quinta-feira, 23 de julho de 2020

Pequenas notas sobre este “ aqui e agora”


                                          Pequenas notas sobre este “ aqui e agora”


1.      O Papa  disse recentemente ( julho 2020) que a família é a base da sociedade e a estrutura mais adequada para garantir às pessoas o bem integral necessário ao seu desenvolvimento permanente” … “ Neste tempo em que vivemos, as famílias precisam de ser apoiadas, fortalecidas e acompanhadas…”. Nada de novo no concernente à posição da Igreja sobre a Família. É importantíssimo, contudo, repetir até à exaustão estas verdades tão bem definidas por S. João Paulo II, Magno, sobretudo na “ Familiaris consortio” que já está a cair no esquecimento. E é pena e lamentável.
… Entretanto, por este país e em todo o Ocidente, tem-se lutado com total afinco para destruir a Família estruturada como sempre foi e deveria continuar a ser: a presença do Pai, de uma Mãe, numa relação estável, e a disponibilidade para acolher os seus filhos. Pelo contrário, assistimos a um combate feroz por tudo o que conduz à destruição da Família. Nega-se às crianças, a tantas crianças, por exemplo, o direito de TODAS saberem quem são os seus pais ( Pai e Mãe!) e a viverem com eles e por eles serem amadas. Mas a Família, também são os Avós. A importância destes foi relevada pela pandemia do COVID- 19. E quando escrevo “ Avós” estou a referir-me aos maternos e paternos.
2.      “ HOJE, OS DIVÓRCIOS SOBEM, SOBEM, SOBEM E NINGUÉM FALA SOBRE ISSO”. Esta frase não é do Papa, de nenhum Bispo, de nenhum Padre nem de nenhum leigo católico. Esta afirmação, facilmente constatável, por exemplo, na fabulosa base de dados que é a PORDATA. É de um psiquiatra, socialista e que, creio não é um católico praticante: DANIEL SAMPAIO ( in PÚBLICO, 28 de Junho de 2020)  que tem uma obra notável na área da Educação e da Família. E os sucessivos Governos não têm feito nada pela Família. Todos os seus esforços têm sempre sido dirigidos para dissolver a Família. Facilitar ao máximo o divórcio. Desnaturar a própria essência da constituição da mesma. Apagar a natureza da PATERNIDADE e da MATERNIDADE, substituída pela noção “ abrangente” e “ apagadora” daquelas por um conceito vago e “ neutro”, o da parentalidade. Já estamos na loucura legal, em muitos países ( e nós lá vamos chegar!) de substituir as palavras PAI e MÃE, por um idiota, mas deletério, progenitor A ( ou um) e progenitor B ( ou dois). Dissolver a noção e importância do casamento como vínculo público, livre e responsável entre um Homem e uma Mulher.
3.      Em 7 de Janeiro de 2015, apresentei uma curta comunicação no Parlamento numa Audição sobre o tema: « Aprofundar a protecção das crianças, das famílias e promover a natalidade». Neste documento, entre outras achegas e interpelações, dirigindo-me aos deputados presentes, disse:
Onde está o vosso trabalho de apoio efectivo à orientação e mediação familiar, no respeito absoluto pelas opções de cada pessoa, criando condições para que uma decisão tão grave como o divórcio, sobretudo quando há crianças e jovens, não seja tomada de ânimo leve e de forma impulsiva face aos naturais conflitos conjugais? Os Deputados, representantes legítimos do povo, têm-se preocupado com a urgência que se impõe de se apoiarem as IPSS que trabalham ou desejam trabalhar nesta área, e que não têm qualquer tipo de apoio, fazendo o que os senhores deveriam considerar uma prioridade, para promover a natalidade e proteger as crianças e jovens?”.
Falei em nome pessoal mas pensei que a Associação Famílias, que sirvo voluntariamente há já bastante tempo, se tem preocupado, e muito, para apoiar e criar um centro que responda às minhas inquietações e que, como citei acima, também preocupa Daniel Sampaio. Contudo … nada!
Os Governos sucedem-se. A situação do nosso país no concernente às questões da Família vai-se degradando cada vez mais. Injectam dinheiro nos indivíduos e famílias, mas no importante não querem mexer, pelo contrário: cada vez mais legislam no sentido de “ escacar” a Família.
Naquele dia e naquelas circunstâncias disse mais o seguinte:
Precisamos urgentemente de políticas favoráveis à Família e à Vida, única condição ou, pelo menos, a mais importante,  para se começar a reverter este plano inclinado civilizacional que temos a mais baixa taxa de natalidade da Europa e do mundo e uma das mais elevadas taxas de divorcialidade do Ocidente. Somos um país de velhos abandonados. De pobres. Um país que perdeu a Esperança no seu devir. Um país que está a perder assustadoramente a sua memória colectiva e familiar”. Estas palavras já têm mais de 5 anos e a situação respeitante à Família e à Vida continuam a deteriorar-se e vai agravar-se irremediavelmente com a possível e provável legalização da Eutanásia. É triste este quadro da nossa sociedade.
Quem se cala, consente. Por enquanto, não me calarei.

Carlos Aguiar Gomes

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