quinta-feira, 13 de julho de 2023

SILERE 46

 

                                                                   SILERE NON  POSSUM

            (Não me posso calar – Sto Agostinho)

             Para destruir um povo é preciso destruir as suas raízes.” (Alexandre Soljenitsyne)

 

                     Carta aos meus amigos – nº 46           

                             

 

 

 

 

                               BRAGA ,13 – JUlHO - 2023

 

 

 

 

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PAX

 

 

 

                                 S. JOÃO GUALBERTO – 12 de Julho

                                               UMA BREVÍSSIMA BIOGRAFIA

                    Em jeito de homenagem no 950º aniversário da sua morte

 

 « Da sua Vallombrosa como uma torre de vigia, S. João Gualberto, descobriu e seguiu a enorme necessidade da Igreja, e entendeu,  com os melhores homens do seu tempo, que primeiro de tudo necessitava reformar o clero, para que a Igreja se apresentasse verdadeiramente esposa de Cristo sem mancha nem ruga. ( Carta aos Valombrosanos, 10.VII.1973, Paulo VI , no IX centenário da morte de S. João Gualberto)

 

 

Em 12 de Julho de 1073, na Itália ( S. Miguel di Badia a Passignano) morria um dos grandes reformadores da vida beneditina, nascido pouco antes do ano 1000 ( 995-1005 ?). João Gualberto era o seu nome. A sua vida, empolgante, foi marcada pelo célebre episódio do abraço de perdão ao assassino do seu irmão Hugo, numa Sexta-feira Santa, episódio que o levou a entrar como monge beneditino  no mosteiro de S. Miniato. Eram os anos vinte do ano 1000.

Tal como S. Bento, seu guia e orientador espiritual, João Gualberto, tem um único objectivo: buscar Deus e, por isso, lutar contra a simonia que dominava em todos os ambientes eclesiásticos era um apelo que o impele a viver a Regra de S. Bento de uma forma mais rigorosa.

Nesta procura de Deus , sai com um grupo de monges, igualmente movidos por este ideal bem difícil de viver plenamente. Quando procuravam o local para viverem esta experiência de austeridade, numa noite fria de inverno, sem um tecto acolhedor, abrigam-se debaixo de uma faia, árvore abundante no local onde pararam nessa noite invernosa. Para seu espanto, João Gualberto e os companheiros viram que a faia tinha dobrado os seus ramos para os abrigar da intempérie. Viram neste precioso acolhimento da faia, um sinal de Deus para aí construir um mosteiro. Nascia o mosteiro de Vallombrosa e a família beneditina dos valombrosanos que chegou até hoje. Esta família beneditina está presente no Brasil, na Índia, entre outros países.

   Como foi oportuna a edição da vida deste monge extraordinário – “ HERÓI DO PERDÃO – Relatos de uma vida transformada pela coragem de perdoar “ que a Irmandade de S. Bento da Porta Aberta fez ontem, dia 12 e que se encontra à venda na Casa das Estampas da referida  Basílica a assinalar os 950 anos da morte deste grande reformador!

O episódio descrito acima com a célebre Faia marcou a vida dos valombrosanos e o seu amor, grande conhecimento  e protecção das florestas. De Vallombrosa saíram , durante séculos, grandes especialistas nesta área do saber e daí partiram para as grandes Universidades da Europa professores de Botânica.

  Bem gostaria que S. João Gualberto fosse proclamado PADROEIRO CELESTE das nossas florestas.

  S. João Gualberto é, sem dúvida, um dos mais ilustres filhos espirituais de S. Bento. Razão tinha Paulo Vi em escrever o que escreveu a propósito do IX centenário da morte de S. João Gualberto e que transcrevo acima e , sobretudo nestes dias cinzentos, caóticos e obscuros que estamos a viver no Ocidente e onde nos faltam lucernas a iluminar a noite  que estamos a viver.

  Nesta efeméride não a podia deixar passar sem a ela me referir.

  Não podemos esquecer que é graças a S. Bento e a seus filhos espirituais que a Europa se construiu ao longo dos séculos. Portugal, por exemplo, já era beneditino antes de ser o país que hoje somos e que foi daqui, de Tibães ( arredores de Braga), que saíram os  primeiros monges negros para a América.

  Aqui deixo um desafio aos meus Amigos-leitores: plantem este ano, ajudando a reflorestar o nosso país devastado por incêndios criminosos, uma FAIA! Vamos a isso? … E leiam o livro que referi, editado ontem, dia 12 e a que fiz referência.

  Não posso calar este aniversário, o do “ dia natalis” do Fundador dos beneditinos valombrosanos.

 

SILERE NON POSSUM!

 

 

Carlos Aguiar Gomes

PS

Para os leitores interessados, aqui deixo uma bela oração a Deus por intermédio de S. João Gualberto:

                        **** Oração a  São João Gualberto ****

Ó  Deus, nosso Pai, rico em misericórdia, São João Gualberto, movido pela Vossa graça, perdoou o assassino de seu irmão. E neste gesto de amor ele pôde experimentar a Vossa presença misericordiosa.

 Senhor, tende piedade de nós, quando achamos que perdoar as ofensas pode significar fraqueza;

- Senhor, tende piedade de nós.

 Quando, esquecidos da Vossa Palavra, queremos pagar o mal com o mal, multiplicando indefinidamente violência sobre violência;

- Senhor , tende piedade de nós.

 Quando, esquecidos da nossa vocação à reconciliação, contribuímos para o agravamento do ódio, da violência, do individualismo, da discórdia, da vingança, das injustiças, das guerras, dos morticínios, das guerras religiosas e de toda sorte de fanatismo e de opressão sobre os outros, nossos irmãos;

- Senhor , tende piedade de nós.

Tende piedade de nós, quando nos eximimos das  nossas responsabilidades de sermos luz, sal e fermento para o mundo;

- Senhor , tende piedade de nós.

 Quando nos servimos da religião para os nossos próprios interesses.

-Senhor , tende piedade de nós.

Tende piedade de nós, Senhor, porque não sabemos nem pedimos, com súplicas e orações, a graça de perdoar e de ser perdoados.

- Senhor , tende piedade de nós.

Senhor nosso Deus, fazei-nos imitadores da bondade , humildade  e caridade de S. João Gualberto.

- Amen.

Senhor nosso Deus , à semelhança de S. João Gualberto, tornai-nos verdadeiros protectores das nossas florestas.

- Amen.

Senhor, nosso Deus, iluminados pela vida de S. João Gualberto , fazei de cada um de nós defensores da nossa casa comum, a Terra.

- Amen.

  - Glória ao Pai ...

  - Como era ...

  - Bendigamos ao Senhor,

 - Graças a Deus.

 

 

 

                              

                

 

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