VALHO MENOS DO QUE UM RATO?
SILERE NON POSSUM
(Não me posso calar – Sto Agostinho)
“Para destruir um povo é preciso destruir as suas
raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)
Carta aos meus amigos – nº 28
BRAGA , 9 - Março - 2023
+
PAX
« DEZOITO MESES DE PRISÃO POR MATAR UM RATO e entretanto facilita-se tudo para fazer um aborto!» ( Mons. Bernardito Auza, Núncio Apostólico em Espanha)
« … a sociedade precisa de
crentes humildes que com valentia e firmeza
manifestem as suas convicções,
porque Deus merece que os Seus filhos O glorifiquem com gestos, palavras e
obras …» ( Mons. Francisco Pérez, Arcebispo de Pamplona, Espanha, 5.Fev.
23)
Vivemos uma sociedade que está em colapso
há décadas e vai de mal a pior. Os exemplos não nos faltam. A crítica que fez
recentemente o Núncio Apostólico em Espanha e com que abro esta minha Carta são
bem uma triste prova do que acabei de escrever. Mons. Bernardito Auza
referia-se à publicação das leis do “ Bem- estar animal» e da reforma da lei do
Aborto que foram aprovadas neste mês em Espanha.
A loucura generalizada que se
apoderou de políticos um pouco por todo o lado
não tem limites! Mas, mais grave, os cidadãos eleitores ficam
indiferentes e voltam a votar nos mesmos.
Frequentemente, mas mesmo muito
frequentemente, tenho a vontade de deixar «andar» pois tenho a sensação que já
nada vale a pena fazer para contrariar
esta tendência suicida do Ocidente. Lembro-me que comecei a luta pela
vida no início da década de 70 do século passado! Artigos, livros,
conferências, debates, programas de rádio, oração…Servi-me de todos os meios ao
meu alcance e com as minhas enormes limitações. Foi por causa desta luta que
travei conhecimento com o Venerável Jérôme Lejeune!
Assim, o cansaço atingiu-me.
Sinto-me frustrado e quase tentado a escrever que … perdi o meu tempo. Contudo
… a minha consciência impele-me a não parar contrariando a minha vontade de
deixar a destruição acabar ( acabará algum dia?) o seu trabalho.
Li a homilia do Arcebispo de
Pamplona de que cito em exergo uma curta passagem. Porém, este Arcebispo
corajoso e fiel ao ensinamento de sempre da Igreja, indo contra a corrente, ad
intra e ad extra da Igreja ( a confusão instalou-se ao mais alto nível!) disse
mais nesta referida homilia. Transcrevo algumas passagens, aquelas que me tocam
mais:
1. « Estar apegado às coisas
da terra, às vezes paralisa-nos e impede-nos de ver muito mais alto. No momento
actual manifestar que somos cristãos resulta- nos difícil e podem
ridicularizar-nos.»
2. « Não podemos cair na
tentação da cobardia e muito menos pensar que o crente é um parasita da própria
sociedade. Frequentemente querem-nos convencer de que é assim e tal não está
certo.»
3. « Sem Deus o homem perde a
sua grandeza, sem Deus não existe o verdadeiro humanismo( Bento XVI).»
4. « Na nossa época , a
infracção da lei natural é frequentemente percepcionada como uma conquista do
progresso ( C.S. Lewis). E isto é muito grave porque a natureza cobra-se sempre
seja para o bem seja para o mal.»
Sim, de facto, não podemos cair na
tentação da cobardia. De cobardes está o mundo cheio!
Desde quando um rato ou outro animal qualquer vale mais do que um bebé
por nascer? Não podemos calar esta inversão de valores nem deixar atacar a VIDA
HUMANA, sobretudo a mais indefesa.
É verdade que devemos respeitar todas as
criaturas Não por elas próprias mas por respeito para com o Criador, Deus, mas
colocando cada qual no seu lugar. Estamos a entrar numa sociedade de loucos em
que um rato, um piolho ou um percevejo , criaturas que nos causam tantos danos,
passam a ter mais protecção do que a Pessoa Humana! Que sociedade bovina é
esta?
Parafraseando o Arcebispo de Pamplona temos
de nos armar com “valentia e firmeza manifestando as nossas convicções”, a tempo e a
contra-tempo, para enfrentar a guerra que nos declaram ferozmente contra o
Direito Natural e a Lei Divina!
Podemos calar? Podemos ficar indiferentes como lorpas que não entendem
ou não estão para se maçar face a esta guerra entre a Vida e a morte?.
… Por mim não me posso calar apesar da fadiga e da exaustão a que
me leva a repetição das minhas convicções mais profundas pela VIDA há tantas
décadas!
SILERE NON POSSUM!
Carlos Aguiar Gomes-
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