Theotokos - Academia Mariana | Militia Sanctae Mariae Portugal
Curta reflexão XII | Autoria de Carlos Aguiar Gomes
O dia-a-dia era marcado por ritmos simples, mas profundos. Um dos sinais da religiosidade popular (e não só) era a oração das Ave-Marias, que, três vezes ao dia, chamava a comunidade a rezar, recordando o grande mistério da Encarnação — oração marcadamente trinitária e mariana.
Vários Papas, nomeadamente Paulo VI e São João Paulo II Magno, chamaram a atenção para esta prática e convidaram os crentes a não perderem esta devoção simples — e dos simples.
O Fundador da Militia Sanctae Mariae – Cavaleiros de Nossa Senhora, deixou também registado na Regra que compôs para esta nossa Comunidade, a propósito do Angelus ou Ave-Marias, como é conhecido em Portugal, este apelo:
“Quanto ao Angelus, pertence incontestavelmente à Tradição cavaleiresca. Esta graciosa saudação é particularmente recomendada aos cavaleiros de Nossa Senhora.”
(Regra, cap. XIII, 3)
Aqui deixo registada esta oração na sua versão portuguesa e, igualmente, em latim:
ANGELUS / Trindades / “Ave-Marias”
Em Português:
V. O Anjo do Senhor anunciou a Maria.
R. E Ela concebeu do Espírito Santo.
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco.
Bendita sois vós entre as mulheres,
e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores,
agora e na hora da nossa morte. Ámen.
V. Eis aqui a escrava do Senhor.
R. Faça-se em mim segundo a vossa palavra.
Ave Maria…
V. E o Verbo Divino encarnou.
R. E habitou entre nós.
Ave Maria…
V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
V. Oremos:
Derramai, ó Deus, a vossa graça em nossos corações,
para que, conhecendo pela mensagem do Anjo
a Encarnação do vosso Filho,
cheguemos, pela Sua Paixão e Cruz,
à glória da Ressurreição.
Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho,
que é Deus convosco na unidade do Espírito Santo.
R. Ámen.
V. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo.
R. Assim como era no princípio, agora e sempre,
por todos os séculos dos séculos. Ámen.
(Diz-se três vezes, em honra da Santíssima Trindade)
Em Latim:
V. Angelus Domini nuntiavit Mariæ.
R. Et concepit de Spiritu Sancto.
Ave Maria, gratia plena, Dominus tecum.
Benedicta tu in mulieribus,
et benedictus fructus ventris tui, Iesus.
Sancta Maria, Mater Dei, ora pro nobis peccatoribus,
nunc et in hora mortis nostræ. Amen.
V. Ecce Ancilla Domini.
R. Fiat mihi secundum Verbum tuum.
Ave Maria…
V. Et Verbum caro factum est.
R. Et habitavit in nobis.
Ave Maria…
V. Ora pro nobis, Sancta Dei Genetrix.
R. Ut digni efficiamur promissionibus Christi.
Oremus:
Gratiam tuam, quæsumus, Domine,
mentibus nostris infunde;
ut qui, Angelo nuntiante,
Christi Filii tui Incarnationem cognovimus,
per passionem eius et crucem,
ad resurrectionis gloriam perducamur.
Per eumdem Christum Dominum nostrum. Amen.
V. Gloria Patri, et Filio, et Spiritui Sancto.
R. Sicut erat in principio, et nunc et semper,
et in sæcula sæculorum. Amen.
(Diz-se três vezes, em honra da Santíssima Trindade)
Nota: No Tempo Pascal, substitui-se o Angelus pela oração da Regina Cæli.
E era esta extraordinária oração — simples e profunda — que se rezava três vezes ao dia: de manhã, ao meio-dia e ao entardecer. Parava-se o trabalho, os homens tiravam o chapéu, curvávamo-nos ligeiramente quando o sino tocava às "Trindades", às Ave-Marias (veja-se esse extraordinário óleo de Millet que o Museu do Louvre guarda e que apresento no cimo desta curta reflexão).
Era mais um sinal de uma sociedade que, ainda que muito imperfeita, vivia a sua Fé — também com este gesto que ajudava a interiorizar a própria Fé, ao recordar-nos o grande mistério da nossa salvação: o mistério da Encarnação.
Os sinos deixaram de tocar para marcar o ritmo da nossa vida. E a Fé acompanhou esse triste silêncio.
Carlos Aguiar Gomes
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