NESTES TEMPOS DE
IMPOSTURA UNIVERSAL, DIZER A VERDADE É UM ACTO REVOLUCIONÁRIO.( GEORGE
ORWELL)
SILERE NON POSSUM
(Não me posso
calar – Sto Agostinho)
“Para destruir um povo é preciso destruir as suas
raízes.” (Alexandre
Soljenitsyne)
Carta aos meus
amigos – nº 45
BRAGA ,6 – JUlHO
- 2023
+
PAX
Era a Semana Santa de 1969
quando participei num Congresso de Leigos em Lausana ( Suiça) de que jamais me
poderei esquecer. O tema estava na moda e era sobre a “ A ANIMAÇÃO CRISTÃ DA
ORDEM TEMPORAL”. Éramos cerca de 5000 participantes de 22 países e mais de
metade tinha menos de 25 anos. Entre conferências magistrais, mesas redondas,
Santa Missa , visita às largas dezenas de “ stands” de movimentos , conversas
com desconhecidos de várias latitudes mas unidos pela mesma preocupação: como
animar cristãmente o mundo, o nosso, aquele em que vivíamos. Nunca poderei
esquecer a vibrante comunicação de Raoul
Follereau sobre os leprosos no mundo e como ele e sua Mulher se tinham e
estavam comprometidos na luta contra esse flagelo. Foi o primeiro contacto com
esta tremenda doença ( mexeu tanto comigo esta comunicação que de 1970 a 1972,
na Guiné fiz voluntariado na leprosaria da Cumura da responsabilidade de
Franciscanos italianos cujo superior era
o santo frade Padre Septímio Ferrazeta, primeiro Bispo de Bissau).
Neste Congresso fui “ abalado”
, na primeira Missa em que participei, quando aquela enorme e tão diversificada
assembleia, ao Credo III da Missa de Angelis, cantou alto e em uníssono, em
gregoriano:
« CREDO IN UNUM DEUM…»
Chorei e as lágrimas correram-me pela face, para minha vergonha! Senti
fortemente, e pela primeira vez, que a Igreja era universal
UNAM – SANCTAM – CATHOLICAM – et APOSTOLICAM
ECCLESIAM!
Era a afirmação na Fé em que fui baptizado e em que procuro viver, na
fidelidade às promessas do meu Baptismo ( 30.VI. 1945!). É a Igreja em que
acredito e pela qual dou a vida se preciso for. Não outra qualquer mesmo que a
revistam por outra ideologia mais na moda ou lhe chamem o mesmo nome mais ou
menos adjectivado. E desta Fé não abdico.
… Por isso fico estarrecido
com o que se passa nesta minha Igreja, neste aqui e agora tão turbulento, em
que aqueles que deveriam anunciar a Igreja fundada por Jesus Cristo, a Igreja
Una, Santa, Católica e Apostólica, gastam energias na sua demolição. Uma Igreja
que transformaram em supermercado onde escolho o que quero. Fico impressionado
com o esvaziamento dos templos que enchem no que chamo de “ sacramentos/sacramentais
sociais” como Baptismos, Matrimónios ou Funerais. No abandono massivo por todo
o Ocidente ou na fundação de Igrejas nacionais com corpo doutrinal feito à
medida. Por exemplo, fala-se da «Igreja Alemã» com todo um conteúdo doutrinal
ao arrepio do que deveria ser o património da « Igreja que está na Alemanha»,
cada vez mais diminuta. O mesmo poderia dizer da Bélgica ou dos Países Baixos.
E, o que é gravíssimo, perante a indiferença ou silêncio de quem deveria “ emendar os que erram”. A mim, impressiona-me que em
2022, segundo a Conferência Episcopal Alemã, em “ caminho sinodal”, verdadeira
revolução teológica, apostataram 522 821 católicos. A Igreja Católica que está
na Alemanha ( ou “ Igreja Alemã”?) naquele ano, isto é, o ano passado, perdeu
mais de 708 000 fiéis ( com 155 173 mortes). Esta “ hemorragia” está a ser
contínua e em aumento desde há vários anos. Em 2021 segundo a CNA Deutsch, um
terço dos católicos alemães tencionam deixar a Igreja. Esta verdadeira
catástrofe não impressiona os responsáveis? Espantoso.
E em Portugal? … Estamos com a
Jornada Mundial da Juventude. Com os milhões que se esperam para encher os
espaços ou para se converterem ( a conversão é um processo em construção permanente
e, talvez, alguém comece o seu caminho)? As romarias em nome dos santos o que
são? Temos números dos abandonos?
Fico profundamente revoltado
quando leio:
«Em 15 de
outubro (de 2022), o Papa Francisco nomeou Mariana Mazzucato, uma
economista ateia que se manifestou a favor do aborto, como
novo membro da Pontifícia Academia para a Vida. Entre outras nomeações
anunciadas nesse dia está a de monsenhor
Philippe Bordeyne como membro do Conselho Diretor da Pontifícia
Academia. O teólogo francês é crítico da Humanae
vitae de são Paulo VI e justificou alguma forma de
bênção para uniões homossexuais.»
E S. João Paulo II Magno que fundou com o Venerável Jérôme
Lejeune esta Academia o que “ dirão” no céu onde já estão? Não me posso calar
nem tolerar o que se passa na minha Igreja. Mas, caríssimos Amigos-leitores,
não me calo nem me calarão! Nestes tempos de impostura quero
ser um revolucionário usando a ideia de Orwell do topo desta minha Carta.
Não me posso calar!
SILERE NON POSSUM!
Carlos Aguiar Gomes
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