Lisboa, 30 de Novembro de 2020 | PA
Pelo menos 110 pessoas foram assassinadas e muitas ficaram feridas pelo grupo terrorista Boko Haram num ataque ocorrido no sábado, dia 28 de Novembro, na região de Maiduguri, no nordeste da Nigéria. As vítimas, na sua maioria agricultores, foram mortas num ataque que já foi classificado como “um massacre horrível” pelo responsável local das Nações Unidas.
Edward Kallon, coordenador humanitário da ONU na Nigéria, afirmou num comunicado divulgado ontem, domingo, que os terroristas “armados que chegaram em motocicletas” realizaram um “ataque brutal contra homens e mulheres que estavam nos campos”.
Nesse comunicado, Kallon afirma ainda que estes civis “morreram cruelmente e muitos outros ficaram feridos”, sublinhando que algumas mulheres teriam sido também sequestradas. O ataque foi considerado por este alto responsável das Nações Unidas como o acto criminoso “mais violento” ocorrido este ano.
Há relatos de que os terroristas amordaçaram e degolaram as vítimas que trabalhavam nos campos de arroz a cerca de 10 quilómetros de Maiduguri.
Desde 2009 que o Boko Haram tem realizado ataques terroristas no norte e nordeste da Nigéria com o propósito de criação de um “califado” nesta região. A comunidade cristã tem sido um dos alvos principais dos terroristas.
O ataque deste fim-de-semana ocorreu numa área que pertence à diocese de Maiduguri, que tem sido uma das mais afectadas pela violência do Boko Haram. Em Setembro do ano passado, o Bispo local, D. Oliver Dashe Doeme, reconhecia em declarações à Fundação AIS que “os prejuízos” causados pelos terroristas eram já “gigantescos”.
E dava exemplos. “As estruturas da nossa Igreja foram destruídas e muitas pessoas tiveram de abandonar as casas onde as suas famílias sempre viveram. A situação actual é tão difícil que a nossa necessidade imediata é reconstruir as pessoas e o território…”
Além dos ataques terroristas que já causaram desde 2009 mais de vinte mil mortos, a Nigéria tem sido palco também de uma série de sequestros que têm afectado também a comunidade cristã. O caso da jovem estudante Leah Sharibu, raptada em Fevereiro de 2018 na sua escola em Dapchi, por exemplo, ganhou visibilidade internacional graças à denúncia de organizações como a Fundação AIS.
Leah, então com apenas 15 anos, foi raptada por elementos do Boko Haram e recusou converter-se ao Islamismo como os terroristas exigiam para a sua libertação. Por isso, ficou em cativeiro. Já este ano, houve o sequestro de quatro jovens do Seminário do Bom Pastor, no estado de Kaduna. Foi em Janeiro. Um desses jovens seminaristas, Michael Nnadi, acabou por ser assassinado.
A Igreja Católica tem denunciado a incapacidade do governo em lidar com a onda de violência jihadista nesta região da Nigéria, deixando as populações à mercê dos terroristas. Além dos mais de 20 mil mortos, há ainda mais de dois milhões e meio de deslocados internos e um número enorme de órfãos e viúvas.
Departamento de Informação da Fundação AIS | ACN Portugal
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