quinta-feira, 6 de fevereiro de 2020

SE FOR ASSIM … Então vamos mais longe por «´mor» da Justiça


               

   Revisitei, numa destas últimas semanas, Viseu, com minha Mulher. Obviamente que se nos impôs voltar ao Museu Grão Vasco. E reapreciámos, sobretudo, a maravilhosa pintura de Vasco Fernandes ( século XVI/XVII), o Grão Vasco. Extasiámo-nos com o “ seu” S. Pedro. Não deixámos de nos interpelar sobre a sua localização, bem central e em fundo branco, fazendo realçar todo o esplendor daquele quadro. As expressões, as cores, as sombras ou a perspectiva, tudo é perfeito.
   Esta e outras peças pictóricas deste pintor maior de Portugal ali estavam para nos deleitar. Mas estavam todas deslocadas do enquadramento para as quais foram encomendadas e onde estiveram séculos até serem levadas (palavra suave!) para um Museu. Eram peças para igreja. Para o culto. Para ajudar os cristãos a contemplar verdades da sua Fé. É bom termos presente que aquela e outras obras de arte sacra foram e deveriam ser entendidas antes de tudo como objectos de culto e, só depois, como obras de arte. Os nossos museus públicos e, nomeadamente, os Arquivos Distritais e a Torre do Tombo, existem porque grande parte dos documentos foram lá parar “ subtraídos” a Conventos, Mosteiros, Paços Episcopais, Paróquias , etc e etc. Todos sabemos disso e ninguém ,hoje, nem os lesados, querem que de lá saiam. Contudo, usando a lógica da extrema esquerda, a tal do “ pensamento único”, deveriam ser devolvidos à procedência e já. Mas falta-lhes a honestidade e a coerência intelectual.
   ... A deputada que “ nasceu para estar no parlamento”(!) e no Parlamento de Portugal, o país colonizador e que a acolheu sem lhe perguntar a qual das etnias da sua terra, a Guiné, pertence ou a cor da sua pele – será por qualquer privilégio hereditário? – com os seus seguidores , desavindos e não desavindos, querem e exigem  que os portugueses devolvam o que trouxeram do nosso antigo Ultramar. Acho razoável a ideia desta “ iluminada” deputada SE os bens da Igreja Católica que lhe foram roubados, legalmente ( nem todos!), tiverem a mesma sorte. Seria interessante pensarmos um pouco no que ficaria nestas casas da cultura, abertos a todos. Também a dita cuja senhora deputada e sequazes que quando visitam o Museu de Arte Antiga ( Lisboa) se podem deslumbrar com os painéis de Nuno Gonçalves que vieram do Mosteiro de S. Vicente de Fora e nunca pensaram nem querem pensar em que os ditos painéis voltem para o templo para o qual foram feitos. Não são coerentes, pois não?
    De facto, certas manifestações ditas anti-racistas ou anti - xenófobas, não são mais do que um puro, extremista e fanático racismo e xenofobia. De ódio feroz a quem não pertence ao “ seu clube”.
   António Barreto, no PÚBLICO ( 2.II. 2020) escreveu , a propósito deste delírio que ganha raízes nas seitas bem pensantes, um notabilíssimo artigo – “ OS REPARADORES DA HISTÓRIA – cuja leitura me permito sugerir a quem não teve a dita de o ter lido. Deste magnífico artigo, transcrevo a parte final:
   « É um verdadeiro delírio adolescente que criou raízes nas mentes de tão ilustres europeus de pele branca e alma colorida. Sarar cicatrizes da História é uma actividade que conduzirá certamente ao desastre. Tal empreendimento é impossível, o que já é um bom argumento para não experimentar. Mas, tentando, dá tragédia» .
    Vale a pena ler este artigo de António Barreto pela sagacidade e bom senso, o que falta à dita deputada que, como disse, “ nasceu para estar no Parlamento”, nasceu na Guiné-Bissau, para ser deputada no Parlamento de Portugal! Um espanto.
   Tive a sorte de ter lido este belíssimo texto, precisamente depois de me deslumbrar no Museu Grão Vasco de Viseu, com as obras deste vulto maior das artes portuguesas e no meio da agitação esquerdista para a devolução de obras trazidas do Ultramar. Não há acasos.
   Termino ousando chamar a atenção dos meus possíveis leitores, que brevemente se irá propor a supressão do escudo dos castelos e quinas, o que nem a república facciosa de 1910 ousou retirar. Mas lá chegaremos.
Carlos Aguiar Gomes
  


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