M
de
murmuração
Quem de entre nós nunca murmurou? Contra quem ou sobre o quê? Meu Deus,
é tantas respostas possíveis, então que cada um faça o seu exame de
consciência! Talvez fique surpreendido de saber a importância que S. Bento dá à
questão da murmuração. Não há na Regra, com efeito, vício contra o qual ele põe
de sobreaviso o monge. A sua experiência ensinou-lhe que este vil defeito pode
infiltrar-se por todo o lado e a propósito de tudo, quis mesmo escrever: « É a
advertência que queremos fazer antes de tudo: que os monges se abstenham de
murmurar» ( cap. 40).
Porquê uma tal insistência? Porque diz-nos da realidade da alma e,
consequentemente, da união a Deus. Uma alma que murmura não está em paz. A murmuração
perturba-a e parasita, assim, a sua união ao Senhor. Eis o grande perigo para
S. Bento.
Para evitar este vício tão prejudicial, recordamo-nos que a murmuração
é, no fundo, o refúgio fácil das almas fracas a quem falta o verdadeiro
espírito sobrenatural. Se olharmos de mais perto, quais são, de facto, as causas
mais frequentes dos nossos murmúrios? A nossa falta de paciência, de
mortificação, o olhar sobrenatural para com a autoridade, a fé na providência
divina e, enfim,o nosso amor próprio ferido e o nosso espírito demasiado
crítico. Simplesmente! Garantimo-lo! No fundo da murmuração reside o mau
espírito. Tantas causas que encontrarão pois o seu melhor antídoto no que S.
Bento chama de “ bom zelo” ( Regra, cap. 72). Um alma cheia de bom zelo, isto
é, de um espírito bom, não murmura. Tem demasiada fé para compreender que tudo
o que tem para viver entra da
providência de Deus, e pode, pois, ser vivida com Ele e sob o Seu olhar e para
aceitar o real tal como é. Não se refugia na murmuração, aceita o real na fé e
na caridade. Eis um antídoto a pedir com fervor ao Espírito Santo!
Dom Ambroise, OSB ( Monastère
Sainte-Marie de la Garde – www.la-garde.org)
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