quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

RECUPERAR A ESPERANÇA


                                               

 

“ Para recuperar a esperança, pois, a nossa época necessita de crianças” ( Papa Francisco, 30. I.2019)

 

A Europa e, nela Portugal, vive em pleno “ Inverno Demográfico” há  já varias décadas. Não há substituição de gerações. Os países estão a envelhecer dramaticamente, nomeadamente os do Sul. Portugal toma a  dianteira.

O Papa Francisco não se tem cansado de falar e chamar a atenção deste cataclismo suicidário. Ainda recentemente ( 30.I. 2019 ) disse:

“ Não somente na Europa se têem poucos filhos, e demasiados são os que são privados do direito de nascer, como, também, porque temos sido incapazes de dar aos jovens os instrumentos materiais e culturais para enfrentar o futuro. A Europa vive uma espécie de déficite de memória.Voltar a ser uma comunidade solidária significa redescobrir o valor do passado, para enriquecer o próprio presente e entregar à posteridade um futuro de esperança”. ( Vale a pena reler, a propósito, a Exortação Apostólica Pós-Sinodal “ Ecclesia in Europa” de S. João Paulo II).

Este Papa, no dia 3 deste mês disse que o aborto era um verdadeiro “ assassínio de massa” e que era era urgente” um compromisso concreto para favorecer os nascimentos com o concurso das instituições e de diferentes realiades culturais e sociais, reconhecendo a família como o seio materno da sociedade”.

São muito poucos os bebés que conseguem escapar à morte ainda no ventre materno, morte provocada por  um chamado “ direito ao aborto”, cirúrgico ou químico. E perante esta chacina diária, “ ouve-se” um silêncio cúmplice da sociedade e nela , infelizmente, de quem tem a obrigação de fazer alertas permanentes para este crime que a lei acoberta e o Estado paga com o dinheiro de todos os contribuintes. E este silêncio acomodado em Portugal é impresionante.

Em alguns países periodicamente fazem-se “ Marchas pela Vida ” que juntam centenas de milhar de cidadãos e merecem o aplauso e incentivo de políticos e dirigentes religiosos. Ainda recentemente aconteceu uma gigantesca manifestação pró-vida em França ( Paris ) de que os nossos meios de comunicação social fizeram um boicote pelo silêncio. No entanto, foram muitos milhares que desfilaram pelo centro de Paris, com o apoio claro e convicto de dezenas de Bispos ( pelo menos 19 Bispos deram publicamente o seu apoio), a começar pelo Arcebispo de Paris. E até houve Bispos que participaram na frente da Marcha pela Vida …

Em Portugal também houve marchas pela vida há poucos meses em várias cidades como Braga onde algumas centenas de cidadãos se manifestaram pela vida. Por favor, caros leitores, indiquem-me algum apoio que tiveram estas marchas, pois devo ter andado distraído e não dei conta que tivesse havido qualquer palavra ou gesto de apoio … até do clero.

Entretanto, alguns políticos, pensam que aumentam a natalidade, de forma significativa, dando alguns euros de esmolas, esquecendo-se de que o problema da natalidade é de natureza cultural. Instalou-se durante muitos anos uma mentalidade anti-vida, anti-natalista, com campanhas sistemáticas levadas a cabo pelos políticos e por organizações que fazem  do aborto uma bandeira do que mentirosamente apelidam de libertação da mulher. Quantas campanhas são levadas a cabo por educadores e pelos meios de comunicação social , há décadas, em nome da “ educação sexual” e em que é promovida a irresponsabilidade dos jovens perante a sexualidade!... E tudo com o silêncio acomodado dos pais e de tantos responsáveis religiosos.

… E o silêncio de tantos e tantos que nunca se deveriam cansar de afirmar, alto, claro e bom som, que a vida humana é sagrada, que começa no momento da concepção, que ninguém tem o direito de dispor de uma vida indefesa. Que precisamos de apoios e incentivos à protecção da natalidade , sobretudo em mães desprotegidas e frágeis, abandonadas e somente encaminhadas para o hospital onde lhe vão matar o filho, usando um eufemismo, para não chocar, de “ interrupção voluntária da gravidez”.

Precisamos de vozes claras na defesa da vida humana, nascente ou em fim de vida que também está ameaçada, fortemente, com a desejada, por alguns, legalização da eutanásia. Deve ser esta uma forma prioritária de “ semear esperança”, de “ recuperar a esperança” perdida.

  Carlos Aguiar Gomes

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