Na Quaresma, a proclamação da
Palavra convoca a memória da aliança que Deus renova com a humanidade
depois do dilúvio, segundo a narrativa do Livro do Génesis. É uma
aliança aberta a todas as criaturas. É uma promessa que fala de um Deus
de proximidade, que nos convida a acreditar que o recomeço é sempre
possível. Não por acaso, a imagem do arco-íris, que assinala essa
aliança, permanece, para nós, como um símbolo da esperança que
partilhamos. Por isso suplicamos, neste canto:
Texto de Frei José Augusto Mourão, O.P.
publicado em «O Nome e a Forma: poesia reunida», Lisboa: Pedra Angular, 2009, 98
«Junta ao nosso passo a Tua Bênção
a Tua Misericórdia e a Tua Águaà beira destas águas me persigo:
é o vento a asa que não digo?nestes plainos as vozes que se falam
em teu tear se tecem e me embalamhistórias que medito quando chove
e não sou eu quem grita, mas é Jobé Deus que acende as margens deste medo
e dá raiz e vento ao meu degredo.»
O poema litúrgico de Frei José Augusto Mourão oferece à oração um estilo
sapiencial, uma meditação acerca dos enigmas da vida e sobre o modo
como Deus neles se diz. As palavras de Frei José Augusto Mourão são
penetrantes: «É Deus que acende as margens deste medo /e dá raiz e vento
ao meu degredo»
O cântico encontra um lugar privilegiado em momentos litúrgicos
favoráveis à meditação pessoal, aqueles momentos em que a música nos escuta por
dentro, mas pode cumprir também o propósito
de reunir todos na partilha de uma mesma súplica de bênção.
Música de Alfredo Teixeira, aqui interpretada pelo Ensemble S. Tomás de Aquino (Lisboa)
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