terça-feira, 19 de janeiro de 2021

ONTRA ESTA SOCIEDADE LIGHT, ANÉMICA e SEM MEMÓRIA ( 1)

Vivemos tempos desafiantes a todos os níveis. Infelizmente, tempos em que a humanidade, salvo excepções, vive sem “músculo”, como minhocas, viscosas e sem coluna vertebral, rasteira sem elevar os olhos acima do seu umbigo, de uma egolatria delirante. O que conta é o “meu eu”, aqui e agora, na abundância como nunca se viveu em tempo algum e sem muitas preocupações , ou nenhumas, que ultrapassem um olhar epidérmico e periférico.

Já. Muito. E os outros que se “lixem”, excepto os animais e as “energias” das florestas/telúricas a quem se adora com furor e fragor.

Mas é este o nosso “kairos”.

Nada escapa esta fúria destruidora e demolidora. Ai de quem eleve a sua voz, no uso da liberdade, para contestar este “modus vivendi”!

Mas há vozes que se levantam, corajosas, destemidas e ousadas.

Sou um leitor “compulsivo”. Desde muito criança que ganhei o bom hábito da leitura. Por isso, tenho sempre em vários locais da minha casa, um livro para ler: no quarto (nunca adormeço sem ler), no Quarto de banho, onde aproveito “tempos mortos” (às vezes de esforço!) e expectantes, no escritório, onde os braços do meu sofá têm livros e um dos que está ao seu lado, tem sempre um ou vários livros…

A propósito desta sociedade “Light, Anémica e Sem Memória”, li alguns livros, muito recentemente, que me entusiasmaram pelos temas e pela força da escrita dos seus autores. A nenhum deles fiquei indiferente. De todos recebi força e ideias para combater esta pobre sociedade que, imaginem, um simples e “invisível” vírus ameaça e mata, pondo, assim, em causa sua arrogância e a sua pseudo omnipotência.

Que livros são, então, esses que mexeram comigo? Vou indicá-los pela ordem que os li (obviamente que deixarei de lado, sem me referir aqui a eles, outros que li nas últimas semanas)?

1. “Liberdade de Expressão – um manifesto em prol da Democracia”, de um muito jovem hongkonquês, Josuha WONG (Ed. Bertrand,Lx, Julho de 2020) . O autor, que já passou várias vezes pela cadeia e é perseguido diariamente perante o silêncio cobarde do Ocidente e que se iniciou aos 12 (doze) anos quando tomou consciência de que o regime comunista chinês de Pequim, interferia… na liberdade de ensino! A sua luta começa aqui e com este tema que, a nós portugueses, nos deixa bovinamente indiferentes. Como diz Chris Patten, último Governador de Hong Kong no Prefácio e que de uma forma sintética, resume toda vida de luta de Wong: «Uma das leis imutáveis da história é que não é possível derrotar uma ideia encarcerando aqueles que as propõem»… «… por mais poderoso que alguém seja, é impossível impedir as pessoas de pensar; mais cedo ou mais tarde, as boas coisas que elas pensam acabam por expulsar as coisas más que os regimes autoritários procuram impor». … E Wong tem ideias estruturadas e pensadas. Wong pensa! Pensa e age com coerência. Vale a pena ler este livro , episódios de uma luta constante e sem desfalecimentos, que um jovem vive em Hong Kong e que narra, com rigor e fundamento, neste livro. Como seria bom que os jovens portugueses lessem este magnífico livro escrito por um par interventivo e corajoso!

2. Outro livro que acabei de ler (e já reli e sublinhei, várias passagens do mesmo) é: “La Force de la Verité- défis posés à la Foi catholique dans un monde qui n`est plus chrétien”, do Cardeal Gerhard Muller (Ed. Artège, Paris 2020), tradução do inglês “The Power of Truth"). Onze capítulos magníficos de reflexão profunda sobre a nossa Fé e a crise tremenda por que está a passar. Sem medo de parecer “bota de elástico” mas movido só e exclusivamente pela Fé, com muita coragem, sobretudo quando é pouco ou nada aceitável pelos sectores dominantes de “seitas” intra-eclesiais possidentes, defender a Verdade. O autor, que foi Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (2012 a 2017), mostra neste livro um pensamento muito bem estruturado, fundamentado e sem margens para dúvidas. Como seria bom que tantos católicos o lessem!

O espaço deste artigo chegou ao fim, mas, se Deus quiser, continuarei.

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Carlos Aguiar Gomes

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