ÀS VEZES, raras, brilham luzeiros nestas trevas
Dom António Couto, Bispo de
Lamego, na apresentação da reedição fac-simile da interessantíssima, oportuna e
útil obra “ LORETO LUSITANO – Virgem Senhora da Lapa “, cuja primeira edição
completa este ano 300 anos inicia o seu texto com estas palavras sábias:
«Com maior ou menor clareza e lucidez, todos nos vamos apercebendo que
atravessamos hoje um mundo difícil, atordoado, opaco e hostil, difícil de
habitar e de classificar: um mundo sem rostos, sem referências, sem pradarias,
sem caminhos, sem fontes e sem céu. Parece que também sem chão. Há quem o chame
de pós-moderno e pós-iluminista, mas também se veem já mãos erguidas a exibir
as etiquetas de pós-ideológico, pós-religioso, pós-cristão, pós-moral, e mesmo
pós-humano. E aqueles que gostam de escavar mais fundo a paisagem que lhes
surge pela frente, avançam já que estamos a viver numa sociedade póstuma, onde,
como se lê no Livro da Sabedoria, “ os vivos já não são suficientes para
sepultar os mortos” ( Sabedoria 18,12)».
Depois de ler este primeiro
parágrafo da dita “Apresentação”, a minha vontade era dar por terminado este
meu artigo, tal a clareza, profundida de análise e acerto das palavras do
Senhor Dom António, que uma TAC sociológica não conseguiria fazer melhor.
Sim, tem toda a razão o Bispo
de Lamego nas palavras com que inicia o seu extraordinário texto, aliás como é
seu timbre e já nos habituou com os seus luminosos escritos. É, assim, esta
nossa sociedade de « felicidade bovina”, de pastos altamente tóxicos e que “ verdejam”(?) em
todas as latitudes. Uma sociedade que entrou em fase de autólise.
Graças a Deus, aparecem
algumas vozes dissonantes nestas “ pastagens tóxicas”. São muito poucas, mas
ousadas, já que o silêncio de tantos é ruído ensurdecedor se não mesmo
conivente e, se falam, ainda confundem mais os que querem e clamam por palavras
claras que sejam referências sólidas.
Quero trazer, aqui e neste
artigo, uma brevíssima referência à coragem dos Bispos do Gana, um país pobre
de África, mas rico na defesa dos valores humanos. Assim, vamos aos factos. A
UNESCO, que depende da ONU, presidida por Guterres, há muito que tem em marcha
uma campanha de “ deseducação” dos povos. Todos já devemos ter dado conta. Por exemplo,
se um determinado país, pobre de preferência, e a precisar de matar a fome aos
seus cidadãos e de os alfabetizar, recebe apoio daquela instituição, esta impõe
um roteiro de, por exemplo, promover campanhas de educação sexual das crianças
( aliás ela está em marcha em Portugal, com enorme força e com o silêncio dos
pais, e não só!....). Chama-se este programa da Unesco, em apreço, “
Comprehensive Sexuality Education”. Uma vasta campanha cheia de recursos
financeiros, suportada pelas redes homossexuais e mundialistas com o fim de
transformar as mentalidades dos mais novos. Mas, caros leitores, o Presidente
da República do Gana, Nana Akufo-Addo, perante a reacção forte, corajosa,
destemida e frontal, da Conferência Episcopal Ganesa, presidida pelo Arcebispo
Tamale, Dom Philip Naamale , em 11 de Novembro passado, aquele dirigente viu-se
na obrigação de prescindir dos milhões de dólares que estavam à disposição dos emissários
da destruição dos valores humanos fundamentais. São da Conferência Episcopal do
Gana estas palavras assombrosamente claras, que não deixam dúvidas e que
mudaram o rumo da Educação no Gana:
« Opomo-nos muito firmemente a toda a CSE ( Comprehensive Sexuality
Education) que ensina a aceitação dos LGBTQ e o casamento homossexual como
normal» ou « Não pertence a interesses supranacionais financiar o governo a fim
de aplicar uma tal política, são os pais os primeiros responsáveis».
…. E assim, o Governo ganês deixou
de manipular as crianças e jovens de acordo com agendas que minam a sociedade.
Basta olhar o que está à nossa volta nas escolas, nos media, na
publicidade …, para ver como a “ felicidade bovina” dos portugueses se alheia
de tudo…
O meu profundo agradecimento à Conferência Episcopal Católica do Gana
pela sua coragem, firmeza na defesa de valores inegociáveis e ousadia preciosa
de terem ido contra a corrente do “ politicamente” correcto.
Carlos Aguiar Gomes
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