… Por isso, nesta questão, como o que concerne ao aborto, à eutanásia ou pena de morte, não se pode nem deve ficar “neutro”, indiferente como estivéssemos diante de um interruptor eléctrico em nossa casa em que podemos ligar ou desligar a luz. Enquanto este gesto quotidiano tem sempre retrocesso. Apago e logo posso desligar. Ou vice-versa. Mas, se desligo a vida, nunca mais a posso ligar. Assim, é um eufemismo altamente mentiroso chamar ao aborto “interrupção voluntária a gravidez”. Por isso, sou ferozmente contra a pena de morte como pena atribuída por tribunais! Por isso, igualmente, sou contra a eutanásia, totalmente, por que ao concordar, seria admitir que alguém me pudesse matar, mesmo que, numa situação de desespero, fosse tentado a pedi-la.
Nenhuma civilização que não respeite, de facto, a vida humana e o direito conexo da sua defesa e respeito, se pode atribuir de “avançada civilizacionalmente”.
Admitir, legislar ou promover, sob qualquer modo, pretexto ou linguagem eufemística, contra o direito à vida, seja, como já referi, o aborto (chamando-lhe “interrupção voluntária da gravidez” ou “interrupção médica da gravidez”, a pena de morte ou a eutanásia (por “morte/suicídio medicamente assistido”), se inscrevem no processo lamentável de retrocesso, de recuo de muitos séculos, na construção da civilização do respeito da vida humana que custou imensos esforços e passos lentos como a História nos demonstra.
Vai ficar nos Anais da nossa História, o dia 29 de Janeiro de 2021, como um dia muito e tristemente marcado. O nosso Parlamento aprovou a Lei da liberalização da Eutanásia , com vários eufemismos à mistura e os deputados que a aprovaram, quiseram, voluntariamente, ignorar a experiência de outros países como os Países Baixos. Em todos, as leis que abriram a porta à eutanásia são semelhantes. Depois, tal como com sucedeu com o Aborto, a porta foi-se abrindo, escancarando. Veja-se, por exemplo, que para o Aborto, já há tentativas legislativas para se legalizar o assassínio dos bebés por nascer até à data do nascimento! As razões invocadas para “abrir” o aborto, também se foram alargando.
Anotei os nomes dos deputados que votaram favoravelmente a lei da eutanásia. Não quero e não darei o meu voto em próximas eleições a uma lista que integre quem, abusando da minha confiança, votou essa lei iníqua. Podem ter a certeza que NUNCA terão o meu voto, mesmo em Partidos em que já tenha votado. Que fique claro.
Anotei, igualmente, os nomes dos deputados que votaram “Não” à liberalização da eutanásia e felicito-os pela sua coragem.
Não compreendo, de todo, os que se abstiveram.
Como é possível, um deputado, que não seja um ignorante, desleixado e invertebrado, abster-se neste tema tão importante da nossa Cultura? Pensaram, essas pobres criaturas, que se se permite “desligar” a vida que esta nunca mais volta a poder ser ligada? Pode ser-se neutro?
Com que pressa legislaram pela morte e como são lentos/apáticos e ineficazes os nossos deputados, que não se representam a si próprios, mas só e simplesmente os seus eleitores que nunca ouviram sobre este assunto (e outros temas), na concretização da criação de Centros de Cuidados Paliativos acessíveis geográfica e economicamente A TODOS os cidadãos sofredores, verdadeiro serviço de compaixão e de respeito pela vida humana!
Não apreciei a Nota da Conferência Episcopal Portuguesa que li e reli. Queria-a mais incisiva e forte. Denunciando os católicos (que se dizem!) e passeiam por tantos espaços da Igreja, chamando-os à atenção da impossibilidade de um católico votar esta lei iníqua. A aprovação da eutanásia nunca TEM UM BOM MOMENTO PARA SER APROVADA! Gostaria muito mais de ver cada Bispo em sua diocese clamar, alto, claro e bom som, que há verdadeira incompatibilidade entre a sua Fé e a liberalização da Eutanásia. Como gostaria de ver os Clérigos chamar a atenção para a Doutrina Social da Igreja no campo da Defesa da Vida Humana. Há verdadeiramente incompatibilidade entre a Fé e o apoio ao Aborto, Eutanásia ou pena de morte. E nem todos os católicos sabem disso. É lamentável.
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Carlos Aguiar Gomes
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