sexta-feira, 18 de setembro de 2020

M de murmuração

 

                                                           M

                                                           de

                                                  murmuração

 

   Quem de entre nós nunca murmurou? Contra quem ou sobre o quê? Meu Deus, é tantas respostas possíveis, então que cada um faça o seu exame de consciência! Talvez fique surpreendido de saber a importância que S. Bento dá à questão da murmuração. Não há na Regra, com efeito, vício contra o qual ele põe de sobreaviso o monge. A sua experiência ensinou-lhe que este vil defeito pode infiltrar-se por todo o lado e a propósito de tudo, quis mesmo escrever: « É a advertência que queremos fazer antes de tudo: que os monges se abstenham de murmurar» ( cap. 40).

   Porquê uma tal insistência? Porque diz-nos da realidade da alma e, consequentemente, da união a Deus. Uma alma que murmura não está em paz. A murmuração perturba-a e parasita, assim, a sua união ao Senhor. Eis o grande perigo para S. Bento.

   Para evitar este vício tão prejudicial, recordamo-nos que a murmuração é, no fundo, o refúgio fácil das almas fracas a quem falta o verdadeiro espírito sobrenatural. Se olharmos de mais perto, quais são, de facto, as causas mais frequentes dos nossos murmúrios? A nossa falta de paciência, de mortificação, o olhar sobrenatural para com a autoridade, a fé na providência divina e, enfim,o nosso amor próprio ferido e o nosso espírito demasiado crítico. Simplesmente! Garantimo-lo! No fundo da murmuração reside o mau espírito. Tantas causas que encontrarão pois o seu melhor antídoto no que S. Bento chama de “ bom zelo” ( Regra, cap. 72). Um alma cheia de bom zelo, isto é, de um espírito bom, não murmura. Tem demasiada fé para compreender que tudo o que  tem para viver entra da providência de Deus, e pode, pois, ser vivida com Ele e sob o Seu olhar e para aceitar o real tal como é. Não se refugia na murmuração, aceita o real na fé e na caridade. Eis um antídoto a pedir com fervor ao Espírito Santo!

Dom Ambroise, OSB  ( Monastère Sainte-Marie de la Garde – www.la-garde.org)

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