Disse o Senhor Jesus à samaritana:
"Quem beber da água que eu te darei, nunca mais terá sede."
Manuel Cardoso, compositor muito próximo de D. João IV e, também ele, fortemente influenciado por G. P. da Palestrina, como claramente se infere pelo facto de cinco das sete Missas que compõem o seu Liber Primus Missarum (1625) se basearem em motetes do compositor italiano. Natural de Fronteira (localidade alentejana próxima da cidade de Évora), Cardoso iniciou os estudos musicais em meados da década de 1570 no Collegio dos Moços do Coro da Sé de Évora – um dos mais profícuos centros de formação musical da época –, onde terá sido discípulo de Manuel Mendes (1547-1605). Em 1588, ingressou no Convento do Carmo, em Lisboa, onde se veio a tornar organista e Mestre de capela, cargo que ocupou durante seis décadas.
Vasco Negreiros, regente desta interpretação, aponta como os dois pontos centrais na biografia de
Manuel Cardoso a referida amizade com D. João, de quem poderá mesmo ter
sido professor, e a acuidade da sua entrega à vida carmelita. Eram
frequentes as alusões elogiosas e respeitosas dos seus contemporâneos
relativamente à sua intensa devoção e ao seu excepcional talento
musical, características que Cardoso integrou num estilo de composição
particularmente expressivo, em que privilegiava alguns dos textos
litúrgicos de maior carga dramática, como os da liturgia da Quaresma e Semana
Santa.
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