segunda-feira, 24 de maio de 2021

«Maria, Mãe da Igreja e Advogada dos fiéis» por S. Paulo VI na Exortação apostólica «Signum magnum»

Extraído da Exortação apostólica «SIGNUM MAGNUM»
de São Paulo 
VI consagrada ao culto da Virgem Maria, 
Mae da Igreja e modelo de todas as virtudes

O «sinal grandioso» que o Apóstolo S. João viu no Céu: «uma Mulher revestida com o sol» (cfr. Apoc 12,1), não sem fundamento o interpreta a Sagrada Liturgia como referindo-se à Santíssima Virgem Maria, Mãe de todos os homens pela graça de Cristo Redentor. (...)

Aproveitando a ocasião das cerimónias religiosas que têm lugar nestes dias em Fátima (Portugal) em honra da Virgem Mãe de Deus, onde Ela é venerada por numerosas multidões de fiéis, pelo seu coração «maternal e compassivo», desejamos mais uma vez chamar a atenção de todos os filhos da Igreja para o inseparável nexo tão amplamente ilustrado na Constituição Dogmática «Lumen Gentium», existente entre a maternidade espiritual de Maria e os deveres dos homens remidos para com Ela, como Mãe da Igreja. (...) julgamos fazer algo de grande utilidade para as almas dos fiéis, se nos detivermos a considerar duas verdades muito importantes para a remodelação da vida cristã.

Maria Santíssima, Mãe espiritual perfeita da Igreja

A primeira verdade é esta: Maria é Mãe da Igreja, não só por ser Mãe de Jesus Cristo e sua íntima colaboradora na nova economia da graça, quando o Filho de Deus n’Ela assumiu a natureza humana para libertar o homem do pecado mediante os mistérios da sua carne, mas também porque brilha à comunidade dos eleitos como admirável modelo de virtude.

Depois de ter participado no sacrifício redentor de seu Filho, e de maneira tão íntima que mereceu ser por Ele proclamada Mãe não somente do discípulo João, mas – seja consentido afirmá-lo – do género humano, por este de algum modo representado, Ela continua agora no Céu a desempenhar a sua função materna de cooperadora no nascimento e desenvolvimento da vida divina em cada alma dos homens remidos.

Maria Mãe espiritual mediante a sua intercessão junto do Filho

Mas de que modo coopera Maria no crescimento da vida da graça nos membros do Corpo Místico? Antes de tudo, pela sua oração incessante, inspirada por uma ardentíssima caridade. A Virgem Santa, de facto, gozando embora da contemplação da Santíssima Trindade, não esquece os seus filhos que caminham, como Ela outrora, na peregrinação da fé; pelo contrário, contemplando-os em Deus e conhecendo bem as suas necessidades, em comunhão com Jesus Cristo que está sempre vivo para interceder por nós, deles se constitui Advogada, Auxiliadora, Amparo e Medianeira.

No entanto, a cooperação da Mãe da Igreja no desenvolvimento da vida divina nas almas não consiste apenas na sua intercessão junto do Filho. Ela exerce sobre os homens remidos outra influência importantíssima, a do exemplo, segundo a conhecida máxima: as palavras movem, o exemplo arrasta. Realmente, tal como os ensinamentos dos pais adquirem maior eficácia quando são acompanhados pelo exemplo duma vida conforme às normas da prudência humana e cristã, assim também a suavidade e o encanto das excelsas virtudes da Imaculada Mãe de Deus atraem irresistivelmente as almas para a imitação do divino modelo, Jesus Cristo, de que Ela foi a mais perfeita imagem.

A verdadeira devoção a Maria Santíssima leva à imitação das suas virtudes

Mas nem a graça do divino Redentor nem a poderosa intercessão de sua e nossa Mãe espiritual poderiam conduzir-nos ao porto da salvação, se a tudo isso não correspondesse a nossa perseverante vontade de honrar Jesus Cristo e a Virgem Mãe de Deus com a fiel imitação das suas sublimes virtudes.

É, pois, dever de todos os cristãos imitar religiosamente os exemplos de bondade que lhes deixou a Mãe do Céu. É esta a segunda verdade sobre a qual nos agrada chamar a vossa atenção. É em Maria que os cristãos podem admirar o exemplo que lhes mostra como realizar, com humildade e magnanimidade, a missão que Deus confiou a cada um neste mundo, em ordem à sua eterna salvação e à do próximo.

Uma mensagem de suma utilidade parece chegar hoje aos fiéis da parte d’Aquela que é a Imaculada, a toda santa, a cooperadora do Filho na restauração da vida sobrenatural das almas. A santa contemplação de Maria incita-os, de facto, à oração confiante, à prática da penitência, ao santo temor de Deus, e recorda-lhes com frequência aquelas palavras com que Jesus Cristo anunciava estar perto o reino dos Céus: Arrependei-vos e acreditai no Evangelho, bem como a sua severa advertência: Se não vos arrependerdes, perecereis todos de maneira semelhante.

Convite a renovar a consagração pessoal ao Coração Imaculado de Maria

Comemorando-se este ano o vigésimo quinto aniversário da solene consagração da Igreja a Maria Mãe de Deus e ao seu Coração Imaculado, feita pelo Nosso Predecessor Pio XII no dia 31 de Outubro de 1942, por ocasião da Rádio-Mensagem à Nação Portuguesa – consagração que Nós mesmo renovámos no dia 21 de Novembro de 1964 – exortamos todos os filhos da Igreja a renovar pessoalmente a sua própria consagração ao Coração Imaculado da Mãe da Igreja e a viver este nobilíssimo acto de culto com uma vida cada vez mais conforme à vontade divina, em espírito de serviço filial e devota imitação da sua celeste Rainha.

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