Passou, já há mais de um mês, a
época da grande alienação em que transformaram o Natal. O consumismo
hiperbólico. Já há imensos jovens que não sabem o que é, de facto, o Natal. São
estes os sinais do nosso tempo. Alguns dos muitos sinais que nos indicam que
perdemos a Cultura que nos identificou.
Agora preferimos as prendas. Ou,
então, discutir os animais a que querem atribuir todos direitos e regalias!
Vejamos o que se passou
recentemente no Parlamento, onde os deputados que estão lá eleitos por nós,
para nos representar e defender os nossos direitos de Pessoas Humanas, estas,
sim, com direitos.
Depois da hilariante discussão
sobre os provérbios e ditos populares que mencionam animais, querendo proibir
que se “ouse” referir as bestas e afins em saberes populares… Afirmando que não
se podem usar assim os animais. Mesmo que, por exemplo, se procure insultar uma
pessoa (o que não está bem por se
insultar um ser humano) mas por tal dito poder ser um insulto para determinado
animal. Dou um exemplo grosseiro, da baixa ralé, soez que diz : « Aquela mulher
parece uma vaca» . O objectivo de quem profere o insulto é rebaixar a mulher.
Os “animalófilos” querem entender que o insulto, gravíssimo, é para a vaca…
Como se esta se importasse de ser comparada a uma mulher de mau porte ou maus
costumes!... O mal destes ditos e provérbios está em usar os animais … Ora aqui
está o crime. Se um “ Bife é duro como cornos” não passará, segundo estas
mentes brilhantes, de um insulto intolerável para aqueles apêndices dos bois,
dos bodes ou dos carneiros, por exemplo.
Mais recentemente, os deputados,
pagos com os nossos impostos para nos resolverem os nossos problemas e nos
aliviarem, discutiram os metros quadrados que cada besta teria de ter para ser
transportada de camioneta ou de barco. Esqueceram-se das pessoas que, piores
que « sardinhas em lata» ( outro dito excomungável) atafulham os transportes
públicos das grandes cidades ( quem tentou entrar , em hora de ponta, no metro
de Lisboa, sabe a que me refiro). E que dizer dos hospitais em cujos corredores
se “ enlatam” doentes de diversas patologias sem conforto, dignidade e
salubridade onde médicos, enfermeiros e auxiliares se esgueiram como em
labirinto. Para estas vítimas, que têm direitos, não há exigências. Quantos
metros quadrados devem ser previstos por jovem nas discotecas onde se apinham
sem condições de segurança e de mobilidade ágil centenas de adolescentes e
jovens?
Para o próximo Natal, talvez
(aqui deixo a sugestão) chegará a vez de protestarem com a maior veemência
contra o Pai Natal, um velhote explorador das pobres renas que a imaginação
infantil olha com espanto. Como se poderá tolerar que o velhote carregue as
pobres renas com as prendas? Exijam que seja este a puxar os trenós e a
carregar as prendas. Não pode? Paciência, que morra pois já há velhos a mais.
Mas protejam-se as renas, mesmo no imaginário das crianças que, se não forem protegidas
desta mensagem exploradora dos animais se vão habituar a não respeitar os “
direitos dos animais”. Quantas crianças, ao verem o velhote no trenó, não se
imaginarão a ser elas próprias a serem carregadas pelas renas, sem pensar na
infame exploração destes animais de regiões gélidas e obrigados a andar por
esse mundo fora… Triste exploração …
Porém, são estes os tempos. Os
tempos do Pensamento Único e do desprezo das Pessoas que se abortam,
eutanasiam, descartam. Enfim, temos o que queremos. E como “ idiotas úteis”
votamos sem saber bem em quem votamos.
Carlos Aguiar Gomes
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