sexta-feira, 21 de janeiro de 2022

UMA IGREJA EM SAÍDA … POIS, CLARO!

 

UMA IGREJA EM SAÍDA … POIS, CLARO!

 

   …Pois, claro que estou de acordo! A Igreja ( Corpo Místico e Povo de Deus) tem de cumprir o mandato: “Ide e anunciai a Boa Nova!”. Só em saída para o anúncio. Não compreendo uma Igreja fechada, ensimesmada.

   Foi para sair, renovar na fidelidade à Tradição, que se fez o II Concílio do Vaticano.

   Sou “ filho da Igreja” desde o dia 30 de Junho de 1945.Cresci (não muito, diga-se de passagem!) não à sombra da Igreja, mas na e com a Igreja. Aprendi muito e ainda sei muito pouco por ser um cristão em conversão permanente. Sei que sei muito pouco. Nunca me deixei ficar de braços cruzados. O livro que tenho mais “ maltratado” é o que contém todos os textos do grande Concílio, sobretudo alguns desses textos estão todos sublinhados e anotados.

Li e estudei todas (ou quase todas) as grandes Encíclicas e outros documentos do Magistério, sobretudo os que se referem às questões da Vida Humana e da Família ( antes e depois do Concílio). Li e aderi sem reservas à contestada Humana vitae. Escandalizava-me e revoltava-me a recusa em obedecer por parte de leigos e hierarquia e à contestação brutal que foi feita, por exemplo, a esta Encíclica de Paulo VI. Mas reconfortava-me a palavra dos Papas e de muitos Bispos e Leigos a defender os valores contestados. Nunca ninguém ficava em silêncio cúmplice  Agora… agora é o que se vê. Vou dar três exemplos que me chocam enormemente e que me levam a pensar muito seriamente que eu já não pertenço a esta nova Igreja.

 Vou dar alguns exemplos, poucos, mas para mim muito significativos e que espelham o meu descontentamento e a considerar-me que me querem pôr em saída, na rua. Sinto profunda dor. Sei que não estou só

1.       Bento XVI, Papa, no sentido de apaziguar e respeitar a saudável diversidade quanto ao uso do Rito Tridentino (recuso-me a referir “ Missa de sempre” ou expressões assim), publicou um Motu próprio – “ Summorum Pontificum “ – que se foi acolhido por uma minoria de hierarcas, foi combatido profundamente e, em inúmeros casos, proibido quando não o podia ser. Criaram-se obstáculos sem fim. Por exemplo, em França, S. Germain-en-Laye, os fiéis que preferem o Rito Tridentino têm que celebrar à porta da igreja, pois estão interditados de lá celebrarem a sua fé no interior. O Papa Francisco publicou um Motu próprio – “ Traditiones custodes “ – apagando o Motu proprio atrás referido e a Congregação competente, em 18 de Dezembro pp ainda restringe mais com uma linguagem imprópria de um cristão. Não sigo o Rito Tridentino com o qual fui educado até aos meus 19 anos. Será assim tão mau? Não compreendo. Não posso aceitar e sinto-me “ amparado” por aqueles que contestaram e exorbitaram poderes para a não aplicação do Summorum pontificum!

2.       Todos sabemos que Biden se diz católico e defensor e promotor do aborto nos EUA e fora deste país que administra. Todos sabemos, e a doutrina não foi revogada e que remonta à Igreja primitiva e é baseada na Sagrada Escritura, ensina que quem provocar livre e conscientemente um aborto ou nele colaborar, incorre em excomunhão ipso facto incurrenda, isto é, não carece de uma sentença explícita e específica. Logo, Biden, está excomungado. Como pode receber a sagrada comunhão? Como pode ser estimulado a continuar assim, como ouviu do Papa Francisco recentemente em visita à Santa Sé? Não posso compreender. Não posso aceitar que se defenda o contrário da doutrina de sempre sobre a dignidade da vida do nascituro! ( Agora, quem corre o risco de ser excomungado, sou eu, mas não me aflige nada essa excomunhão!). Ando desde 1972 na luta pelo Direito à Vida. Ao ver o que se vê e ouve, querem- me dizer que estive errado. Tenho do meu lado grandes Homens como, o gigante entre todos, S. João Paulo II, Magno ou o Professor Jérôme Lejeune e o Papa Francisco não tem poupado palavras de condenação do aborto. Vou continuar assim não por birra mas por pura e profunda convicção. Não compreendo nem aceito que os “ Biden”s deste tempo possam ser incentivados a serem promotores do aborto.

3.       A última: a revista dos jesuítas – Civiltà Cattolica – no seu último número, publicou um artigo – “ O debate parlamentar sobre o “ suicídio assistido” -  assinado por Carlo Casalone, um jesuíta que ocupou e ocupa funções de grande relevo e responsabilidade em que , no final de contas, aceita a eutanásia. Em Itália, mais de 60 (sessenta) organizações já protestaram contra o artigo e, sobretudo, pelo grande silêncio que o cobriu. Não compreendo. Não aceito o teor do artigo que li na íntegra, não compreendo, absolutamente, o silêncio que se ouve como anuência!

Uma Igreja em saída … pois, claro! Como sempre me considerei Igreja, desde que tomei consciência da minha condição de baptizado, estou em saída. Mas não tenho mais capacidade de aguentar tanto caos, indefinição e incoerência. Ainda não saí! Já agora espero pela excomunhão e continuarei a arrepender-me das minhas faltas e pecados. Não abdicarei, jamais, da defesa dos chamados “ Princípios Inegociáveis”: A DIGNIDADE DA VIDA HUMANA ( da concepção até à morte natural); a FAMÍLIA e a liberdade de educação.

Carlos Aguiar Gomes

 

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