“ Para recuperar a esperança, pois, a nossa época necessita de crianças” ( Papa Francisco, 30. I.2019)
A Europa e, nela Portugal, vive em pleno “ Inverno Demográfico” há já varias décadas. Não há substituição de
gerações. Os países estão a envelhecer dramaticamente, nomeadamente os do Sul.
Portugal toma a dianteira.
O Papa Francisco não se tem cansado de falar e chamar a atenção deste
cataclismo suicidário. Ainda recentemente ( 30.I. 2019 ) disse:
“ Não somente na Europa se
têem poucos filhos, e demasiados são os que são privados do direito de nascer,
como, também, porque temos sido incapazes de dar aos jovens os instrumentos
materiais e culturais para enfrentar o futuro. A Europa vive uma espécie de
déficite de memória.Voltar a ser uma comunidade solidária significa redescobrir
o valor do passado, para enriquecer o próprio presente e entregar à posteridade
um futuro de esperança”. ( Vale a pena reler, a propósito, a Exortação Apostólica Pós-Sinodal “
Ecclesia in Europa” de S. João Paulo II).
Este Papa, no dia 3 deste mês disse que o aborto era um verdadeiro “
assassínio de massa” e que era era urgente” um compromisso concreto para
favorecer os nascimentos com o concurso das instituições e de diferentes
realiades culturais e sociais, reconhecendo a família como o seio materno da
sociedade”.
São muito poucos os bebés que conseguem escapar à morte ainda no ventre
materno, morte provocada por um chamado “
direito ao aborto”, cirúrgico ou químico. E perante esta chacina diária, “
ouve-se” um silêncio cúmplice da sociedade e nela , infelizmente, de quem tem a
obrigação de fazer alertas permanentes para este crime que a lei acoberta e o
Estado paga com o dinheiro de todos os contribuintes. E este silêncio acomodado
em Portugal é impresionante.
Em alguns países periodicamente fazem-se “ Marchas pela Vida ” que juntam
centenas de milhar de cidadãos e merecem o aplauso e incentivo de políticos e
dirigentes religiosos. Ainda recentemente aconteceu uma gigantesca manifestação
pró-vida em França ( Paris ) de que os nossos meios de comunicação social
fizeram um boicote pelo silêncio. No entanto, foram muitos milhares que
desfilaram pelo centro de Paris, com o apoio claro e convicto de dezenas de
Bispos ( pelo menos 19 Bispos deram publicamente o seu apoio), a começar pelo
Arcebispo de Paris. E até houve Bispos que participaram na frente da Marcha
pela Vida …
Em Portugal também houve marchas pela vida há poucos meses em várias cidades
como Braga onde algumas centenas de cidadãos se manifestaram pela vida. Por
favor, caros leitores, indiquem-me algum apoio que tiveram estas marchas, pois
devo ter andado distraído e não dei conta que tivesse havido qualquer palavra
ou gesto de apoio … até do clero.
Entretanto, alguns políticos, pensam que aumentam a natalidade, de forma
significativa, dando alguns euros de esmolas, esquecendo-se de que o problema
da natalidade é de natureza cultural. Instalou-se durante muitos anos uma
mentalidade anti-vida, anti-natalista, com campanhas sistemáticas levadas a
cabo pelos políticos e por organizações que fazem do aborto uma bandeira do que mentirosamente
apelidam de libertação da mulher. Quantas campanhas são levadas a cabo por
educadores e pelos meios de comunicação social , há décadas, em nome da “
educação sexual” e em que é promovida a irresponsabilidade dos jovens perante a
sexualidade!... E tudo com o silêncio acomodado dos pais e de tantos
responsáveis religiosos.
… E o silêncio de tantos e tantos que nunca se deveriam cansar de afirmar,
alto, claro e bom som, que a vida humana é sagrada, que começa no momento da
concepção, que ninguém tem o direito de dispor de uma vida indefesa. Que
precisamos de apoios e incentivos à protecção da natalidade , sobretudo em mães
desprotegidas e frágeis, abandonadas e somente encaminhadas para o hospital
onde lhe vão matar o filho, usando um eufemismo, para não chocar, de “
interrupção voluntária da gravidez”.
Precisamos de vozes claras na
defesa da vida humana, nascente ou em fim de vida que também está ameaçada,
fortemente, com a desejada, por alguns, legalização da eutanásia. Deve ser esta
uma forma prioritária de “ semear esperança”, de “ recuperar a esperança”
perdida.
Carlos Aguiar Gomes
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