“Frente à mensagem de amor do Novo Testamento, hoje impõe - se cada vez mais uma tendência de identificar completamente o culto cristão com o amor fraterno, não se querendo admitir mais nenhum amor directo a Deus, nenhuma veneração de Deus: reconhece-se exclusivamente o horizontal, negando-se o vertical ou seja a relação imediata com Deus. Depois do que se disse, não será difícil perceber por que uma tal concepção – à primeira vista – de aparência tão simpática, falha na questão do Cristianismo, e com ela, no problema do autêntico humanismo. Um amor fraterno auto-suficiente descambaria em egoísmo extremado de auto-afirmação. Um tal amor recusa sua abertura última, sua tranquilidade, seu desprendimento, não aceitando a necessidade da salvação deste amor por intermédio do único que realmente amou bastante. Finalmente, um tal amor, apesar de toda a bem-querença, causa injustiça a si mesmo e ao outro, porque o homem não se realiza apenas na simpatia mútua do co-humanismo, mas somente na reciprocidade daquele amor desinteressado que glorifica o próprio Deus. O desinteresse da simples adoração representa a suprema possibilidade do humanismo e sua verdadeira e definitiva libertação”.
Joseph RATZINGER, Introdução ao Cristianismo, Capítulo II, 2, 1., 1968
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