sábado, 7 de novembro de 2020

EDUCAÇÃO, FAMÍLIA E LIBERDADE

 

Educação, família e liberdade

 

« Eis como este caso de uma família da nossa Arquidiocese que continua a suscitar grandes polémicas na opinião pública, nos deve levar a realçar o papel primordial e insubstituível da família no âmbito da educação. Assim saibamos aproveitar esta oportunidade» ( Dom Jorge Ortiga – 18.X.2020)

 

   Em boa hora o Senhor Arcebispo de Braga, Dom Jorge Ortiga, publicou uma Nota Pastoral, sobre a liberdade de educar, a partir de um caso concreto do exercício de violência de um Estado prepotente e manipulador . « EDUCAÇÃO, FAMÍLIA E LIBERDADE» é o mote para esta oportuna Nota episcopal que deverá ter um eco avassalador na diocese e fora dela.

   Os meus leitores, se os tenho, já deram conta que este tema me é particularmente caro e a ele tenho dedicado muitos dos meus escritos aqui, no Diário do Minho, noutros jornais e em múltiplas conferências que fiz  em todo o país , com exclusão da Madeira. Aliás, esta Nota Pastoral, fez-me recordar que em 1972, quando também não havia liberdade de educar em plenitude por parte dos pais, fiz, no Porto, para um grupo de intelectuais, a minha primeira conferência e que foi sobre este tema. Assim, foi com júbilo que já fiz saber ao meu Arcebispo o quanto me agradava a sua Nota e o quanto ela deveria ser bem divulgada para ver se os cristãos se deixam entusiasmar pelo tema e lutam por ele, deixando-se de ser um bando de “ beatos” inconsequentes, sobretudo nos períodos eleitorais em que o voto, onde reside o poder dos legisladores, é entregue muito frequentemente a quem coarcta e combate a liberdade de educar que é um direito natural dos Pais e não do Estado que só deveria agir quando os Pais se mostram ineptos para o exercício da educação parental.

 Os filhos não são propriedade dos Pais. Estes são os seus “ tutores” naturais. Mas do Estado é que não são, de modo algum! E não o podemos aceitar.

  Vale a pena, pois, ler com atenção e gratidão esta Nota Pastoral que nunca perderá a sua actualidade. Uma curta mas particularmente veemente que quero aqui plasmar:

 « Esta minha nota pastoral terá valor se suscitar uma maior participação e responsabilização por parte dos pais. 2. A doutrina a Igreja é muito clara ao reconhecer os direitos dos pais. Por exemplo, afirma a exortação apostólica Familiaris consortio, de São João Paulo II (n. 36): “O direito-dever educativo dos pais qualifica-se como essencial, ligado como está à transmissão da vida humana; como original e primário, em relação ao dever de educar dos outros, pela unicidade da relação de amor que subsiste entre pais e filhos; como insubstituível e inalienável, e portanto, não delegável totalmente a outros ou por outros usurpável.”

 … E , a propósito, vale a pena recordar o que S. João Paulo II, Magno disse no Sameiro, em 15 de Maio de 1982 :

«  E vós queridos pais e mães de família, conscientes de  que o vosso lar é a primeira escola de valorização humana dos filhos que Deus vos deu, estareis conscientes, também, certamente, deste outro dever que vos incumbe: de tudo dispor e exigir, para que os vossos filhos possam progredir harmoniosamente, na ascenção para a vida, apoiados numa conveniente formação humana e cristã.» E logo de seguida dizia ( eu recordo a clareza e força com o que o disse!), « A Igreja alegra-se quando os poderes constituídos na sociedade, tendo em conta o pluralismo e a justa liberdade religiosa, “ ajudam as famílias, para que a educação dos filhos possa ser dada em todas as escolas, segundo os princípios morais e religiosos das mesmas famílias”».  Foi o que a Nota Pastoral do Senhor Arcebispo diz, com outras palavras, mas o mesmo sentido e veemência!

  Agora, que vamos fazer com esta notável NOTA PASTORAL : « EDUCAÇÃO, Família e Liberdade» ?

 Não pode nem deve ficar nas estantes! Tem de circular. Tem de ser debatida. Estudada. Divulgada mesmo junto dos que não são cristãos. Na realidade, a problemática que esta NOTA PASTORAL aborda é universal. Aplica-se aos pais de todas as confissões religiosas e , também, para os que não as têm. No fundo, é um “ manifesto” pela Liberdade!

Obrigado, mais uma vez, Senhor Arcebispo.

Carlos Aguiar Gomes

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