quinta-feira, 9 de abril de 2020

Quinta-feira Santa: instituição do Sacerdócio e da Eucaristia

Maurice Duruflé faz parte da longa lista de compositores a quem a história ainda não prestou o devido reconhecimento. Tetraplégico desde 1975 e falecido em 1986, a sua música ainda não é conhecida fora dos círculos específicos da música erudita.
Natural da Normandia, recebeu a sua primeira formação musical enquanto puer cantor da Catedral de Rouen, onde nasceu a sua afinidade pelo Cantochão. Aos 18 anos entrou para o Conservatório de Paris onde estudou órgão com Eugene Guigout e composição com Paul Dukas. Reputado em vida, sobretudo enquanto organista, foi o assistente de Louis Vierne até à morte deste, quer enquanto organista da Catedral de Notre Dame de Paris, quer na classe de órgão do Conservatório. Em 1930 foi nomeado organista-titular de Saint-Étienne-du-Mont (no Quartier Latin), cargo que partilhou até ao fim da vida com a sua esposa, Marie-Madeleine Chevalier. Foi professor de Jean Guillou, considerado o maior organista do nosso tempo.

Dois dos seus Quatro motetes sobre melodias gregorianas focam-se sobre a Missa da Ceia do Senhor e a dupla instituição que nela ocorreu:

Ubi caritas et amor, Deus ibi est: 
Congregavit nos in unum Christi amor. Exsultemus, et in ipso jucundemur.
Timeamus, et amemus Deum vivum et ex corde diligamus nos sincero. 

Ubi caritas et amor, Deus ibi est:
Simul ergo cum in unum congregamur: Ne nos mente dividamur, caveamus. 
Cessent iurgia maligna, cessent lites et in medio nostri sit Christus Deus. 

Ubi caritas et amor, Deus ibi est:
Simul quoque cum beatis videamus, glorianter vultum tuum, Christe Deus: 
Gaudium quod est immensum, atque probum, saecula per infinita saeculorum. Amen.
Este texto já foi escrito em latim quando a lingua oficial da Igreja ainda era o grego. É mais antigo do que o próprio ordo missae e foi, durante muitos séculos cantado durante o Lava-Pés. Quando São Paulo VI restaurou a antiquíssima tradição da Procissão de Ofertório para a Missa da Ceia do Senhor, desejou que este hino a acompanhasse.

Tantum Ergo são as duas estrofes conclusivas do poema Pange Lingua que São Tomás de Aquino escreveu em 1264 a pedido do Papa Urbano IV. A sua função original é como hino das Vésperas de Corpus Christi mas é igualmente cantado durante a procissão eucarística até ao Horto, na Quinta-feira Santa:
Tantum ergo Sacramentum 
Veneremur cernui: 
Et antiquum documentum 
Novo cedat ritui: 
Præstet fides supplementum 

Sensuum defectui. 
Genitori, Genitoque 
Laus et jubilatio, 
Salus, honor, virtus quoque 
Sit et benedictio: 
Procedenti ab utroque 
Compar sit laudatio. 
Amen.

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