Silêncios que
não compreendo
Em artigo anterior, partilhei com
os meus leitores, um pouco do que penso sobre “ SILÊNCIOS QUE INCOMODAM”, que
me incomodam que ocorram e nunca, mas mesmo nunca, deveriam ocorrer.
Abordarei, neste texto que partilho com os leitores, um tema muito
semelhante e inter-ligado: os SILÊNCIOS QUE NÃO COMPREENDO.
1.
O que se passa em Hong Kong, com a entrada das
“ chancas” de terror da China, contra a Democracia que foi vivida naquele
território, não é admissívem e não pode admitir que nos calemos. A « Lei de Segurança Nacional» que destrói
qualquer sintoma de discordância da Ditadura do partido Comunista Chinês e que
foi aplicada, e está a ser aplicada, desde a sua entrada em vigor, “ sem dó nem
piedade”, tem de merecer o nosso repúdio veemente. A liberdade prometida foi um
acto de puro ilusionismo político, com a
estória que só convenceu os imbecis e os idiotas úteis do Ocidente, aplicada,
também, a Macau, com grande aplauso nosso! A ameaça, de que nunca desistiram os
comunistas chineses ( com tantos adeptos entre nós!), de anexarem Taiwan , tal como fizeram ao Tibete , será
uma questão de tempo. Tanto mais breve quanto o silêncio cobarde do Ocidente se
fizer sentir. Depois, já sabemos, o que se passa: a ditadura feroz sobre todos
os que “ mexem” contra . Cai um silêncio que não compreendo sobre esta
atrocidade vinda de Pequim, do Partido Comunista Chinês. Os políticos sempre
tão solícitos a criticarem a Hungria ou a Polónia, por exemplo, nada dizem,
sendo situações totalmente diferentes. Calam-se. E a comunicação social que nos “
intoxica” todos os dias com o que se passa no Brasil ( que não é bom!),
cala-se sobre esta infâmia, este
silêncio, que não compreendo
2.
O Bispo Emérito de Hong Kong, Cardeal José Zen
Ze-Kiun SDB, o conhecido Cardeal Zen, não se tem poupado a esforços a denunciar
o “ Acordo Secreto “ entre a Santa Sé e a China sobre a chamada “ Igreja
Católica Patriótica”, fidelíssima ao Partido Comunista Chinês e a ele
subserviente, ignorando a Igreja Católica, na China, que há décadas é
perseguida, humilhada, torturada e só sobrevive ( e aumenta!) na
clandestinidade, malgrado as prisões de leigos, sacerdotes e Bispos que
resistem a abdicar da sua fidelidade a Roma. Este Cardeal publicou um livro,
que quis entregar ao Papa e que se chama : « POR AMOR AO MEU OPOVO NÃO ME
CALAREI» ( na edição italiana, disponível na Amazon: «Per
amore del mio popolo non tacerò: Ricordando il decimo anniversario della
Lettera di Papa Benedetto alla Chiesa in Cina»di Card. Joseph Zen | 20 set. ) “, já
traduzida em várias línguas ( desconheço se em português) no qual denuncia, com
factos indesmentíveis os ataque cerrados contra a liberdade religiosa na China
, que não é só contra os católicos ( os muçulmanos Yugures estão quase todos em
campos de “ reeducação”). A Fundação Pontifícia AJUDA À IGREJA QUE SOFRE e
outras organizações não se têm cansado de denunciar os permanentes e
constantes ataques a igrejas com a
destruição das cruzes exteriores, por exemplo, ou à obrigatoriedade de em cada
igreja haver um retrato do presidente Xi. O silêncio da Hierarquia católica, do chamado
livre, relativamente a esta situação, é outro silêncio que não compreendo. Como
não compreendo, de todo, o silêncio do Papa
às inúmeras cartas que o Cardeal
Zen lhe tem enviado. Este purpurado disse recentemente ( 6.VII.2020) que
acredita que as suas missivas não chegam ao Papa. Assim, vai usando as redes
sociais para falar ao mundo sobre as sua preocupações. E apesar da sua idade, não se cala. Um exemplo
de Fé e de coerência. Este Cardeal ficará na história da Igreja como um
libertador do povo contra a opressão para vergonha de tantos. Mais um
silêncio que não compreendo.
3.
No Domingo, dia 5 de Julho, o Papa iria dizer o
seguinte, ao Angelus, tal como foi distribuído aos jornalista, como é hábito,
sob embargo: “In questi ultimi tempi, ho seguito con
particolare attenzione e non senza preoccupazione lo sviluppo della complessa
situazione a Hong Kong, e desidero manifestare anzitutto la mia cordiale
vicinanza a tutti gli abitanti di quel territorio. Nell’attuale contesto, le
tematiche trattate sono indubbiamente delicate e toccano la vita di tutti;
perciò è comprensibile che ci sia una marcata sensibilità al riguardo. Auspico
pertanto che tutte le persone coinvolte sappiano affrontare i vari problemi con
spirito di lungimirante saggezza e di autentico dialogo. Ciò esige coraggio,
umiltà, non violenza e rispetto della dignità e dei diritti di tutti. Formulo,
poi, il voto che la vita sociale, e specialmente quella religiosa, si esprimano
in piena e vera libertà, come d’altronde lo prevedono vari documenti
internazionali. Accompagno con la mia costante preghiera tutta la comunità
cattolica e le persone di buona volontà di Hong Kong, affinché possano
costruire insieme una società prospera e armoniosa”. ( Nestes últimos dias,
segui com particular atenção e não sem preocupação o desenvolvimento da complexa
situação em Hong Kong e desejo manifestar acima de tudo a minha cordial
proximidade a todos os envolvidos daquele
território. No actual contexto, os assuntos tratados são, indubitavelmente, delicados e
respeitam à vida de todos pois é
necessário que seja marcada pela sensibilidade sobre tal. Desejo, portanto, que
todas as pessoas envolvidas saibam afrontar os vários problemas com
espírito claravidente sabedoria e de
verdadeiro diálogo. Isto exige coragem, humildade, não violência e respeito pela
dignidade e direitos. Formulo, pois, votos para que a sociedade, e
especialmente a religiosa, se exprimam em plena e verdadeira liberdade, como
estão previstas em vários documentos internacionais. Acompanho com a minha
constante oração toda a comunidade e as
pessoas de boa vontade de Hong Kong , para que possam construir juntos uma sociedade próspera e
harmoniosa – trad. de CAG).
O Papa, porém, não disse nada do que estava previsto. Um silêncio que
não compreendo.
4.
Somos “ atacados” a toda a hora sobre a
situação catastrófica, quanto ao COVID-19 , que se vive no Brasil e nos EUA. É
terrível. Mas não é terrível a situação dos venezuelanos que fogem à fome, à
falta de medicamentos e de liberdade e que já se contam por vários milhões?
Todos os dias fogem da fome homens, mulheres e crianças de um regime
totalitário perante o qual todo o Ocidente se curva e cala.
Mais um silêncio que não
compreendo.
5.
O que se está a passar no Norte de Moçambique,
no Burkina Faso, na Nigéria ou na República Centro Africana com os actos
terroristas de jihadistas muçulmanos, onde aldeias inteiras são destruídas, o
crime hediondo campeia e tantas mulheres são raptadas para uso esclavagista
ligado à exploração sexual, que oiço, como protesto dos que deveriam gritar e
sair à rua? Onde pairam esses agentes da agitação social contra a exploração
humana? Onde pairam esses “ corações cheios de misericórdia” no protesto público e publicado? Não os
sinto, não os vejo, não os oiço. O sofrimento de que padecem estes novos
mártires mereceria mais denúncias e mais constantes. O meu apreço público pelo
muito e bem, a tempo e a contra-tempo, que tem feito a Fundação Pontifícia
AJUDA À IGREJA QUE SOFRE, em Portugal e no mundo: sinto, vejo e oiço! Há
silêncios que não compreendo.
Carlos Aguiar Gomes
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