PAQUISTÃO: Igreja assinalou oitavo aniversário da morte de Shahbaz Bhatti, assassinado por defender inocência de Asia Bibi
O Paquistão assinalou ontem o oitavo aniversário do assassinato do cristão Shahbaz Bhatti, em 2011, pela ousadia de ter defendido publicamente a inocência de Asia Bibi.
Após ter saído de sua casa no dia 2 de Março de 2011, Shahbaz Batti foi brutalmente assassinado a tiro por um grupo de terroristas que se identificaram mais tarde como pertencentes à Al-Qaeda do Punjab.
Shahbaz Bhatti, o único ministro católico do governo paquistanês de então, foi morto por ter defendido a inocência de Asia Bibi, a cristã acusada de blasfémia por ter bebido um copo de água de um poço e condenada, em 2010, à pena de morte. Este processo só terminaria no final do ano passado com a absolvição desta mulher, mãe de cinco filhos, pelo Supremo Tribunal de Justiça.
Ontem, domingo, dia 3 de Março, Shahbaz Bhatti foi recordado pela coragem com que assumiu a defesa de Asia Bibi mas também por uma vida sempre ao lado dos mais fracos e dos perseguidos da sociedade paquistanesa.
A aldeia de Kushpur, onde Shahbaz nasceu, e a cidade de Islamabad, a capital do Paquistão, foram palco das duas principais cerimónias evocativas do antigo ministro das minorias, organizadas pela “All Pakistan Minorities Alliance”, e pela ONG “Missão Shahbaz”, lançada pelo seu irmão, Paul Bhatti, precisamente com o objectivo de continuar o seu legado e missão junto das populações mais desfavorecidas do país.
O Padre Emmanuel Parvez, conterrâneo de Shahbaz Bhatti, recordou-o como “um homem de profunda fé e um líder destemido”, na defesa dos oprimidos, dos pobres e dos que não tinham voz na sociedade paquistanesa.
A causa de Asia Bibi transformou-o num alvo dos grupos radicais tendo recebido várias ameaças de morte. O Padre Parvez lembrou-o também pela forma desassombrada como lidou com essas ameaças. Em declarações à Agência Fides, o sacerdote diz que, apesar dos riscos que corria, Shahbaz “estava determinado a continuar a sua missão”, dizendo que “nunca abandonaria os pobres e os perseguidos”.
A luta contra a Lei da Blasfémia, usada vezes sem conta de forma injusta no Paquistão normalmente para acusar pessoas pertencentes às minorias religiosas do país, como é o caso dos cristãos, é agora um dos objectivos principais da “Missão Shahbaz”, uma Organização Não-Governamental lançada por Paul Bhatti como homenagem ao seu irmão assassinado há oito anos.
Paul Bhatti já esteve em Portugal a convite da Fundação AIS tendo sido um dos principais oradores do “Meeting Lisboa” de 2015, um evento multidisciplinar subordinado nesse ano ao tema da felicidade e da vida, e que teve lugar no Centro Cultural de Belém.
Em entrevista à Fundação AIS, este médico assumiu a urgência da luta contra a Lei da Blasfémia lembrando o envolvimento do seu irmão na defesa de Asia Bibi.
“Ao ter conhecimento de que se tratava de uma acusação, o meu irmão tentou defender esta mulher e ao defendê-la criticou esta lei de forma muito forte e queria mesmo alterá-la, e foi morto por ser alguém contra essa filosofia radical que quer impor a sua ideologia no Paquistão.”
Paul Bhatti reconhece que o seu irmão “era uma grande ameaça” para os grupos mais radicais da sociedade paquistanesa. “Para além do seu apoio à Asia Bibi, há muitos anos que recebia ameaças. Durante vinte e oito anos da sua vida ele combateu para proteger as minorias religiosas que são perseguidas no Paquistão”, disse ainda à Fundação AIS em Portugal.
Carlos Aguiar Gomes entrega a Paul Bhatti, irmão de Clemente SHAHBAZ BHATTI, frente à Capelinha das Aparições em Fátima, um conjunto das Newsletters dedicados aos CRISTÃOS PERSEGUIDOS
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.