sexta-feira, 19 de junho de 2020

« C'est une révolte ? - Non, Sire, c'est une révolution »/ « É uma revolta?- « Não , Majestade, é uma Revolução»


« C'est une révolte ? - Non, Sire, c'est une révolution »


RESUMÉ



L`auteur, chrétien engagé et Maître de la Militia Sanctae Mariae – chevaliers de Notre Dame, écrit sur la situation de RÉVOLUTION dans notre Culture et Civilisation. Rien n´échappe aux révolutionnaires des mœurs par des minorités agressives et avec pouvoir auprès des media et des agents culturels devant la passivité de la majorité. Il faut bien regarder la réalité de chaque jour. Et aussi la passivité des citoyens. Oui, selon l`auteur, la Révolution est en marche et  bouleverse toute notre culture millénaire dont les racines sont bien ébranlés.






 
 Todos conhecemos este diálogo entre o Duque de La Rochefoucauld-Liancourt e o Rei de França, o mártir, Luís XVI. Este, quando a 15 de Julho de 1789 foi informado que na véspera tinha sido invadida a Bastilha e de lá tirados os poucos malfeitores presos, entre eles um célebre marquês de Sade, perguntou ao duque se era uma revolta e obteve a resposta certa e certeira: “Não, Majestade, é uma Revolução”. Sim tinha-se iniciado a Revolução Francesa naquele dia 14 de Julho de 1789. É este o marco inicial, mas a dita Revolução tinha começado muitas décadas antes com os filósofos e as ideias que difundiam livremente mesmo entre a nobreza de alta estirpe. Esta tinha aderido total e entusiasticamente. Os seus salões eram frequentados e animados por aqueles que haveriam, directa e indirectamente, de lhes  cortar a cabeça ou forçá-los ao exílio. Ninguém queria pensar na força das ideias. No seu poder transformador. E nada ficou como dantes. Em França e por todo o mundo. A Igreja, os costumes, a política, os bens fundiários e os bens da Igreja roubados, saqueados e vandalizados.
   O primeiro trabalho dos filósofos foi a demolição dos valores em que assentava uma civilização. Recordo, o que todos sabem, que os Reis de França eram ungidos, um sacramental, na Catedral de Reims e que todos se intitularam “ Rei de França”, excepto Luís Filipe, fruto da Revolução e de um Orleães regicida, que se intitulava Rei dos franceses, o que, no campo espiritual e político é diferente.
  Conhecem, os meus possíveis leitores, que com a Revolução Bolchevique, em 1917, se passou um fenómeno idêntico. Primeiro a destruição das ideias e, a seguir, as marcas desse património.
   Também se lembram da “ Revolução Cultural de Mao Tsé Tung, na China, que destruiu tudo o que eram “ raízes culturais e espirituais e depois os marcos materiais. Tudo guiado pelo vademecum tutorial das mudanças a fazer e do que havia de demolir-se. O célebre “ Livro Vermelho” que teve tradução e devotos nas democracias ocidentais, sobretudo nas camadas cultas que se deleitavam com tal literatura. Lembram-se do MRPP entre nós e outros movimentos similares cujos corifeus estão hoje sentados nas cadeiras do Poder político ou mediático?…
  Como escreveu Victor Hugo, em “ Histoire d`un crime”: « Resistimos  à invasão dos exércitos; não resistimos à invasão das ideias” . A História tem dado razão a Victor Hugo e vai continuar a dar.
   O que se tem passado por todo o Ocidente decadente, decadente porque foi invadido por ideias a que ninguém se opôs, salvo excepções que foram e são insultadas e anatematizadas como da Extrema-direita, fascistas, nazis e quejandos “ mimos” segregadores e postergadores para o inferno das ideias permitidas pela tirania cultural que nos lava a cabeça todos os dias e a toda a hora. Vivemos, não tenho dúvidas, um tempo (já com décadas!) de terrorismo cultural e nenhuma sociedade humana escapa a este exercício (da Igreja, à Política ou à Cultura) de demolição insultuosa do nosso património mais respeitável pela idade, valor intrínseco e simbólico. Nada escapa a este furor. Temos vergonha do nosso Passado.
   Razão tinha e continua a ter S. João Paulo II, Magno, quando, na Exortação Apostólica Pós-Sinodal “ Ecclesia in Europa”, escreveu: « A cultura europeia dá a impressão de uma “ apostasia silenciosa por parte do homem saciado, que vive como se Deus não existisse” ( nº9) ou « … quero recordar a crise da memória e herança cristãs) ( nº7) ou, ainda « como herdeiros que delapidaram o seu património» ( idem).
  Os últimos dias foram palco de vandalismo generalizado por todo o Ocidente. O nosso tão querido e Mestre Maior da nossa língua, o P. António Vieira, não escapou a esta fúria, perante o silêncio de tanta gente importante que não perde oportunidade nenhuma de se mostrar e de perorar sobre tudo, a começar pelo Chefe de Estado que deveria ser o garante da nossa Cultura e dos nossos valores e símbolos. No Brasil, por exemplo, vandalizaram uma estátua da maior Mulher brasileira na luta contra a escravatura, a Princesa Isabel, a que assinou a Lei Áurea e com este acto maior da nossa civilização cristã e ocidental perdeu o trono. Na Grã- Bretanha, atingiram Wiston Churchil, estadista de primeira grandeza. Na Bélgica, por exemplo, “ atiraram-se” a uma estátua do Rei ímpar daquele país, o Rei Balduino.
   Podemos apagar a nossa História ? Não. Não o devemos deixar fazer seja em nome do que for. Se alguém, alguma pessoa, não agiu do modo mais correcto em tudo o fez quando era vivo, a nossa atitude não será apaga-lo da História, mas chamar a atenção do que não fez tão bem e sempre com o cuidado de se falar do contexto cultural, político e espiritual da época em que essa personalidade viveu.
   Não me venham dizer que são os ignorantes que vandalizam os nossos monumentos ou pedem a sua demolição e que sejam arrasados até abaixo dos alicerces! Não, não são um bando ignaros. É gente que saiu ou está nas Faculdades (maioritariamente da área das Ciências Humanas, como convém ideologicamente falando) que o povo português paga com os seus impostos.
  O que tem sucedido não é uma revolta. É a Revolução em marcha.
  Estamos preparados? Não! Não estamos, nem queremos… se estamos, para já saciados pelos bens de consumo, abundantes e descartáveis para não nos “ chatearem” quando já não os queremos.
  A Revolução chegou à luz do dia e está já entre nós.
 « C'est une révolte ? - Non, Sire, c'est une révolution »

   Para terminar, e a propósito, permitam-me que sugira a leitura muito atenta de « O COMPLEXO OCIDENTAL» de Alexandre del Valle ( Ed. Casa das Letras, Alfragide,Fev. 2020 )… e divulguem esta obra magnífica.

Carlos Aguiar Gomes

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