Em tempo de epidemia que
tende para pandemia, as notícias são constantes e … alarmam-nos.
São-nos dados inúmeros
conselhos práticos para reduzir os riscos reais.
Lavar muitas vezes por dia as
nossas mãos com sabão é uma daquelas medidas profilácticas, simples, ao alcance
de todos em casa ou no lugar de trabalho.
Outra medida simples, é de não
nos
aproximarmos muito das outras pessoas e evitar as grandes aglomerações.
Em Portugal, para frustração
de muitos meios de comunicação social, ainda só agora apareceram alguns casos (
pelo menos até ao momento em que escrevo estas linhas), o que, para já nos pode
deixar mais ou menos tranquilos. Contudo, sabemos que os vírus não conhecem
fronteiras, nem estatuto social. E, como todos os vírus, apresentam uma
característica muito peculiar: são altamente mutantes. A sua estrutura genética
muda muito fácil e rapidamente.
Como cidadão católico
praticante, constato, nos nossos templos duas atitudes que, em meu entender são
perigosas e, do ponto de vista sanitário condenáveis e, por isso deveriam
evitar-se totalmente.
Exemplo um: a senhora A. Está
com tosse e espirra com frequência. Está no meio de um banco da sua igreja. Quando
tosse ou espirra, o lugar onde coloca as sua mãos no genuflexório, vai ficar
carregado de pequenas partículas, pouco visíveis, de saliva, mas com milhões de
vírus invisíveis. Na hora da comunhão, os seus vizinhos, ao deslocarem-se para
a fila da comunhão, amparam-se na parte superior do dito genuflexório e, sem
saber nem dar conta, vão carregar as sua mãos de milhões de vírus. Depois,
quando se aproximam para receber a sagrada comunhão, estendem a mão e na palma
desta é-lhe colocada a Hóstia que, com a outra mão colocam na boca ( e já não
refiro, o que tenho visto muitas e muitas vezes, de o fiel, depois de pôr a
Hóstia na boca, olhar para a palma da mão onde
foi colocada a Hóstia consagrada, e lamber a mão para que não fiquem
pedacinhos que poderiam cair ao chão!). E os vírus, ficam quietos? O comungante
, antes de esticar a mão para comungar, lavou, como é recomendado, as suas mãos
com sabão, sobretudo depois de ter deslizado as suas mãos pelo suporte do
genuflexório?
Exemplo dois: chegou-se a
altura do “ abraço da paz”. Então começa o desatino total! Beijinhos à direita,
à esquerda, na fila da frente e na de trás, duas à frente e três a trás, quando
não se passeiam pela igreja a dar muitos beijinhos, “ palavrinhas simpáticas de
votos de boa saúde”, palmadinhas nas costas e, imagine-se, sacudidelas nos mais
freneticamente entusiasmados com tanto gesto “ marcelino” ( já me aconteceu
inúmeras vezes ser sacudido com alguma violência, sobretudo por piedosas
mulheres!). E o que acontece aos vírus? A este da moda e aos outros tão
frequentes no Inverno e que causam as gripes? Espalham-se descontroladamente,
não é? E os cristãos “ cumprimentadores” lavaram imediatamente antes e depois
as suas mãos com sabão?
Exemplo três: ao dirigir-se à
igreja, o fiel que vai de autocarro, quando entra, se senta , se levanta para
sair e sai, agarra – se aos suportes
para não cair, tem o cuidado de respeitar os outros e evitar a transmissão dos
vírus lavando as suas mãos com sabão? Ali e logo?
E aqui ficam três reflexões
incómodas para quem cheio de boas intenções e de muita modernidade, ainda não
pensou nos perigos que corre e faz correr no âmbito da saúde pública? Ah!
Esquecia-me de dizer que a Organização Mundial de Saúde recomenda vivamente que
se lavem muitas vezes e bem as mãos . Que eu saiba, ainda não há sabão azul
água e toalhas descartáveis em cada igreja para que os fiéis lavem as mãos
antes da comunhão na mão!
Bem sei, tenho a certeza
absoluta, que me vão chamar de integrista. Não me importo nada. Para a
comunhão, sigo os exemplos pedidos e desejados de S. João Paulo II e do sábio
Bento XVI. Respeito e procuro cumprir a Instrução “ O Sacramento da Redenção”.
Para o chamado “ abraço da paz” esforço-me por cumprir o espírito deste gesto
fraterno e bem gostaria que , como tantas vezes sugeriu Bento XVI, fosse
deslocado para outra ocasião que não dispersasse os fiéis com tanta “ azáfama”
“ cumprimentadeira”.
Carlos Aguiar Gomes
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