Revisitei, numa destas últimas
semanas, Viseu, com minha Mulher. Obviamente que se nos impôs voltar ao Museu
Grão Vasco. E reapreciámos, sobretudo, a maravilhosa pintura de Vasco Fernandes
( século XVI/XVII), o Grão Vasco. Extasiámo-nos com o “ seu” S. Pedro. Não
deixámos de nos interpelar sobre a sua localização, bem central e em fundo
branco, fazendo realçar todo o esplendor daquele quadro. As expressões, as
cores, as sombras ou a perspectiva, tudo é perfeito.
Esta e outras peças pictóricas
deste pintor maior de Portugal ali estavam para nos deleitar. Mas estavam todas
deslocadas do enquadramento para as quais foram encomendadas e onde estiveram
séculos até serem levadas (palavra suave!) para um Museu. Eram peças para
igreja. Para o culto. Para ajudar os cristãos a contemplar verdades da sua Fé.
É bom termos presente que aquela e outras obras de arte sacra foram e deveriam
ser entendidas antes de tudo como objectos de culto e, só depois, como obras de
arte. Os nossos museus públicos e, nomeadamente, os Arquivos Distritais e a
Torre do Tombo, existem porque grande parte dos documentos foram lá parar “
subtraídos” a Conventos, Mosteiros, Paços Episcopais, Paróquias , etc e etc.
Todos sabemos disso e ninguém ,hoje, nem os lesados, querem que de lá saiam.
Contudo, usando a lógica da extrema esquerda, a tal do “ pensamento único”, deveriam
ser devolvidos à procedência e já. Mas falta-lhes a honestidade e a coerência
intelectual.
... A deputada que “ nasceu
para estar no parlamento”(!) e no Parlamento de Portugal, o país colonizador e
que a acolheu sem lhe perguntar a qual das etnias da sua terra, a Guiné,
pertence ou a cor da sua pele – será por qualquer privilégio hereditário? – com
os seus seguidores , desavindos e não desavindos, querem e exigem que os portugueses devolvam o que trouxeram do
nosso antigo Ultramar. Acho razoável a ideia desta “ iluminada” deputada SE os
bens da Igreja Católica que lhe foram roubados, legalmente ( nem todos!),
tiverem a mesma sorte. Seria interessante pensarmos um pouco no que ficaria
nestas casas da cultura, abertos a todos. Também a dita cuja senhora deputada e
sequazes que quando visitam o Museu de Arte Antiga ( Lisboa) se podem
deslumbrar com os painéis de Nuno Gonçalves que vieram do Mosteiro de S.
Vicente de Fora e nunca pensaram nem querem pensar em que os ditos painéis
voltem para o templo para o qual foram feitos. Não são coerentes, pois não?
De facto, certas
manifestações ditas anti-racistas ou anti - xenófobas, não são mais do que um
puro, extremista e fanático racismo e xenofobia. De ódio feroz a quem não
pertence ao “ seu clube”.
António Barreto, no PÚBLICO (
2.II. 2020) escreveu , a propósito deste delírio que ganha raízes nas seitas
bem pensantes, um notabilíssimo artigo – “ OS REPARADORES DA HISTÓRIA – cuja
leitura me permito sugerir a quem não teve a dita de o ter lido. Deste
magnífico artigo, transcrevo a parte final:
« É um verdadeiro delírio adolescente que
criou raízes nas mentes de tão ilustres europeus de pele branca e alma
colorida. Sarar cicatrizes da História é uma actividade que conduzirá
certamente ao desastre. Tal empreendimento é impossível, o que já é um bom
argumento para não experimentar. Mas, tentando, dá tragédia» .
Vale a pena ler este artigo
de António Barreto pela sagacidade e bom senso, o que falta à dita deputada
que, como disse, “ nasceu para estar no Parlamento”, nasceu na
Guiné-Bissau, para ser deputada no Parlamento de Portugal! Um espanto.
Tive a sorte de ter lido este
belíssimo texto, precisamente depois de me deslumbrar no Museu Grão Vasco de
Viseu, com as obras deste vulto maior das artes portuguesas e no meio da
agitação esquerdista para a devolução de obras trazidas do Ultramar. Não há
acasos.
Termino ousando chamar a
atenção dos meus possíveis leitores, que brevemente se irá propor a supressão
do escudo dos castelos e quinas, o que nem a república facciosa de 1910 ousou
retirar. Mas lá chegaremos.
Carlos Aguiar Gomes
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