“ Se o mundo investe contra a Verdade então investirei contra o mundo”
( Sto
Atanásio, séc.IV, Santo e Doutor da Igreja”
SILERE NON POSSUM
(Não me posso
calar – Sto Agostinho)
“Para destruir um povo é preciso destruir as suas
raízes.” (Alexandre
Soljenitsyne)
Carta aos meus
amigos – nº 36
BRAGA , 4 – Maio
- 2023
+
PAX
Perante um mundo, este em que nos foi dado viver, que cultua a mentira,
o horrendo e disforme ou desarmónico que nos resta fazer?
Há anos, ouvi uma belíssima
conferência sobre um tema para mim totalmente novo: « A DIACONIA DA BELEZA». Já
conhecia a célebre expressão « VIA PULCHRITUDINIS», como caminho para evangelizar,
levar Deus ao Mundo através da Beleza. Na Pintura, Escultura, Arquitectura,
Literatura e outras Belas Artes ou Artes que devem explorar a Beleza, não por
repetição e cópia do que de belo herdámos mas como servas ao serviço da
Beleza com contornos do “ Hoje”. Não
podemos deixar-nos cair na tentação de só apreciar Bach, Boticelli ou Da Vinci!
Temos, na actualidade belíssimas expressões do Belo nas diferentes Artes. Estou
a lembrar-me de Olivier Messien, na música, ou de André Charlier, na escultura
ou da nossa Amélia Carvalheira na cerâmica artística , entre tantos artistas
que se exprimiram , com formas novas, exaltando a Beleza. Como poderia esquecer , por exemplo, José Régio, na
Literatura?
Ora é aqui que entra a DIACONIA
DA BELEZA. O mundo precisa de Diáconos da Beleza, servidores do que é Belo como
proposta de levar ao mundo a Beleza incriada, Deus. Precisamos urgentemente de
diáconos da Pintura, da Escultura, da Literatura, da Arquitectura, da Música e
de outras Artes que nos falem através do visível ou legível de Deus.
Precisamos de obras de arte
BELAS e não de mamarrachos disformes, desarmónicos, toscos venham elas de onde
vierem. Quantos dos chamados “ vacas sagradas” das artes contemporâneas são
verdadeiramente apologetas do horrendo, do esfrangalhado e do ruído catapultado
à categoria de música que tantas vezes , para cúmulo, estão ao serviço de
letras cujo único destino digno seria serem apagadas para sempre sem deixar
rasto!
Carecemos de autênticos
Diáconos da Beleza!
Pegando na frase do grande Doutor da Igreja,
Sto Atanásio , que coloquei no início desta minha Carta :
“ Se o mundo investe contra a Verdade então
investirei contra o mundo”,
assim, deveríamos todos nós, os que acreditam na VIA
PULCHRITUDINIS agir dentro das nossas capacidades: produzindo, apoiando ou
divulgando o BELO. Contestando o horrível e disforme. Estes são caminhos para
uma DIACONIA DA BELEZA! Por todos os meios ao nosso alcance. E são tantos.
Usando
palavras da moda, temos de “ descontinuar”e “ desconstruir” a fealdade que
invadiu os chamados “ meios intelectuais” que é chique divulgar e impor!
Já pensamos
como poderíamos tornar o mundo mais belo, mais transparente a Deus, a Beleza
incriada, se cada um de nós se decidir a servir a Beleza, promovendo-a ou
apoiando as suas diversas manifestações?
Quando na rua,
num museu, num programa da televisão ou da rádio nos confrontarmos com o feio
apresentado como obra de arte modelar e digna de ser imitada, como reagimos?
Quando vemos decisores políticos a apoiarem com o nosso dinheiro o disforme,
como reagimos? Com a indigna indiferença?
Não me posso
calar!
Parafraseando o grande Sto Atanásio: Se o mundo investe
contra o Belo e a Harmonia da Natureza, “ impressões digitais”de Deus, então
investirei contra o mundo.
SILERE NON
POSSUM
Carlos Aguiar Gomes
:
"O bem não faz barulho e o barulho
não faz bem."
É célebre este pensamento de S. Francisco de Sales, um santo da
transição dos séculos XVI/XVII , padroeiro dos jornalistas, fundador de ordens
religiosas e que nos legou várias obras
entre outras ,a outrora muito
lida e meditada “ Introdução à Vida
Devota “ que hoje passou de moda,
porque a moda hoje é fluida, gasosa e efémera e , a pobre, toda se arrepia
quando se lhe põe pela frente escritos imorredoiros, profundos e sérios como os
que S. Francisco de Sales nos legou. E é pena.
Mas indo à frase, ao pensamento, que encima este meu pobre escrito. Na
realidade , em tempo de ditadura do ruído, do barulho que só nos traz o mal em catadupa, que esconde o muito de bem e
de bom que , apesar de tudo, se vai fazendo pelo mundo. O barulho esconde, tapa
e abafa o Bem e o Bem não faz barulho. Esta ideia é magistralmente abordada na
extraordinária obra do Cardeal Sarah – “ A Força do Silêncio contra a Ditadura
do Barulho “ ( Lucerna, Cascais, 2017 ).
Bem sei que o Cardeal Sarah está “ excomungado” pelas forças poderosas
do política e religiosamente correcto! Do pensamento e da moral fluidos.
Também sei que ao fazer a apologia deste magnífico livro já caí nas
unhas dos excomungadores da moda que ressumam ódio contra este Cardeal
guineense, vestindo aquele, o ódio , de
amor do progresso, do diálogo e da modernidade. Dizem-se, “ cheios de
misericórdia” … Paciência. Nunca deixei
de pensar pela minha cabeça e de fazer as minhas opções de vida. Não me
arrependo, mesmo que esta “ casmurrice” me tenha trazido olhares de soslaio e
de repúdio como se vivesse na Idade Média e fosse leproso.
… Mas é um facto que o barulho nunca faz
bem. Nunca! Também é verdade que o Bem não faz barulho e raramente é notícia e
muito menos notícia de primeira página ou de abertura de telejornais. E é neste
mundo do barulho que Deus nos colocou como um desafio à nossa capacidade de encontrar
e saber fazer silêncio, útero do Bem. Ou se se quiser, de encontrar Deus, o
sumo Bem.
Olhe-se à nossa volta, e não teremos de
ir muito longe nem andar de lanterna na mão , para ver como a malvadez, a
mentira, o menosprezo pelas nossas crenças, a calúnia, o ódio, o desprezo e
ataque cerrado à vida humana, ao eugenismo que elimina bebés que não
correspondam aos padrões em voga ( trata-se de um neo-hitlerismo aceite e
promovido com imenso barulho) ou as
manobras cavilosas para destruir o que ainda vai havendo de bem, bom e belo
que fazem barulho e correm céleres nas
chamadas “ redes sociais “, muitas vezes “ travestidas “ de um insidioso “ ouvi
dizer”, “ “ alguém me disse … “ e outras expressões do mesmo condomínio
lexical! Como é lamentável este barulho destruidor!...
E tantas vezes o Bem, o Belo e o Bom,
têm vergonha de se mostrar e, assim, animar, aqueles que tentam destruir pelo
barulho do mal e seus parentes próximos e que se sentem desanimados ou a
caminho de recolherem aos seus chinelos de quarto, ensimesmando-se … É assim
que se derrota o bem, por incúria e desatenção dos que acreditam que o bem é
que salva o mundo e não o ruído. O barulho das palavras, das ideias em moda
imposta pelo barulho acobertado pelos media, o barulho que nos impõe como
ambiente de vida e até, muito frequentemente, de oração (onde está o silêncio
propicio à oração em tantas e tantas das nossas igrejas?).
Volto ao cabeçalho deste escrito:
“ O barulho não faz bem e o bem não faz barulho “!
… Mas ninguém me faz calar! Não me calo,
pois.
SILERE NON POSSUM!
Carlos Aguiar Gomes
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