Maurice Duruflé faz parte da longa lista de compositores a quem a história ainda não prestou o devido reconhecimento. Tetraplégico desde 1975 e falecido em 1986, a sua música ainda não é conhecida fora dos círculos específicos da música erudita.
Natural da Normandia, recebeu a sua primeira formação musical enquanto puer cantor da Catedral de Rouen, onde nasceu a sua afinidade pelo Cantochão. Aos 18 anos entrou para o Conservatório de Paris onde estudou órgão com Eugene Guigout e composição com Paul Dukas. Reputado em vida, sobretudo enquanto organista, foi o assistente de Louis Vierne até à morte deste, quer enquanto organista da Catedral de Notre Dame de Paris, quer na classe de órgão do Conservatório. Em 1930 foi nomeado organista-titular de Saint-Étienne-du-Mont (no Quartier Latin), cargo que partilhou até ao fim da vida com a sua esposa, Marie-Madeleine Chevalier. Foi professor de Jean Guillou, considerado o maior organista do nosso tempo.
Dois dos seus Quatro motetes sobre melodias gregorianas focam-se sobre a Missa da Ceia do Senhor e a dupla instituição que nela ocorreu:
Este texto já foi escrito em latim quando a lingua oficial da Igreja ainda era o grego. É mais antigo do que o próprio ordo missae e foi, durante muitos séculos cantado durante o Lava-Pés. Quando São Paulo VI restaurou a antiquíssima tradição da Procissão de Ofertório para a Missa da Ceia do Senhor, desejou que este hino a acompanhasse.Ubi caritas et amor, Deus ibi est:Congregavit nos in unum Christi amor. Exsultemus, et in ipso jucundemur.Timeamus, et amemus Deum vivum et ex corde diligamus nos sincero.Ubi caritas et amor, Deus ibi est:Simul ergo cum in unum congregamur: Ne nos mente dividamur, caveamus.Cessent iurgia maligna, cessent lites et in medio nostri sit Christus Deus.Ubi caritas et amor, Deus ibi est:Simul quoque cum beatis videamus, glorianter vultum tuum, Christe Deus:Gaudium quod est immensum, atque probum, saecula per infinita saeculorum. Amen.
Já Tantum Ergo são as duas estrofes conclusivas do poema Pange Lingua que São Tomás de Aquino escreveu em 1264 a pedido do Papa Urbano IV. A sua função original é como hino das Vésperas de Corpus Christi mas é igualmente cantado durante a procissão eucarística até ao Horto, na Quinta-feira Santa:
Tantum ergo Sacramentum
Veneremur cernui:
Et antiquum documentum
Novo cedat ritui:
Præstet fides supplementum
Sensuum defectui.
Genitori, Genitoque
Laus et jubilatio,
Salus, honor, virtus quoque
Sit et benedictio:
Procedenti ab utroque
Compar sit laudatio.
Amen.
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.