domingo, 8 de março de 2020

A IGREJA NA NIGÉRIA REAGE CONTRA O TERROR!

4-3-2020

NIGÉRIA: Igreja mobiliza centenas de pessoas para denunciar terror do Boko Haram


Centenas de pessoas juntaram-se no domingo em protesto na capital da Nigéria contra o “alto nível de insegurança” que se vive no país, em resultado dos contínuos ataques por parte do grupo terrorista Boko Haram.

Liderada pelos bispos nigerianos, a manifestação reuniu sacerdotes, religiosas e leigos, “em nome dos mais de 22 milhões de católicos e dos mais de 100 milhões de cristãos” do país, e em protesto, como explicou D. Augustine Akubeze, “contra o assassinato brutal de nigerianos inocentes”.

Por coincidência, no próprio domingo, dia 1 de Março, em consequência de diversos ataques no estado de Kaduna, situado no norte do país, mais de meia centena de pessoas foram mortas em diversas aldeias, nomeadamente Kerawa, Zareyawa e Minda, havendo ainda o registo de casas incendiadas e saqueadas.

O Arcebispo Akubeze, presidente da Conferência Episcopal, usou da palavra para reclamar contra “os sequestros para a obtenção de resgates, que acontecem em todas as partes da Nigéria”, afirmando que estavam ali também para lamentar todas as “mulheres, crianças, bebés e homens mortos pelos terroristas”.

D. Augustine Akubeze fez questão de dizer ainda que a manifestação era também “para informar o Governo” que os cristãos sentem-se “cansados de ouvir” dizer que os terroristas “do Boko Haram foram ‘tecnicamente derrotados’, mesmo quando ainda [nos] atacam impunemente”.

Num claro protesto contra a ineficácia das autoridades face à violência sem fim que tem atingido algumas regiões da Nigéria, especialmente no norte do país onde o Boko Haram procura instaurar um ‘califado’, o líder da Conferência Episcopal desafiou o presidente nigeriano Mohammadu Buhari a assumir as suas responsabilidades, protegendo as vidas e os bens das populações e levando os responsáveis à justiça.

Na ocasião, fez ainda um apelo à comunidade internacional para “ajudar a Nigéria” e aos jornalistas ocidentais para falarem das “lágrimas e dores dos cristãos perseguidos indefesos” neste país africano. “Se os meios de comunicação social do Ocidente fizerem uma cobertura abrangente e constante às atrocidades que ocorrem na Nigéria”, o mundo descobrirá, disse o Arcebispo, “que as pessoas estão a morrer todos os dias na Nigéria às mãos do Boko Haram da mesma maneira que as pessoas estão a morrer na Síria.”

Esta manifestação ocorreu poucos dias depois de o Bispo de Maiduguri ter enviado também uma carta a todos os sacerdotes, religiosas e leigos da sua diocese.

Nessa missiva, que fez chegar também à Fundação AIS, D. Oliver Doeme Dashe fala da onda de violência que se tem abatido sobre a sua diocese mas também sobre o norte do país que desde 2009 tem estado a ser sujeito a constantes ataques por parte do Boko Haram, um grupo jihadista que se tem revelado particularmente impiedoso para com a comunidade cristã.

Na carta, D. Oliver Doeme fala essencialmente no Boko Haram mas refere também outros responsáveis pela “tortura impiedosa e eliminação da vida de nigerianos inocentes”. É o caso dos “pastores Fulani, raptores e ladrões armados, entre outros” grupos.

Classificando estes grupos como “agentes do diabo”, o prelado acusa-os de terem causado “a destruição sem sentido de vidas e de propriedades na maioria das áreas abrangidas pela nossa diocese e, de facto, em toda a parte nordeste do país”. Uma situação que se tem agravado nos últimos tempos. “Recentemente, os ataques foram muito graves”, reconhece o Bispo, acrescentando que, “desde Dezembro do ano passado, até ao momento, vivemos uma série de ataques, muitos deles direccionados apenas aos Cristãos.”

Entre os casos “muito graves” que ocorreram em Dezembro do ano passado, “e que não podemos simplesmente esquecer”, D. Oliver Dome refere “o massacre de 11 cristãos” no dia de Natal, “o assassinato de duas das nossas jovens cristãs em Gwoza, a caminho do casamento de uma delas”, o assassinato “de dois rapazes cristãos e o rapto de duas jovens cristãs que acompanhavam esses rapazes a caminho de Monguno”.

Perante a evidência de que esta violência, que dura já há mais de uma década, não dá sinais de abrandar, o Bispo de Maiduguri apela à oração de todos. E dá como exemplos a seguir “o jejum e a oração no final do mês”, assim como “uma hora de adoração ao Santíssimo antes das Missas da manhã em todas as paróquias e instituições”, e ainda “a oração do Terço com o povo”.

A mensagem termina com um apelo para que “ninguém tenha dúvidas, desespero ou desânimo”, pois “a nossa Mãe Maria nunca nos desiludirá”. “Ela irá seguramente esmagar o Boko Haram e outras forças do mal na nossa diocese e para além dela.”


PA | Departamento de Informação da Fundação AIS | info@fundacao-ais.pt   

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