Educação, família e
liberdade
« Eis como este caso de uma família da nossa Arquidiocese que continua a suscitar grandes polémicas na opinião pública, nos deve levar a realçar o papel primordial e insubstituível da família no âmbito da educação. Assim saibamos aproveitar esta oportunidade» ( Dom Jorge Ortiga – 18.X.2020)
Em
boa hora o Senhor Arcebispo de Braga, Dom Jorge Ortiga, publicou uma Nota
Pastoral, sobre a liberdade de educar, a partir de um caso concreto do
exercício de violência de um Estado prepotente e manipulador . « EDUCAÇÃO,
FAMÍLIA E LIBERDADE» é o mote para esta oportuna Nota episcopal que deverá ter
um eco avassalador na diocese e fora dela.
Os
meus leitores, se os tenho, já deram conta que este tema me é particularmente
caro e a ele tenho dedicado muitos dos meus escritos aqui, no Diário do Minho,
noutros jornais e em múltiplas conferências que fiz em todo o país , com exclusão da Madeira.
Aliás, esta Nota Pastoral, fez-me recordar que em 1972, quando também não havia
liberdade de educar em plenitude por parte dos pais, fiz, no Porto, para um
grupo de intelectuais, a minha primeira conferência e que foi sobre este tema.
Assim, foi com júbilo que já fiz saber ao meu Arcebispo o quanto me agradava a
sua Nota e o quanto ela deveria ser bem divulgada para ver se os cristãos se
deixam entusiasmar pelo tema e lutam por ele, deixando-se de ser um bando de “
beatos” inconsequentes, sobretudo nos períodos eleitorais em que o voto, onde
reside o poder dos legisladores, é entregue muito frequentemente a quem coarcta
e combate a liberdade de educar que é um direito natural dos Pais e não do
Estado que só deveria agir quando os Pais se mostram ineptos para o exercício
da educação parental.
Os
filhos não são propriedade dos Pais. Estes são os seus “ tutores” naturais. Mas
do Estado é que não são, de modo algum! E não o podemos aceitar.
Vale a pena, pois, ler com atenção e gratidão esta Nota Pastoral que
nunca perderá a sua actualidade. Uma curta mas particularmente veemente que
quero aqui plasmar:
«
Esta minha nota pastoral terá valor se suscitar uma maior participação e
responsabilização por parte dos pais. 2. A doutrina a Igreja é muito clara ao
reconhecer os direitos dos pais. Por exemplo, afirma a exortação apostólica
Familiaris consortio, de São João Paulo II (n. 36): “O direito-dever educativo
dos pais qualifica-se como essencial, ligado como está à transmissão da vida
humana; como original e primário, em relação ao dever de educar dos outros,
pela unicidade da relação de amor que subsiste entre pais e filhos; como
insubstituível e inalienável, e portanto, não delegável totalmente a outros ou
por outros usurpável.”
… E
, a propósito, vale a pena recordar o que S. João Paulo II, Magno disse
no Sameiro, em 15 de Maio de 1982 :
« E
vós queridos pais e mães de família, conscientes de que o vosso lar é a primeira escola de
valorização humana dos filhos que Deus vos deu, estareis conscientes, também,
certamente, deste outro dever que vos incumbe: de tudo dispor e exigir, para
que os vossos filhos possam progredir harmoniosamente, na ascenção para a vida,
apoiados numa conveniente formação humana e cristã.» E logo de seguida dizia (
eu recordo a clareza e força com o que o disse!), « A Igreja alegra-se quando
os poderes constituídos na sociedade, tendo em conta o pluralismo e a justa
liberdade religiosa, “ ajudam as famílias, para que a educação dos filhos possa
ser dada em todas as escolas, segundo os princípios morais e religiosos das
mesmas famílias”». Foi o que a Nota
Pastoral do Senhor Arcebispo diz, com outras palavras, mas o mesmo sentido e
veemência!
Agora, que vamos fazer com esta notável NOTA PASTORAL : « EDUCAÇÃO,
Família e Liberdade» ?
Não pode nem deve ficar nas
estantes! Tem de circular. Tem de ser debatida. Estudada. Divulgada mesmo junto
dos que não são cristãos. Na realidade, a problemática que esta NOTA PASTORAL
aborda é universal. Aplica-se aos pais de todas as confissões religiosas e ,
também, para os que não as têm. No fundo, é um “ manifesto” pela Liberdade!
Obrigado, mais uma vez, Senhor Arcebispo.
Carlos Aguiar Gomes
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