"O bem não faz barulho e o barulho
não faz bem."
É célebre este pensamento de S.
Francisco de Sales , um santo da transição dos séculos XVI/XVII , padroeiro dos
jornalistas, fundador de ordens religiosas e que nos legou várias obras entre outras ,a outrora muito lida e meditada “ Introdução à
Vida Devota “ que hoje passou de moda,
porque a moda hoje é fluida, gasosa e efémera e , a pobre, toda se arrepia
quando se lhe põe pela frente escritos imorredoiros, profundos e sérios como os
que S. Francisco de Sales nos legou. E é pena.
Mas indo à frase, ao pensamento, que
encima este meu pobre escrito. Na realidade , em tempo de ditadura do ruído, do
barulho que só nos traz o mal em
catadupa, que esconde o muito de bem e de bom que , apesar de tudo, se vai
fazendo pelo mundo. O barulho esconde, tapa e abafa o Bem e o Bem não faz
barulho. Esta ideia é magistralmente abordada na extraordinária obra do Cardeal
Sarah – “ A Força do Silêncio contra a Ditadura do Barulho “ ( Lucerna,
Cascais, 2017 ). Bem sei que o Cardeal Sarah está “ excomungado” pelas forças
poderosas do política e religiosamente correcto! Também sei que ao fazer a
apologia deste magnífico livro já caí nas unhas dos excomungadores da moda que
ressumam ódio contra este Cardeal guineense, vestindo aquele, o ódio , de amor do progresso, do diálogo e da
modernidade … Paciência. Nunca deixei de
pensar pela minha cabeça e de fazer as minhas opções de vida. Não me arrependo,
mesmo que esta “ casmurrice” me tenha trazido olhares de soslaio e de repúdio
como se vivesse na Idade Média e fosse leproso.
… Mas é um facto que o barulho nunca faz
bem. Nunca! Também é verdade que o Bem não faz barulho e raramente é notícia e
muito menos notícia de primeira página ou de abertura de telejornais. E é neste
mundo do barulho que Deus nos colocou como um desafio à nossa capacidade de
encontrar e saber fazer silêncio, útero do Bem. Ou se se quiser, de encontrar
Deus, o sumo Bem.
Olhe-se à nossa volta, e não teremos de
ir muito longe nem andar de lanterna na mão , para ver como a malvadez, a
mentira, o menosprezo pelas nossas crenças, a calúnia, o ódio, o desprezo e
ataque cerrado à vida humana, ao eugenismo que elimina bebés que não
correspondam aos padrões em voga ( trata-se de um neo-hitlerismo aceite e
promovido com imenso barulho) ou as
manobras cavilosas para destruir o que ainda vai havendo de bem, bom e belo que
fazem barulho e correm céleres nas
chamadas “ redes sociais “, muitas vezes “ travestidas “ de um insidioso “ ouvi
dizer”, “ “ alguém me disse … “ e outras expressões do mesmo condomínio
lexical! Como é lamentável este barulho destruidor!...
E tantas vezes o Bem, o Belo e o Bom,
têm vergonha de se mostrar e , assim, animar, aqueles que tentam destruir pelo
barulho do mal e seus parentes próximos e que se sentem desanimados ou a
caminho de recolherem aos seus chinelos de quarto, ensimesmando-se … É assim
que se derrota o bem, por incúria e desatenção dos que acreditam que o bem é
que salva o mundo e não o ruído. O barulho das palavras, das ideias em moda
imposta pelo barulho acobertado pelos media, o barulho que nos impõe como
ambiente de vida e até, muito frequentemente, de oração ( onde está o silêncio
propicio à oração em tantas e tantas das nossas igrejas? ).
Volto ao cabeçalho deste escrito:
“ O barulho não faz bem e o bem não faz barulho “!
Carlos Aguiar Gomes
( O autor não escreve de acordo com o
chamado AO )
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