segunda-feira, 28 de janeiro de 2019

A NOSSA FALTA DE MEMÓRIA


                              A nossa falta de memória

                                   em tempos

                          DE «  AFECTOS VOLÁTEIS»

                « Parce qu'un homme sans mémoire est un homme sans vie, un peuple sans mémoire est          un peuple sans avenir… » (Maréchal Foch)

 

Foch, foi um dos brilhantes oficias de França .Comandou as forças Aliadas , na frente Oeste , durante a Primeira Guerra Mundial, onde se destacou de tal modo que acabou por ser nomeado Marechal de França, do Reino Unido e da Polónia. Além disso pertenceu à Academia Francesa, sociedade científica e cultural de entrada muito selectiva e que, ainda hoje , acolhe a elite intelectual francesa. Foch não é , um francês qualquer. Foch pertence ao património da França e da Europa. À nossa memória colectiva.

Como sábio que era e Homem experiente, patriota exemplar, sabia que se cada um de nós, na sua Família , na sua terra, no seu país não tivesse memória , perderia o seu rumo. Não teria futuro. É o meu grande receio, a perda de memória familiar e colectiva que atinge ferozmente o nosso tempo. Basta ouvirmos e falarmos com os nossos concidadãos mais novos ( não necessariamente jovens!) para percebermos logo que se perdeu a memória. Memória familiar. Memória da nossa Pátria.

Um provérbio africano diz que “ se não sabes para onde vais, lembra-te, ao menos de onde vens “. Na realidade o nosso tempo está cheio de rapazes, raparigas, homens e mulheres que ignoram , não sabem de todo , por perda de memória, as suas origens, o percurso social, económico, cultural e espiritual da sua Família e de Portugal. O Papa S. João Paulo II, na Exortação Apostólica Pós-Sinodal “ Ecclesia in Europa “ afirma: “ … quero recordar a crise da memória e herança cristã “ … “ muitos europeus ( dão ) a impressão de viver sem substrato espiritual e como herdeiros que delapidaram o património que lhes foi entregue pela história . “ ( nº7 ). E citando o actual Papa : “ A falta de memória histórica é um defeito grave da sociedade . É a mentalidade imatura do «já está ultrapassado». Conhecer e ser capaz de tomar posição perante acontecimentos passados é a única possibilidade de construir um futuro que tenha sentido. Não se pode educar sem memória . “ ( Amoris laetitia, nº193).

Há falta de memória individual, familiar e colectiva! Uma gravíssima falta de memória.

O Marechal Foch tinha razão quando afirmou : “Porque um homem sem memória é um homem sem vida , um povo sem memória é um povo sem futuro.”, frase com que iniciei este curto artigo.

Nesta sociedade dos “ afectos voláteis”, expressão que uso para caracterizar o meu tempo de agora  em que tudo se esfuma ,os afectos, mesmo aqueles que parecem e deviam ser sustentados se volatilizam sem rasto. Sociedade descartável. Do efémero. Do “ se não dá lucro , se não tenho prazer com… deito fora “, onde as memórias se volatilizam sem deixar raízes, onde ao hoje não se permite ganhar raízes, onde o ontem foi descartado … Teremos futuro sem saber nem querer saber de onde vimos sem, igualmente, não sabermos para onde vamos ? Talvez seja por isso que anda tanta gente deprimida e alienada no ruído ( o Cardeal Sarah chama-lhe a ditadura do barulho ) e no consumo que provoca amnésia… Talvez. Talvez seja por isso que tantos jovens andam perdidos sem saber nem querer saber de onde vêm, porque os mais velhos os impediram de ter memória mas também , como não poderia deixar de ser, não os ajudaram a querer saber para onde vão ou como vão ,mas deixam –nos ir sem rumo , com rota desconhecida para  futuro incerto.

As novas redes de comunicação , tão cheias de interesse, acabam por preencher as cabeças e as vidas vazias, vazias completamente de memória e de relações reais e concretas entre as pessoas quebrando a riqueza da inter -  pessoalidade do e no concreto , tornam-se indivíduos  amnésicos. Usando um conceito actual e novo , sem GPS.

Carlos Aguiar Gomes

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