sexta-feira, 24 de abril de 2020

“Não estamos preparados para enfrentar a pandemia”, diz Nabil Antaki, médico e colaborador da AIS em Alepo

SÍRIA: “Não estamos preparados para enfrentar a pandemia”, diz Nabil Antaki, médico e colaborador da AIS em AlepoSÍRIA:


Não há ainda muitos casos conhecidos de coronavírus na Síria. No entanto, isso não significa que o país venha a ser poupado a uma proliferação da pandemia. Para o médico Nabil Antaki, coordenador da campanha da Fundação AIS “uma gota de leite para as crianças de Alepo”, o baixo número de pessoas infectadas com o Covid19 é apenas consequência dos poucos testes realizados até hoje.

Em entrevista à agência de notícias AsiaNews, Antaki afirma a sua convicção de que “o número de pessoas infectadas pelo coronavírus é maior do que as estatísticas oficiais” apontam, pois não foi ainda iniciada “uma política geral de triagem”. Por isso, “apenas as pessoas com os sintomas mais graves da doença são testadas”.

De qualquer forma, independentemente da real dimensão que o coronavírus possa ter na Síria, este médico cristão manifesta a sua preocupação perante a fragilidade do sistema de saúde pois o país está em guerra há já uma década.

“Não estamos preparados para enfrentar a pandemia. Antes do conflito, o sistema de saúde da Síria funcionava perfeitamente, mas a guerra afectou-o de uma maneira muito profunda”, explica o clínico, apontando também responsabilidades para “as sanções contra Damasco impostas pelos EUA e pela União Europeia”.

Para o doutor Nabil Antaki, se a epidemia vier a alastrar, tornar-se-á evidente a falta de equipamento hospitalar para o tratamento dos pacientes e isso poderá transformar-se num desastre. “Não temos equipamento suficiente para lidar com eles, como ventiladores, leitos para terapia intensiva… seria um desastre.”

Na entrevista à AsiaNews, o colaborador da Fundação AIS reconhece que as medidas adoptadas até agora pelo governo de Damasco têm-se revelado satisfatórias no combate ao alastramento da pandemia do coronavírus.

“Até agora, as medidas tomadas são suficientes: escolas, universidades, restaurantes, cafés, fábricas, escritórios e todas as empresas, além das do sector alimentar, estão fechadas”, estando em vigor o recolher obrigatório a partir das 18 horas. Se o número de pessoas infectadas crescer assinalavelmente, afirma ainda Nabil Antaki, “será necessário declarar” um isolamento mais severo.

Entre todos os sectores da sociedade, são os refugiados e deslocados internos que suscitam maior preocupação por estarem a viver em locais com menos condições sanitárias. Todos os que vivem “nos campos de refugiados são os mais vulneráveis”, diz o médico de Alepo, reconhecendo que, por isso, estão em maior “risco” e são, claro, “uma fonte de preocupação”.

No entanto, Antaki acrescenta que, “pelo menos até agora, não registavam maior incidência de casos do que os demais”.

Nabil Antaki é cristão e médico em Alepo. Especialista em gastroenterologia, tem estado na linha da frente no apoio à população síria vítima de guerra há já uma década. Uma das áreas que o têm notabilizado prende-se com o apoio aos sectores mais fragilizados da população, nomeadamente as crianças. Desde 2015 que é o coordenador da campanha da Fundação AIS “uma gota de leite para as crianças de Alepo”.

Esta campanha, que tem merecido ao longo dos anos um apoio entusiástico por parte dos benfeitores portugueses da AIS, tem-se revelado essencial para a sobrevivência de centenas de crianças.

O próprio Dr. Antaki, numa mensagem enviada para a Fundação AIS, explica isso. “Todos os meses distribuímos leite para cerca de 3 mil crianças e bebés. As necessidades crescem diariamente. Embora este seja um desafio enorme, é também um sinal de esperança.”

Na mensagem de agradecimento que enviou para os benfeitores da Ajuda à Igreja que Sofre, Nabil Antaki explica que todas as pessoas que ficaram na Síria, apesar da guerra e da violência, não podem ser abandonadas. “Estas pessoas precisam tanto de assistência quanto as que já fugiram do país. Precisam de ajuda e de esperança!

Para as auxiliar, Nabil Antaki decidiu ficar na Síria, junto do seu povo. “Vou ficar em Alepo enquanto precisarem de mim. Obrigado aos benfeitores da Fundação AIS pela ajuda constante!”


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