HINO
Rainha celestial,
Reparo das nossas dores,
Grandes são os teus louvores.
Senhora, como nasceste,
Tua virtude foi tanta
Que aquela embaixada santa
Com grande fé mereceste.
Tão continente viveste
Que não bastam oradores
Recontar os teus louvores.
A mercê que alcançaste
Nossa vida reparou,
Pois com teus peitos criaste
Aquele que Te criou.
Foste causa que mudou
O grão Senhor dos senhores
Em prazer as nossas dores.
Ó fonte de piedade
E Mãe de misericórdia,
Quem de Ti não faz memória
Vai mui longe da verdade.
És cheia de caridade
E de tamanhos primores
Que são grandes teus louvores.
Mitiga nossos tormentos
Que com tantos males crescem,
Pois nossos merecimentos
Sem os teus nada merecem.
Socorro dos que padecem
Que sejamos pecadores,
Faze-nos merecedores.
Dos Sermões de Santo André de Creta, bispo
(Sermão 1: PG 97, 806-810) (Sec. VIII)
O que era antigo passou. Tudo se renova
Cristo é o fim da lei; Ele nos faz passar da escravidão da
lei para a liberdade do espírito. N’Ele está a perfeição da lei, porque, sendo
o supremo legislador, deu pleno cumprimento à sua missão, transformando em
espírito a letra da lei e recapitulando em Si todas as coisas. A lei foi
vivificada pela graça e foi posta ao seu serviço, formando com ela uma
composição harmoniosa e perfeita. Cada uma delas conservou as suas
características próprias, sem alteração nem confusão; mas o que na lei havia de
penoso e servil tornou‑se, por uma
transformação divina, fonte de suavidade e liberdade, e deste modo, como diz o
Apóstolo, já não somos escravos dos elementos do mundo, nem oprimidos pelo jugo
da letra da lei.
O mistério de Deus que Se faz homem e a consequente
divinização do homem assumido pelo Verbo representam o compêndio perfeito dos
benefícios de Cristo em nosso favor e o aniquilamento de toda a vã presunção da
natureza humana. Mas convinha que a esplendorosa e surpreendente vinda de Deus
aos homens fosse precedida por uma alegria especial que nos preparasse para o
dom grandioso e admirável da salvação. Este é o significado da festa que hoje
celebramos, porque o nascimento da Mãe de Deus é o princípio desses bens
prometidos, princípio que terá o seu termo e conclusão na predestinada união do
Verbo com a carne. Hoje nasce a Virgem Maria; será amamentada e crescerá,
preparando‑se deste modo para ser a Mãe de Deus, Rei
de todos os séculos.
Deste nascimento nos vem um duplo benefício: por um lado,
eleva‑nos ao conhecimento da verdade; e por outro, liberta‑nos de uma vida escravizada à letra da lei. De que modo e em que
condições? A luz dissipa as trevas e a graça liberta‑nos da escravidão da lei. Esta é uma solenidade de confins
entre o Antigo e o Novo Testamento: a verdade substitui os símbolos e as
figuras, e a nova aliança substitui a antiga.
Cantem e exultem todas as criaturas e participem condignamente na alegria deste dia. Juntem‑se nesta celebração festiva os céus e a terra, tudo o que há no mundo e acima do mundo. Porque hoje é o dia em que o Criador do universo edificou o seu templo; hoje é o dia em que a criatura prepara uma nova e digna morada para o seu Criador.
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