OS TRÊS PONTOS NÃO
NEGOCIÁVEIS
Entre esses temas
fundamentais estão os que o Papa
Bento XVI havia chamado no seu pontificado de princípios não negociáveis para
os católicos na política. O Papa mencionou três
princípios não negociáveis, quer dizer, princípios que um católico não pode
desconsiderar quando se trata de eleger um candidato, de votar. O primeiro
deles é a proteção da vida inocente em todas as suas fases, desde o primeiro
momento da concepção até sua morte natural. Nesse primeiro princípio, está
claro que o Papa se refere ao aborto, à eutanásia e a outros assuntos conexos,
como a pesquisa com células-tronco embrionárias. O aborto, como sabemos, é o
assassinato do bebê ainda no ventre materno. A eutanásia é o assassinato de um
doente, tirando dele os meios ordinários de sobrevivência ou matando-o
simplesmente, com uma injeção ou algo do gênero. A pesquisa com células-tronco
embrionárias é aquela que usa e mata os embriões, em geral fruto de inseminação
artificial – inseminação artificial que é gravemente proibida pela Igreja
Católica – para pesquisas nas mais diversas áreas ou simplesmente para se
fazerem cosméticos. As pesquisas com células-tronco embrionárias são
completamente ilícitas porque matam uma vida humana, e, além disso, têm
mostrado pouquíssimos resultados. As pesquisas com células-tronco adultas,
tiradas de órgãos de pessoas adultas não é ilícita e, essa sim, tem mostrado
resultados. Deus faz as coisas bem feitas, caros católicos. Portanto, o
primeiro ponto não negociável é a proteção da vida inocente em todas as suas
fases, desde a concepção até sua morte natural.
O segundo ponto não
negociável é a promoção da família natural, na verdade o único tipo de família
que existe, com a união entre um só homem e uma só mulher pelo matrimônio
indissolúvel. De modo particular, o católico deve defender a família diante das
tentativas do reconhecimento legal de uniões de pessoa do mesmo sexo. Diz
a nota
doutrinal da Congregação para a Doutrina da Fé de 2003 sobre os projetos de reconhecimento legal das
uniões entre pessoas homossexuais: “Em presença do reconhecimento legal das
uniões homossexuais ou da equiparação legal das mesmas ao matrimônio, com
acesso aos direitos próprios deste último, é um dever opor-se-lhe de modo claro
e incisivo. Há que se abster de qualquer forma de cooperação formal na
promulgação ou aplicação de leis tão gravemente injustas e, na medida do
possível, abster-se também da cooperação material no plano da aplicação. Nesta
matéria, cada qual pode reivindicar o direito à objecção de consciência.”
Portanto, não se trata de se opor simplesmente ao “casamento” homossexual, mas
trata-se de se opor a qualquer reconhecimento legal dessas uniões. No Brasil,
um reconhecimento legal foi feito insidiosamente no Supremo Tribunal Federal e
sua aplicação foi forçada pelo Conselho Nacional de Justiça, à revelia da
população maioritariamente contra.
Finalmente, o terceiro
princípio não negociável mencionado por Bento XVI é o direito dos pais de
educarem os filhos. A família antecede o Estado. Portanto, por direito natural
cabe aos pais educar os filhos e não cabe ao Estado impor o que ele bem
entende, como a ideologia do gênero ou o indiferentismo religioso, por exemplo.
O Estado, com seus planos nacionais de educação, tem querido cada vez mais
monopolizar a educação de nossas crianças e jovens, querendo obrigar a entrada
na escola cada vez mais cedo, estendendo os horários, etc. A educação é direito
e dever primeiramente dos pais, por lei natural.
Deve ser para todos evidente que uma sociedade em que os pais matam os
filhos, em que os filhos matam os pais idosos, ou em que se mata uma vida
inocente simplesmente para se poder viver com mais tranquilidade e sem ter
tanto trabalho, é uma sociedade corrompida no seu fundamento. Uma sociedade que
reconhece e legitima as uniões homossexuais, uniões que não se voltam para a
perpetuação da espécie humana, uniões que não podem dar frutos, que não podem
gerar vida, uniões que se opõem ao mais elementar dado da realidade, que é a
complementaridade entre um homem e uma mulher – uma sociedade que reconhece e
legitima essas uniões está corrompida no seu fundamento. Uma sociedade em que a
família não é a principal educadora das crianças e dos jovens é também uma
sociedade corrompida no seu fundamento. Pode até ser que tenha durante certo
tempo uma prosperidade econômica, mas aquela prosperidade que realmente
importa, que é a da virtude, já não existe. E uma sociedade corrompida
moralmente a tal ponto está fadada a desaparecer e a ser castigada por Deus. São
esses os três princípios não negociáveis de que nos falava o Papa Bento XVI. É
claro que os outros princípios da lei natural e da lei divina não podem ser
negociados. Não se pode negociar o princípio, sempre afirmado pela Igreja, da
impossibilidade de ser católico e socialista ou comunista ao mesmo tempo. Ou se
é uma coisa ou outra. Não se pode negociar o princípio de que a Igreja católica
é a verdadeira religião revelada por Deus e que, consequentemente, ela deva ser
reconhecida como tal pelo Estado. E assim por diante. Nenhum princípio da fé,
da Revelação ou da lei natural pode ser negociado. O que devemos destacar é que
esses três princípios não negociáveis mencionados pelo Papa bento XVI estão
realmente no fundamento de tudo, não só da sociedade civil, mas também da
Igreja. Se uma sociedade cede em um desses três pontos, todo o resto
automaticamente desmorona. E esses três pontos de fundamental importância são
completamente negligenciados pelos mais diversos candidatos. Os temas que
realmente importam para a sociedade são silenciados, pois pode ser que a
sociedade se dê conta desses gravíssimos erros e do suicídio que significam.
Esses temas são silenciados porque os principais candidatos são favoráveis em
maior ou menor escala a esses erros. Quando alguém ousa levantar algum desses
temas e tratar deles devidamente, apontando os problemas e perigos gravíssimos,
é logo tratado de fundamentalista religioso. De fundamentalismo religioso não
há nada. Primeiro, são temas que dizem respeito à lei natural,
independentemente da religião. Nossa razão compreende que não se pode matar um
bebê, compreende que não se pode matar um doente. Nossa razão compreende que a
união entre duas pessoas é em vista da procriação, da geração dos filhos. Nossa
razão compreende que a família é a primeira sociedade onde se educam os filhos.
E, ainda que fosse um tema estritamente religioso, é preciso dizer que a Igreja
poderia afirmar e deveria reafirmar a sua doutrina, para, com a luz do Evangelho,
evitar um grande mal para a sociedade. Corremos o risco, caros católicos, de ver
nosso país se afundar cada vez mais em um socialismo difuso – cada vez menos
difuso e mais palpável -, em um relativismo moral ainda mais drástico e
pernicioso, em um esquecimento completo da lei natural e da lei de Deus. Nós
precisamos fazer a nossa parte. E nossa parte começa pelas nossas famílias, por
famílias católicas, em que os filhos são bem educados, em que os membros
buscam, cooperando entre si, cumprir a vontade de Deus em todas as coisas e
chegar ao céu. Fazer nossa parte com famílias católica numerosas, de onde
saíram bons padres, bons religiosos e religiosas. Famílias católicas de onde
saíram futuros maridos e esposas católicas que terão famílias católicas numerosas,
com vocações e assim por diante. É assim que faremos nossa parte para restaurar
tudo em Cristo. Devemos também professar publicamente a nossa fé, sem respeito
humano, nos ambientes em que vivemos e agir na esfera pública na medida de
nossas possibilidades e sempre em conformidade com a doutrina católica. ( P.
Daniel Pinheiro)
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