“E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo
o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que, quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a
mim o fizestes.”
(Mateus 25:37–40)
SILERE NON POSSUM
(Não me posso calar – Sto Agostinho)
“Para destruir um povo é preciso destruir as suas
raízes.”
(Alexandre
Soljenitsyne)
Carta aos meus amigos – nº 53
BRAGA , 31 - Agosto - 2023
+
PAX
«No Norte do Gana a Irmã Teresa Mumuni, da Cogregação das Irmãs Marianas do Amor Eucarístico, ganesa, fundou um lar para crianças que sofrem de limitações mentais e físicas e que eram (são) abandonadas ou ameaçadas de morte por causa de crenças tradicionais. Já salvou, assim, mais de 130 crianças. (…) actualmente ocupa-se de 120 com a ajuda de 15 religiosas”.
Esta extraordinária
obra não abre telejornais nem é motivo de notícia! Trata-se de salvar vidas. E
de defesa do primeiro e mais radical direito humano: a defesa concreta do
direito humano mais importante: a defesa de toda a Pessoa Humana!
Nesta cultura da
morte, é notícia, divulgada a toda a hora e por todos os meios, pelo contrário,
o chamado “direito ao Aborto” e a imposição deste nas legislações nacionais,
sem travão. Que sociedade é esta que forjamos e cria e legaliza um
pseudo-direito, o chamado direito a matar os indefesos, os frágeis e os
incómodos, usando o eufemismo de Interrupção Voluntária da Gravidez que, para
não ferir susceptibilidades se diz IVG? E não contentes com a legalização de um
crime abrem-se, escancaram-se, as portas para a morte “assistida”, a
Eutanásia? “Interromper a Gravidez” ou “Assistir à morte”, outro eufemismo, é
sempre MATAR! Que cultura construímos e / ou deixamos construir com a nossa
indiferença e passividade que também é criminosa? Não diz o ditado popular
português que «tão ladrão é o que vai à horta como o que fica à porta»?
Contudo, os media “encharcam-nos” a toda a hora, sobe a pedofilia da Igreja e não na
Igreja, com o único fim de denegrir a mesma, quando se comete aquele crime nas
famílias, nas escolas ou associações desportivas…
Caros
Amigos-leitores, ainda pelo Gana, que é notícia por boas razões face ao
neocolonialismo ideológico imperante. Veja comigo, caro Amigo-leitor, esta
notícia que confirma a arrogância, prepotência e ingerência dos colonialistas
norte-americanos do Governo de Biden, dito católico: «Em 10 de Agosto, (deste
ano de 2023), a Embaixadora dos EUA no Gana, advertiu (!) ameaçadoramente o
Governo ganês contra a aprovação da legislação sobre “Lei da Promoção dos
Direitos Sexuais Humanos e os Valores Familiares Ganeses» (Lei contra a
propaganda LGBTQIN+) que apelidou de incoerente com os valores ganases do
acolhimento e tolerância deste país africano! Que tem a ver com a Cultura
tradicional ganesa esta senhora colonialista ianque? Teria o Gana de se abaixar
e cumprir o que ditam as elites desregradas mentalmente americanas? Não se
trata, caro Amigo-leitor de uma ingerência intolerável num país que quer
proteger a sua identidade? Que autoridade têm os EUA de impor aos outros a sua
política societal? Basta de colonialismo ideológico! No Gana e em todo o mundo.
… E a dita
Embaixadora, porta voz das directivas norte-americanas e do seu Governo Biden,
acrescentou:
«Pode ganhar dinheiro se a cor do mesmo é verde e
vermelha; é ganês, mas se há discriminação ou algo pior, tal enviará um sinal
não somente aos investidores LGBT como também a outros investidores dos EUA
(…)».
Ou seja, a representante de um país estrangeiro, nesse próprio país, ameaça o
povo ganês de se não obedecer aos ditames dos EUA. Não é uma vergonhosa
intromissão de um país em derrocada moral sobre outro? No dizer do pensamento
tanto em voga, “esta chantagem americana é puro racismo!”
Graças a Deus que os
responsáveis religiosos ganeses (Conselhos Ecuménicos Cristãos do Gana, o
Conselho Pentecostal e Carismático do Gana e a Conferência Episcopal Católica
do Gana) fizeram ouvir a sua voz, «convidando os EUA e demais países Ocidentais a deter as incessantes arremetidas
para nos impor valores culturais estrangeiros e inaceitáveis». Quem assim
fala não é gago, como diz o nosso povo!
«O Gana, como nação
soberana, também tem valores culturais e religiosos que guiam, informam e
garantem o sustento, a harmonia e a coesão das nossas comunidades, e não temos
a intenção de comprometer esses valores para os investidores LGBTQI+»,
afirmaram aqueles líderes religiosos ganeses dizendo mais: «Queremos assegurar
à Embaixadora dos EUA e a todos os demais que o Gana continuará sendo um
país inclusivo. Mas a inclusividade não
pode nem deve ser absoluta e global. Na realidade nenhum país ou sociedade é
absolutamente inclusivo; existem e continuaram sempre a existir leis e
regulamentos que definem as “exclusões” de cada sociedade», assim falaram e
escreveram os líderes religiosos em resposta à inadmissível intromissão
americana no Gana por parte de uma representante de um país onde pululam
exclusões de toda a ordem. Como faria bem à Administração Biden olhar para
dentro do seu país cheio de exclusões e a deixarem-se de ingerências
vergonhosas noutros países!
Posso calar-me
perante este (e outros) desaforos
colonialistas contemporâneos dos EUA ou da União Europeia que pensam que o
dólar ou o euro compram tudo?
Não posso, não quero
nem devo ficar calado contra a arrogância dos que pensam que são “donos” do
mundo. Entretenham-se a resolver os problemas gravíssimos que estão dentro das
vossas fronteiras e deixem de se “armar” em tutores do mundo!
SILERE NON POSSUM!
Carlos Aguiar Gomes
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