domingo, 17 de abril de 2022

AS NOSSAS DEMISSÕES versus a NOSSA MISSÃO

 

                         AS NOSSAS DEMISSÕES versus a NOSSA MISSÃO

« DAS DEMISSÕES DO NOSSO TEMPO NASCE A MISSÃO DA NOSSA VIDA » ( Raoul Follereau)

 

 

    Em 1969, em Abril, durante a Semana Santa, em Lausanne ( Suiça), tive o enorme privilégio de conhecer Raoul Follereau, o grande apóstolo dos leprosos, num Congresso em que participei dedicado aos Leigos. Fiquei entusiasmado com este homem sobre o atarracado mas veemente na palavra e na causa da sua vida ( e da sua Mulher): os leprosos. Com que entusiasmo nos falou dos “ proscritos” das sociedades! Que força interior brotava nas suas palavras convincentes! Raoul Follereau conquistou-me para a causa e um ano depois, já na Guiné, onde prestei o meu serviço militar obrigatório como Oficial da Marinha de Guerra, sempre que podia ia à Cumura, uma leprosaria servida por franciscanos da Província de Veneza. Colaborei com estes heroicos missionários com e como podia. Compreendi , então, a paixão de Follereau.  Este francês sem filhos, adoptou os leprosos do mundo. Transformou a sua vida e da sua Mulher numa MISSÃO a favor de um grupo, então ainda muito grande, de homens, mulheres e crianças que eram rejeitados.

   Follereau correu o mundo e contactou os grandes decisores políticos para os tentar conquistar para a sua causa. Em vão! Preferiam  armarem-se para uma possível guerra a contribuírem com … o preço de um avião de guerra!

   Em Lausanne, naquele longínquo ano de 1969, ouvi Raoul Follereau dizer: “ O progressismo é a lepra do século XX”, frase que jamais esqueci e que tenho vindo a perceber que foi profética! O “bacilo de Hansen”, causa desta lepra que nos destrói, minou todas as estruturas da Igreja , do mundo da política e da Cultura. Tudo contaminou e estamos a ver os resultados: um mundo em decomposição onde, por vezes, brotam bálsamos reconfortantes, como esse rapaz italiano, agora beatificado, Carlos Acutis.

  Um dia destes, na arrumação de papéis da minha vida, muitos e muitos, dei com um apontamento que um amigo me enviou e que deu o mote para este artigo: « Das demissões do nosso tempo nasce a missão da nossa vida» e que tinha a indicação do autor – Raoul Follereau. E pensei, como era verdade. E como Follereau  vivia a sua MISSÃO por causa das demissões do seu/ nosso tempo!

  Somos um “ bando” de demitidos! De auto-demitidos. Face a tantos e tantos e tão magnos problemas, tomamos a atitude mais cómoda, mas mortífera: a demissão. Estamo-nos  “ nas tintas” para os problemas que nos cercam ( “os outros que resolvam”, “agora é assim, que se há-de fazer se é a moda” e outras expressões do sentir e viver de demissionários!). E quanto mais nos demitirmos, mais avançam os demolidores da nossa Cultura. Deixamos o campo livre para a actuação  sem  dificuldades de todos os que têm um objectivo: erradicar todo o traço da nossa Civilização, desde as suas raízes, tal como bacilo de Hansen corrói o corpo humano, apodrecendo-o progressivamente até lhe causar a morte. Quem já viu leprosos com a doença activa sabe que o seu corpo vai caindo aos poucos, desfigurando o corpo até à morte.

  Por isso, por causa da demissão de tantos e tantos, pelo silêncio, pelo comodismo, pela cobardia ou pelo medo de parecer antiquado … a “ lepra” causada pelo novo “ bacilo de Hansen” mina a nossa sociedade.

   … Assim, terá de nascer a MISSÃO da nossa vida: refazer o tecido social e humano. Como? De muitas e variadas maneiras: respeitar e conhecer as nossas raízes civilizacionais; defender a vida humana, da concepção à morte natural, opondo-nos racionalmente à Cultura da Morte imperante, agressiva e impositiva; defender e promover a Família tal com ela é e não como nos impõem os novos “ bacilos de Hansen” que vagueiam combativos por todo o lado; defender e promover, a todo o custo, o direito inalienável de serem os pais a escolher o tipo de educação para os seus filhos; defender com clareza que toda a criança tem o direito a conhecer quem são  os seus pais ( pai e mãe!) e a serem amados por eles; a exigir os respeito pelos mais velhos, verdadeiros património da humanidade; a respeitar e saber cuidar da Terra como seus usufrutuários… Esta tem de ser a nossa MISSÃO face à DEMISSÃO DO NOSSO TEMPO.

 

Carlos Aguiar Gomes

 

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