Muitas vezes nos deixamos confundir pela ideia de que a heresia luterana traz impreterivelmente consigo uma aversão à Mãe de Deus. Nada mais errado! Na verdade, desde o tempo de Johann Sebastian Bach até aos nossos dias, a Comunidade Evangélica de Leipzig, nunca deixou de celebrar os mistérios da Virgem Maria tais como a Anunciação, e Visitação, a Expectação, a Maternidade, a Purificação e mesmo a Intercessão nas Bodas de Canã.
Entre estas, a Festa da Visitação mereceu grande atenção da parte de diversos compositores evangélicos, incluindo o próprio Bach. Certamente já todos ouvimos o célebre coral Jesus bleibet meine freude sem desconfiar que foi composto para esta mesma celebração.
Feliz sou, pois tenho Jesus,
Oh, com que força me prendo a ele
para que console meu coração
quando estou fraco e triste.
Tenho a Jesus, que me ama
e me entrego a ele como se fosse meu
ah, então, não quero abandonar Jesus
até que meu coração exploda.
Jesus segue sendo a minha alegria,
consolo e seiva do meu coração,
Jesus me defende de toda pena,
É a força da minha vida.
consolo e seiva do meu coração,
Jesus me defende de toda pena,
É a força da minha vida.
A alegria e o sol dos meus olhos,
O tesouro e o prodígio de minh'alma;
Por isso não quero Jesus
Fora do meu coração e da minha vista.
Do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas
Naqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se apressadamente para a montanha, em direcção a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, o menino exultou-lhe no seio. Isabel ficou cheia do Espírito Santo e exclamou em alta voz:
«Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me é dado que venha ter comigo a Mãe do meu Senhor? Na verdade, logo que chegou aos meus ouvidos a voz da tua saudação, o menino exultou de alegria no meu seio. Bem-aventurada aquela que acreditou no cumprimento de tudo quanto lhe foi dito da parte do Senhor».
Maria disse então:
«A minha alma glorifica o Senhor e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador. Porque pôs os olhos na humildade da sua serva: de hoje em diante me chamarão bem-aventurada todas as gerações. O Todo-poderoso fez em mim maravilhas, Santo é o seu nome. A sua misericórdia se estende de geração em geração sobre aqueles que O temem. Manifestou o poder do seu braço e dispersou os soberbos. Derrubou os poderosos de seus tronos e exaltou os humildes. Aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu de mãos vazias. Acolheu a Israel, seu servo, lembrado da sua misericórdia, como tinha prometido a nossos pais, a Abraão e à sua descendência para sempre».
Maria ficou junto de Isabel cerca de três meses e depois regressou a sua casa.
Durante vários séculos, a Igreja Católica celebrava esta festa no dia 2 de Julho, o nono dia após a Solenidade do Nascimento de S. João Baptista. Sabemos que, na Festa da Visitação de 1726, em vez compor uma nova cantata, Johann Sebastian Bach fez estrear a cantata Herr wird ein Neues im Lande erschaffen, composta pelo seu primo Johann Ludwig Bach. No ano seguinte, o dia 2 de Julho caiu a um domingo. Para essa ocasião, Bach compôs o Magnificat alemão, BWV 10.
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