quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

« DEVEMOS SER EXIGENTES E ESTRITOS NESTE PONTO» (2)

 

« DEVEMOS SER EXIGENTES E ESTRITOS NESTE PONTO» (2)

« O Concílio é o Magistério da Igreja. Ou estás com a Igreja e, portanto segues o Concílio, e se não o segues ou interpretas à tua maneira, à tua vontade, não estás com a Igreja.». ( Papa Francisco,1.II.21)

 

   Pensei várias vezes, depois de ter escrito o artigo anterior com este título, se valeria a pena voltar ao tema. Decidi que  regressaria ao mote.

   A Igreja , a que pertenço desde o dia 30 de Junho de 1945, está a viver , há décadas, uma crise profunda que se agrava todos os dias. Deveria escrever isto? Sim, sinto que tenho a obrigação como baptizado, e como leigo que não se envergonha da sua Fé, de voltar ao tema que a frase com que encimo este artigo, do actual Papa, me encorajou.

   Na outra semana, muito de relance, referi-me aos católicos que não aceitam o II Concílio do Vaticano. Não aceitam que nada se tenha mudado. Este grupo tem muitas cambiantes. Está a aumentar. Têm seminários a abarrotar de gente nova, que não tem a menor ideia do que era  e como era a Igreja de antes do dito Concílio. Frequentam somente a Forma Extraordinária do Rito Romano. Seguem-na com imenso recolhimento. Levam as famílias com crianças. Não são, pois, não podem dada a sua idade, ser saudosistas, como são frequentemente insultados pelas tais “almas” cheias de …. Misericórdia! Há dioceses onde lhes fecham as igrejas, mas abrem-nas a cultos esotéricos (recordo uma situação de uma catedral francesa que abriu as suas portas para o culto druida e fechou-as aos cristãos que queriam somente celebrar a Missa na Forma Extraordinária!) Espantoso este ecumenismo “misericordioso”… Para esta “ cultura” do encontro e do acolhimento. Ou ainda de outra onde se lhes fecharam as portas e os cristãos celebraram a Missa no exterior como prófugos. Enfim…É o que é.

  Voltando ao Papa e à segunda parte da dita frase. Disse o Papa, textualmente, se o « interpretas à tua maneira, à tua vontade, não estás com a Igreja.».

  O que haveria aqui a dizer!

Mas vou aos textos do Concílio, e vou citá-los “ ipsis verbis” para não se pensar que estou a manipular os textos e a interpretá-los à minha maneira. Por exemplo, entre muitíssimos que poderia aqui chamar:

«Além disso, são infames as seguintes coisas: tudo quanto se opõe à vida, como seja toda a espécie de homicídio, genocídio, aborto, eutanásia e suicídio voluntário…» ( Gaudium et Spes, nº27).

                         ABORTO – EUTANÁSIA – SUICÍDIO VOLUNTÁRIO são INFAMES!

  Pode um cristão dar o seu apoio implícito, explícito, descarado ou camuflado as “ estas coisas infames”?

   Pode um cristão na vida política dar o seu voto a propostas que avalizem/legalizem/liberalizem estas “ coisas” infames sem se contradizer ou, pior ainda, dizendo-se, HIPOCRITAMENTE católico, conquistar os “ idiotas úteis” que votam?

   Como se compreende a aceitação tácita, consentida e acarinhada por parte da Igreja ( Corpo Místico de Cristo e Povo de Deus) destas “ coisas” infames? Vejamos o caso em moda do Biden e as medidas que já tomou nesta área…

  Como se pode compreender a FALTA de condenação dos cristãos que ( não julgo intenções!) dão o seu apoio a estas “ coisas” infames, clara, sem sofismas, sem meias tintas ou por eufemismos, por Justiça e MISERICÓRDIA, por parte de quem tem o DEVER de ser claro e Mestre da Fé e na Fé?

  E o que dizer de outros documentos conciliares que foram banidos ( p.e. no concernente à língua e cânticos das celebrações), literalmente expurgados como “ tinhosos”… E a clericalização dos leigos…quando o que se pretendia era que os leigos fossem “ Lumen gentium” na economia, na política, nas artes…

  Basta de meias tintas. De falsa caridade. A Caridade liberta! Liberta do erro, dos erros, porque exerce a Justiça e a Misericórdia que se não opõem mas se completam.

  Por isso, como disse o Papa Francisco, não se está na Igreja se cada um tem a “ sua” interpretação do II Concílio do Vaticano, dos seus verdadeiros e autênticos documentos que, todos, ainda mantêm o seu frescor. Não deixemos contaminar a riqueza do Concílio pela vaidade da “nossa” interpretação.

    E, já agora, não atirem pedradas aos “ maus” conservadores! Olhem, antes e acima de tudo, para seu próprio umbigo, o orgulho da interpretação individualística! Vejam como aqueles enchem seminários e igrejas. Olhem para o que é “ guiado” por interpretações pessoais e fantasiosas, como se esvaziam. Comparem. Concluam. Não dá muito trabalho!

…Acima de tudo, que nos bafeje a Caridade!

Carlos Aguiar Gomes

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