domingo, 27 de dezembro de 2020

ONTRA ESTA SOCIEDADE LIGHT, ANÉMICA e SEM MEMÓRIA ( 2)

 

CONTRA ESTA SOCIEDADE LIGHT, ANÉMICA e SEM MEMÓRIA ( 2)

 

 

   Prometi, no artigo anterior com este mesmo título, que iria continuar com a manifestação da minha opinião de livros que li muito recentemente.

   “ DIO VIVE IN OLLANDA” do Cardeal Eijk, em entrevista ao jornalista Andrea Galli, jornalista do AVVENIRE ( Ed. Ares , Milão, Setembro de 2020) foi outro livro que li e de que gostei imenso. Para os meus leitores vou indicar , também, o sub-título desta obra . “ Mas o Filho do Homem, quando voltar, encontrará a fé sobre a Terra?”, citação do Evangelho de S. Lucas ( 18,8) e que já nos dá uma pista sobre o conteúdo deste pequeno livro do Cardeal Arcebispo  de Utreque ( Arcebispo desde 2008 e Cardeal desde 2009).

  A entrevista que originou este livro desenvolve-se por 132 páginas onde é analisada a violentíssima crise que abala a igreja Católica dos Países Baixos e que tona a sua presença praticamente residual. A Holanda foi até à década de 60 do século passado um alfobre de missionários (calcula o autor que na década de 60 do século XX, cerca de 11 ou 12% dos missionários em todo o mundo eram holandeses ) e com uma Igreja viva. Mas, em 2016 só 50% dos católicos holandeses acreditavam que Jesus era Filho de Deus! Ou que em 2003 os católicos que iam à Missa ao Domingo eram 385 000 mas em 2015 já eram 186 000 e que naquele período das 1 782 igrejas se fecharam 269. Ou que , actualmente, menos de 50% dos católicos é que baptiza os filhos. Contudo foi esta mesma Igreja (refiro-me à hierarquia e teólogos, nomeadamente) que iniciou a “ abertura” no “ espírito” do Concílio Vaticano II, demolindo tudo ou quase. Com a leitura deste pequeno livro consolidei as minhas opiniões sobre as origens da crise violenta , talvez como nunca, que abala a Igreja e que, sobretudo tiveram inicio no país das Tulipas!

  Outro livro que saboreei, noutro registo, foi : “ Lettre d`un moine bénédictin à un ortodoxe”, de Dom Jean OSB ( Ed. I LIFE, Flavigny-sur-Ozerain, 2020), um monge beneditino que, em estilo epistolar, muito bem escrito, fundamentado, sereno vai escrevendo cartas a um hipotético ortodoxo, sobre a Fé comum, o que une católicos e ortodoxos, num verdadeiro e autêntico espírito ecuménico com vista a um diálogo franco e produtivo. Como diz o autor: este livro « é uma contemplação da obra de Deus, que as divisões provenientes dos homens não podem esperar em si mesmos nem devem fazer esquecer…». O livro termina com um cântico dedicado à Santa Mãe de Deus, a Theotokos, cântico comum a católicos e ortodoxos, o belíssimo hino Acatista.

   Finalmente, o último livro a que quero e devo fazer referência, bem diferente dos anteriores mas cuja leitura me “ iluminou” no meu desconhecimento de uma figura tenebrosa da nossa história que jacobinos e afins não cessam de louvar (recorde-se que, em Lisboa, a estátua monumental ao “ figurão” foi mandada fazer na I república e apoio de forças anti-clericais bem conhecidas!). Estou a referir-me ao Marquês de Pombal, que, sem úvida, deixou muito de bem, apesar do muitíssimo de mal que fez e como viveu. A obra chama-se: “ DE QUASE NADA A QUASE REI” e é seu autor Pedro Sena-Lino ( Ed. Contraponto,Lx, 2020).  Este livro de um historiador além de muito bem escrito, está extremamente muito bem documentado. As fontes são inúmeras e muito diversificadas. Não conduz o leitor num ou noutro sentido. Procura a verdade dos factos. Mostra a verdadeira personalidade desta figura que certa visão da história, desde o século XIX, foi mitificando.

   Há, porém, nesta obra um ponto a que me quero referir particularmente: o modo como termina a sua obra. Sena-Lino , naturalmente, faz os agradecimentos a todos os que o apoiaram neste magnífico trabalho, mas os seus últimos agradecimentos rezam assim: « … e , acima de tudo, ao Criador de todas as coisas, a Quem entrego este trabalho de pesquisa de verdade – num tempo de desverdades». Fiquei admirado pelo seu agradecimento final! Não é corrente terminar, assim, um trabalho científico nestes tempos de mentiras ou desverdades como o autor diz, com uma grande dose de caridade!

 Um feliz 2021, caros leitores!

Carlos Aguiar Gomes

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