O REI BALDUINO: um
Homem exemplar para a eternidade
Em 1993, em trabalho, estive vários dias na Bélgica, quando o Rei Balduino tinha já falecido.Vi, por todo o lado e em várias cidades, nas montras de lojas, uma fotografia , com uma tarja preta, do falecido Rei. Falando com vários belgas, a propósito deste Rei, todos eram unânimes em dizer-me do seu enorme desgosto pela sua morte. Todos me disseram que tinha morrido o último belga! Num supermercado, comprei uma vídeocassete sobre a vida e morte do Rei que me deixou ainda mais admirador deste grande Rei.Mais tarde, em 1996, comprei, igualmente a sua biografia, feita pelo Cardeal Suenens ( “ LE ROI BAUDOUIN – une vie qui nous parle” e que depois foi traduzida para português ( “ O segredo do Rei Balduino”), edição que igualmente possuo ( O título da tradução portuguesa é menos impactante do que o da edição francesa, o que lamento).
O Rei Balduino nasceu em 7 de Setembro de
1930 e faleceu repentinamente em férias em 31 de Julho de 1993, tendo sido
aclamado Rei em 17 de Julho de 1951. Casou em 15 de Dezembro de 1960 com D.
Fabíola de quem não teve filhos. Esta situação, a de não terem tido filhos, foi
um grande sofrimento para o casal real mas que soube ultrapassar com uma grande
dignidade.
Do muito que fez e nos deixou em legado, um
Rei constitucional que era escrupoloso no cumprimento dos seus deveres, o
exemplo mais marcante da sua vida como Rei foi, sem dúvida,de uma enorme
coragem e de uma fidelidade à sua consciência de católico. Vejamos o facto: em
30 de Março de 1990, escreveu uma carta, uma carta que ficou célebre e que, creio,
o há-de levar aos altares (aliás é essa a vontade do Papa Francisco como
referirei adiante.
O Rei, exemplo de Homem e de Político
integro, vai ficar, já está, na História da Bélgica e da Europa por este gesto
que poderia pôr em risco a própria Monarquia quando
renunciou ao trono por algumas horas para não assinar a lei do Aborto! A sua
consciência e os valores profundos que norteavam a sua vida levaram-no a este
gesto de extrema coragem.
O jornalista belga, logo a seguir à morte do
Rei escreveu:
“ Exercer a realeza,
como o Rei o fez, é também um sacerdócio”.
Ou o poeta belga que exarou a sua opinião
sobre o Rei Balduino com as seguintes palavras:
“ O público celebrou no
Rei um homem de amor”.
Ou o Cardeal Danneels que
disse:
“ Estávamos em presença
de alguém que era mais do que um Rei: era o pastor do seu povo.”
… Por isso, o Papa
Francisco, na sua recente visita à Bélgica, teve a feliz determinação, não
prevista na agenda, de ir rezar junto do túmulo do Rei Balduino, na cripta real
de Laeken e nessa altura disse para que todos presentes o ouvissem:
Que queria saudar a
coragem do Rei quando escolheu “ deixar o seu posto de Rei para não assinar
umna lei homicida” tendo exortado os belgas a “ voltarem-se para ele neste momento
em que leis criminosas estão a ser elaboradas” (o Papa referia-se não só às
leis do Abroto como da Eutanásia). E na viagem de regresso a Roma, o Papa
Francisco, anunciou que mal chegasse a Roma daria instruções para a abertura do
processo de beatificação deste grande Rei com estas palavras:
“ No meu regresso a
Roma, lançarei o processo de beatificação do Rei Balduino.Que o seu exemplo de
homem de fé ilumine os dirigentes.Peço que os Bispos da Bélgica, abracem esta
causa para a fazer avançar.”
Obviamente
que se levantou um clamor entre políticos e até Bispos (!!!) contra esta
decisão do Papa.
Na realidade, Balduino foi um Rei exemplar
toda a sua vida e continua a sê-lo ainda hoje, talvez mais do que nunca.
Carlos Aguiar Gomes
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