Dilectos Filhos e Filhas de todo o Orbe Católico!
Chamado pela misteriosa e paterna
bondade de Deus à gravíssima responsabilidade do Supremo Pontificado, enviamos
a Nossa saudação a todos os que, segundo os ensinamentos do Evangelho, gostamos
de ver unicamente amigos e irmãos. Para vós todos, saúde, paz, misericórdia e
amor: A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunicação do
Espírito Santo estejam com todos vós.
O Nosso programa será o de
continuar o do nunca suficientemente chorado Paulo VI, no sulco já traçado, com tão universal consenso, pelo grande
coração de João XXIII:
— queremos prosseguir, sem
paragens, a herança do Concílio Vaticano II, cujas normas sábias devem
continuar a cumprir-se, velando para que um ímpeto, generoso talvez mas
incauto, lhes não deforme o conteúdo e o significado, e também para que forças
exageradamente moderadoras e tímidas não atrasem o seu magnífico impulso de
renovação e de vida;
— queremos conservar intacta a
grande disciplina da Igreja, na vida dos sacerdotes e dos fiéis, tal como a
celebrada riqueza da sua história a assegurou através dos séculos, com exemplos
de santidade e de heroísmo, quer no exercício das virtudes evangélicas, quer no
serviço dos pobres, dos humildes e dos indefesos. A este propósito,
promoveremos a revisão dos dois Códigos de Direito Canónico, de tradição
oriental e latina, para assegurar, à linfa interior da santa liberdade dos
filhos de Deus, a solidez e a estabilidade das estruturas jurídicas;
— queremos recordar a toda a Igreja
que o seu primeiro dever continua sendo o da evangelização, cujas linhas
mestras o nosso Predecessor Paulo VI sintetizou num memorável documento:
animada pela fé, alimentada pela Palavra de Deus e nutrida pelo alimento
celeste da Eucaristia, ela deve procurar todos os caminhos e descobrir todos os
meios, a Tempo e a Contratempo, para semear o
Verbo, proclamar a mensagem, anunciar a salvação, que introduz nas almas a
inquietação da procura da verdade e as mantém nesta inquietação com o auxílio
do alto. Se todos os filhos da Igreja souberem ser incansáveis missionários do
Evangelho, novo florescimento de santidade e de renovação surgirá no mundo,
sequioso de amor e de verdade;
— queremos continuar o esforço
ecuménico, que vemos como a última indicação dos nossos imediatos
Predecessores, velando com fé intacta, com esperança invencível e com amor
indeclinável pela realização do grande mandamento de Cristo: Que todos sejam
um, em que vibra a ansiedade do seu coração na vigília
da imolação do Calvário. As mútuas relações entre as Igrejas de diversas
denominações realizaram progressos constantes e notáveis, que estão à vista de
todos. Mas a divisão não deixou, por outro lado, de ser ocasião de
perplexidade, de contradição e de escândalo para os não-cristãos e os
não-crentes. Por isso, tencionamos dedicar a nossa acurada atenção a tudo o que
possa favorecer a unidade, sem cedências doutrinais e também sem hesitações;
— queremos prosseguir com
paciência e firmeza naquele diálogo sereno e construtivo, que o nunca
suficientemente chorado Paulo VI pôs como fundamento e programa da sua acção
pastoral, expondo as linhas mestras na sua excelente Encíclica Ecclesiam
Suam: que os homens se reconheçam mutuamente enquanto homens; e quando
se trate daqueles que não partilham a nossa fé, que estejamos sempre dispostos
a dar-lhes o testemunho da fé que está em nós e da missão que nos confiou
Cristo, a fim de que o mundo creia;
— queremos, enfim, favorecer
todas as iniciativas louváveis e valiosas, que possam defender e incrementar a
paz no mundo conturbado: chamaremos à colaboração todos os homens bons, justos,
honestos e rectos de coração, para que estabeleçam um dique, no interior das
nações, contra a violência cega que só destrói e semeia ruínas e luto, e para
que, na vida internacional, conduzam à mútua compreensão, à conjugação dos
esforços, e favoreçam o progresso social, debelem a fome do corpo e a
ignorância do espírito, promovam a elevação dos povos menos dotados de bens da
fortuna, embora ricos de energias e de vontade.
Dado em Roma, no Domingo 27 de Agosto de 1978
João Paulo, Servo dos Servos de Deus, pai e mediador da Igreja Universal
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