêncio contra a Ditadura do Barulho “ ( Lucerna, Cascais, 2017 ). Bem sei que o Cardeal Sarah está “ excomungado” pelas forças poderosas do política e religiosamente correcto! Também sei que ao fazer a apologia deste magnífico livro já caí nas unhas dos excomungadores da moda que ressumam ódio contra este Cardeal guineense, vestindo aquele, o ódio ,   de amor do progresso, do diálogo e da modernidade …  Paciência. Nunca deixei de pensar pela minha cabeça e de fazer as minhas opções de vida. Não me arrependo, mesmo que esta “ casmurrice” me tenha trazido olhares de soslaio e de repúdio como se vivesse na Idade Média e fosse leproso.

… Mas é um facto que o barulho nunca faz bem. Nunca! Também é verdade que o Bem não faz barulho e raramente é notícia e muito menos notícia de primeira página ou de abertura de telejornais. E é neste mundo do barulho que Deus nos colocou como um desafio à nossa capacidade de encontrar e saber fazer silêncio, útero do Bem. Ou se se quiser, de encontrar Deus, o sumo Bem.

Olhe-se à nossa volta, e não teremos de ir muito longe nem andar de lanterna na mão , para ver como a malvadez, a mentira, o menosprezo pelas nossas crenças, a calúnia, o ódio, o desprezo e ataque cerrado à vida humana, ao eugenismo que elimina bebés que não correspondam aos padrões em voga ( trata-se de um neo-hitlerismo aceite e promovido com imenso barulho) ou  as manobras cavilosas para destruir o que ainda vai havendo de bem, bom e belo que  fazem barulho e correm céleres nas chamadas “ redes sociais “, muitas vezes “ travestidas “ de um insidioso “ ouvi dizer”, “ “ alguém me disse … “ e outras expressões do mesmo condomínio lexical! Como é lamentável este barulho destruidor!...

E tantas vezes o Bem, o Belo e o Bom, têm vergonha de se mostrar e , assim, animar, aqueles que tentam destruir pelo barulho do mal e seus parentes próximos e que se sentem desanimados ou a caminho de recolherem aos seus chinelos de quarto, ensimesmando-se … É assim que se derrota o bem, por incúria e desatenção dos que acreditam que o bem é que salva o mundo e não o ruído. O barulho das palavras, das ideias em moda imposta pelo barulho acobertado pelos media, o barulho que nos impõe como ambiente de vida e até, muito frequentemente, de oração ( onde está o silêncio propicio à oração em tantas e tantas das nossas igrejas? ).

Volto ao cabeçalho deste escrito:

“ O barulho não faz bem e o bem não faz barulho “!

Carlos Aguiar Gomes

( O autor não escreve de acordo com o chamado AO )

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