quinta-feira, 30 de abril de 2020

Oração do Rosário com Heinrich Biber

Ao longo das próximas semanas, partilharemos um itinerário de meditação sobre os 15 Mistérios do Rosário. Ao ritmo de um por dia, cada um deles será acompanhado pela sonata correspondente, composta para violino e tecla pelo compositor austríaco Heinrich Biber.

Heinrich Ignaz Franz von Biber foi provavelmente o maior violinista do séc. XVII. Para além disso, foi um compositor singularmente inovador, deixando uma vasta influência às gerações seguintes, não apenas pelo estilo progressista mas também pela ousadia na dificuldade técnica. Pouco se sabe sobre a sua infância: apenas que nasceu na actual República Checa e, desde muito cedo, dominou os vários instrumentos de cordas. Aos 40 anos tornou-se mestre-de-capela em Salzburgo, cargo no qual seria sucedido, algumas décadas mais tarde, por Lepold Mozart.
Da sua vasta obra sacra, desitnada à liturgia, destaca-se o Requiem a 15 vozes e a colossal Missa Salisburgensis à 53 voci. Muitas das suas obras fazem uso de figurações programáticas mas as Sonatas dos Mistérios do Rosário são o pináculo de toda a sua obra. Também o uso extensivo de scordatura as torna objecto de grande atenção por parte dos violinistas. Esta obra grandiosa consiste de três ciclos, com cinco sonatas cada um, correspondentes aos Mistérios Gozozos, Dolorosos e Luminosos, perfazendo um total de 15 sonatas. Por fim, a obra conclui com uma majestosa Passacaglia: um ciclo de variações sobre o coral Einen Engel Gott mir geben: um hino para a festa dos Anjos da Guarda.
Não pretendemos substituir, com esta oração, a recitação diária ou periódica do terço que muitos cristãos já fazem! Trata-se de uma abordagem diferente (mais pessoal e menos litúrgica) à mesma oração. Portanto será, para alguns, um acrescento e para outros o pórtico pelo qual entrarão na recitação periódica do terço. Por isso mesmo, também não há uma estrutura rígida para esta oração: cada um poderá adapta-la ao seu ritmo e preferência. No entanto, tomamos a liberdade de sugerir um possível formato:
Recolho-me num local calmo e isolado, tendo comigo o Terço, o dispositivo electrónico (telemóvel, computador, tablet ou leitor de CD) e eventualmente auscultadores auriculares. Após uma invocação inicial ao Espírito Santo, começo por enunciar o título do mistério e reflectir sobre que significado lhe atribuo. Num segundo passo, leio a passagem das escrituras correspondente, deixando-me interpelar por esta a redescobrir mais um pouco sobre o mistério relatado. De seguida, rezo o Pai Nosso.
Antes da primeira
Ave Maria, ponho a Sonata a tocar e rezo essa dezena enquanto escuto a música, meditando. Se a Sonata acabar antes da décima Ave Maria, continuo a oração até ao fim, deixando ressoar o silêncio. Se, ao contrário, a dezena se esgotar antes da conclusão da Sonata, escuto atentamente a música até ao fim antes de prosseguir.
Depois, rezo o Glória com as jaculatórias pessoais. É conveniente concluir com uma oração a S. José, aquele que - como marido apaixonado - meditou como ninguém os mistérios da Santíssima Virgem e, por fim, um novo momento de silêncio para a reflexão pessoal.
Se a meditação é feita em conjunto e/ou em voz alta poderá ser mais adequado escutar atentamente toda a sonata entre o Pai Nosso e a primeira Ave Maria.
Alguns dos leitores poderão perguntar-se porque é que este exercício meditativo não inclui os Cinco Mistérios Luminosos. É muito simples: acontece que na época em que Biber compôs as suas Sonatas, estes cinco mistérios ainda não eram utilizados para a meditação do Rosário. À guisa de preparação, todos devemos ler a Carta Apostólica de São João Paulo Magno sobre o Rosário: Rosarium Virginis Mariae
Para um conhecimento mais aprofundado, ler o artigo de Peter Holman Biber: The Mystery Sonatas

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