terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Relatório da Human Rights Watch fala em "atrocidades" cometidas contra comunidades cristãs no Burkina Faso

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Fundação AIS - Departamento de Informação

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ACN_BurkinaFaso_14.01.2020a.jpgBURKINA FASO:

Relatório da Human Rights Watch fala em “atrocidades” cometidas contra comunidades cristãs


Os cristãos são um dos alvos principais dos grupos jihadistas que têm vindo a espalhar o terror no Burkina Faso e nos países da região. Segundo um relatório publicado na semana passada pela Human Rights Watch [HRA], só desde Abril do ano passado “grupos islâmicos armados” foram responsáveis por “ataques direccionados e execuções sumárias” de mais de 250 pessoas.

Segundo esta organização de defesa dos direitos humanos, há um padrão comum nos ataques: as vítimas pertencem à comunidade cristã, são funcionários do governo ou, de alguma forma, podem ser associadas ao Ocidente.

Corinne Dufka, directora da Human Rights Association para a região de África Ocidental, afirma que os grupos armados responsáveis por esta onda de terror no Burkina Faso têm agido com “crueldade” e manifestando “total desrespeito pela vida humana”.

Além dos cristãos, os jihadistas têm procurado, acrescenta ainda esta responsável, “alvejar deliberadamente” comerciantes, mineiros, agricultores e pessoas que estão de passagem pelas regiões onde ocorrem os ataques que classificou como “crimes de guerra”.

A Human Rights Watch documentou 256 assassinatos em 20 ataques cometidos desde Abril do ano passado por grupos jihadistas identificados como aliados da Al Qaeda. Entre esses grupos está um movimento local, o Ansaroul Islam, e o Estado Islâmico do Grande Saara.

Segundo testemunhos recolhidos pela HRA, houve casos em que “as vítimas foram mortas a tiros em mercados e aldeias, enquanto rezavam em igrejas e mesquitas”, ou se encaminhavam para campos de deslocados. De facto, têm sido vários os ataques nos últimos meses a Igrejas ou a manifestações religiosas, como procissões, com diversos padres a serem vítimas directas dos jihadistas. Em Dezembro, D. Justin Kietega denunciava uma perseguição implacável contra os cristãos e lamentava o silêncio por parte dos países ocidentais.

“Nós, cristãos, somos perseguidos, enquanto o Ocidente permanece indiferente vendendo armas para os terroristas em vez de os dete.”, disse o Bispo de Ouahigouya, após o terrível massacre de 14 fiéis no primeiro dia de Dezembro numa igreja protestante na província de Fada N’Gourma, no leste do Burkina Faso, perto da fronteira com o Níger.

Em declarações à Fundação AIS, o prelado assumiu que os Cristãos enfrentam uma “perseguição contínua”, recordou que, durante meses, a Igreja tem denunciado o que está a acontecer não só neste país mas em todo o continente africano, e lamentou a ausência de medidas e de solidariedade da comunidade internacional. “Ninguém nos escuta”, disse D. Justin Kientega, acrescentando que “eles”, o Ocidente, “estão mais preocupados em proteger os seus próprios interesses”.

Para D. Justin Kientega vive-se um “nível sem precedentes de insegurança”, que está já a limitar a própria actuação dos membros da Igreja no seu trabalho apostólico comum.

Perante esta situação, que classifica de crítica, D. Kientega apela de novo à comunidade internacional através da Fundação AIS: “O mundo deve olhar e ver o que está a acontecer no Burkina Faso. As potências ocidentais devem parar aqueles que estão a cometer esses crimes, não vendendo mais as armas que eles estão a usar para matar os cristãos. Nós estamos a ser perseguidos; mas mantemos a nossa confiança no Senhor e esperamos que tudo isto chegue ao fim em breve. Obrigado a todos pelas vossas orações.”

http://bit.ly/14120_BurkinaFaso

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