terça-feira, 24 de novembro de 2020

Missão católica de Nangololo, a segunda mais antiga da Diocese de Pemba, foi destruída pelos terroristas

 


Lisboa, 21 de Novembro de 2020 | PA

 

“Está tudo destruído…” O relato, enviado pelo Padre Edegard Silva para a Fundação AIS em Lisboa é taxativo. A missão de Nangololo, situada no Distrito de Muidumbe, foi atacada, ocupada e destruída pelos grupos armados que estão a espalhar o terror e a morte na província de Cabo Delgado, em Moçambique.

“No dia 30 de Outubro, os terroristas voltaram a ocupar o Distrito de Muidumbe onde fica a nossa Missão”, afirma na mensagem enviada para Lisboa, o sacerdote brasileiro. “Homens armados e violentos tomam conta por vinte dias de toda área da missão…” A chegada dos terroristas levou à debandada geral da população.

“Toda população foge para o mato. Nós nos refugiamos em Pemba”, afirma ainda este missionário saletino. Durante este tempo, toda a área esteve debaixo do controle dos terroristas, que apenas abandonaram o espaço da missão católica na passada quinta-feira, dia 19 de Novembro.

Só então foi possível verificar o que aconteceu. O relato, enviado para Lisboa, não deixa margem para dúvidas face à destruição provocada na missão de Nangololo. Alguns responsáveis, “mesmo correndo perigo, foram até a Aldeia de Muambula e, com muita dificuldade conseguem ligar” para Pemba fazendo o relato da destruição.

Escreve o Padre Edegard que “está tudo destruído… a casa onde residíamos transformou-se em cinzas… todos os equipamentos foram queimados”. “O templo onde fica a sede da Paróquia destruído… a sala da rádio comunitária queimada. A casa das irmãs destruída…”.

Os relatos que chegam a Pemba não falam apenas da destruição dos edifícios da Missão, da Igreja, da Rádio e da casa das irmãs. São relatos que dão conta também de um profundo sofrimento das populações face à violência dos ataques, havendo mesmo referência a “massacres”. “Pelos caminhos, estão encontrando muitos corpos já em decomposição e que aconteceram massacres. As ações dos terroristas são violentas, muitas pessoas foram decapitadas, casas queimadas e derrubadas…”

Padre Edegard Silva afirma que esta é uma situação dramática. Fala na “dor de um povo”. “Gente que continua sem localizar seus familiares. Pessoas que tiveram suas casas queimadas. Muitas pessoas assassinadas. Fala-se de massacres e de 500 mil deslocados. Vidas e vilas destruídas.”

O missionário saleitino lembra, na mensagem enviada para a Fundação AIS, a importância da “solidariedade internacional” perante este cenário de guerra e de destruição, com a necessidade de “encaminhar hospedagem, comida, remédio, água, barracas, lonas… para 500 mil pessoas…”

Quinhentas mil pessoas é a estimativa dos deslocados em Cabo Delgado em consequência dos ataques de grupos armados que reivindicam pertencer ao Daesh, o Estado Islâmico. Calcula-se que mais de duas mil pessoas tenham já perdido a vida.

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