As n As nossas RAÍZES
As raízes são órgãos essenciais
das plantas. Por elas entram a água e os nutrientes sem os quais não viveriam.
Muitas acumulam reservas nutritivas para períodos difíceis. Nem sempre as
vemos. Nem sempre pensamos na sua importância para combater a erosão dos solos
ou a fixação das areias ou a retenção das águas pluviais. Escondidas. Umas
seguem, terra abaixo, direitas, mais ou menos profundas. Outras espraiam-se
pelo solo à superfície ou em profundidade.
São, assim, e de forma muito
resumida, as raízes.
São, assim, as raízes de cada um
de nós. Sempre presentes. Discretas. Tantas em silêncio mas nunca ausentes.
Moldam-nos. Preparam o nosso Futuro. Fazem parte de nós.
Infelizmente, nestes nossos dias
que correm velozes, há uma “ brigada” activa e presente em todos os meios para
“ secar” as nossas raízes. Esquecer ou, melhor, bloquear o seu conhecimento.
Quantas crianças e jovens, sobretudo das urbes “ apartamentizadas”, sem serões ou
férias dialogantes, já ouviram estórias dos avós, dos avós maternos e paternos,
de quem eram, o que faziam, como viviam ou como pensavam? Tantos e tantos não
convivem com as suas raízes visíveis, os avós. Muitos, mesmo bastantes, nem o
nome dos avós conhecem. Secaram-lhes as raízes. Cortaram-nas cerces para que a
“ seiva” da memória que deveria subir pela sua vida e animá-la, não possa
cumprir a sua missão: ajudar a viver com a memória das diferentes geografias
humanas que nos fazem homens e mulheres.
As nossas raízes são como um GPS da nossa vida: indicam-nos as
coordenadas da nossa localização espiritual, social, cultural, económica, etc. São a nossa memória , ajudando-nos a estar
enraízados no tempo tal como as raízes das plantas que os ventos sacodem e
abanam por vezes fortemente, mas quase sempre resistem.
Conhecer e amar as nossas raízes impede que a erosão provocada pelos ares
deletérios que procuram destruir a Família não atinjam a célula primeira e base
de toda a sociedade , a Família.
Impedir que cortem as nossas
raízes também nos permite alimentar-nos dos valores que fizeram a Família e a
sociedade de que fazemos parte, como a seiva que das raízes sobe até à última
folha da copa, os netos, bisnetos …
… E como podemos viver, perdidos neste oceano
do caos em que se transformou o mundo de hoje?
A quantas crianças e jovens é
negado o direito natural de conhecer o seu Pai, um homem, e a sua Mãe, uma
Mulher!
Se o cantor cantava “ que não há machado que corte a raiz ao pensamento”, também não podemos permitir que qualquer machado corte as raízes da
nossa Família e da sociedade em que vivemos, condição de sobrevivência familiar
e social.
Num poema que publiquei em “
SUITE LUSITANA” ( p.39) escrevi:
Família
Profundas raízes
(Em busca da memória),
Braços robustos
Abertos à vida
( Devir da história),
Prenhes de esperança
E Futuro,
Que o Amor ,
( Seiva ,flor e fruto),
Alimenta.
Renova
E fecunda,
.
Carlos Aguiar Gomes
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